06/11 : Dia da Malária nas Américas 2025
Celebrado anualmente em 6 de novembro, o Dia da Malária nas Américas é uma oportunidade para os países da Região incentivarem a participação e fortalecerem o comprometimento de vários atores na luta contra a doença.
A data, em 2025, é um convite à ação para garantir que o tratamento da malária esteja ao alcance de todas as comunidades como um bem público, sem barreiras geográficas, financeiras ou de qualquer outra natureza.
É fundamental envolver as próprias comunidades e todos os afetados em uma aliança nacional, liderada e coordenada pelos Ministérios da Saúde dos países, como ponto de partida para assegurar o diagnóstico e o tratamento em todos os serviços de saúde das áreas endêmicas.
A malária, também conhecida como impaludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, além de nomes populares como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre, é uma doença infecciosa causada por um parasito do gênero Plasmodium transmitido para humanos pela picada de fêmeas dos mosquitos Anopheles (mosquito-prego), infectadas.
Todos os anos, cerca de 250 milhões de pessoas são acometidas, resultando em 1 milhão de mortes em todo o mundo, aproximadamente. Quase que a cada minuto, uma criança morre de malária, apesar de a doença ser prevenível e tratável.
É considerada um grave problema de saúde pública globalmente, sendo um dos agravos de maior impacto na morbidade e na mortalidade da população dos países situados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 263 milhões de casos de malária foram registrados em 2023 em 83 países endêmicos. Em 2022 ocorreram 252 milhões de casos e 600.000 óbitos.
A condição afeta desproporcionalmente aqueles que estão em maior risco por outros grandes desafios globais: pobreza, crise de refugiados, mudanças climáticas e desigualdades galopantes no acesso a serviços de saúde de qualidade – uma injustiça histórica que reflete as desigualdades na sociedade. Mulheres grávidas, crianças e pessoas deslocadas são as mais vulneráveis.
Segundo a OMS, Brasil, Colômbia e República Bolivariana da Venezuela respondem por mais de 86% do total de casos na região das Américas.
No Brasil, a maioria dos casos se concentra na área amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Na região extra-amazônica, composta pelas demais unidades federativas, apesar das poucas notificações, a doença não pode ser negligenciada, pois a letalidade é maior.
No País, a ocorrência é fundamentalmente rural, porém, na periferia de áreas urbanas, principalmente em municípios amazônicos, inclusive de grandes cidades, vem ocorrendo transmissão da doença, essencialmente onde há ocupações irregulares, sem saneamento básico e infraestrutura, o que propicia a proliferação do vetor.
Transmissão:
A malária é transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou mais espécies de protozoários do gênero Plasmodium – existem mais de cem tipos de plasmódio, mas, dentre os que infectam o homem, quatro são os mais importantes: Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale.
A transmissão pode ocorrer, essencialmente, pela picada do mosquito ou ainda, por transfusão de sangue contaminado, para o feto através da placenta (congênita) ou pelo uso de seringas infectadas.
Os mosquitos transmissores são mais abundantes nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno.
Após a picada do mosquito contaminado, os parasitas chegam rapidamente ao fígado, onde se multiplicam de forma intensa e veloz. Em seguida, já na corrente sanguínea, invadem os glóbulos vermelhos do sangue e, em constante multiplicação, começam a destruí-los. A partir desse momento, aparecem os primeiros sintomas da doença.
Os locais preferidos escolhidos pelos mosquitos transmissores da malária para colocar seus ovos (criadouros) são coleções de água limpa, sombreada e de baixo fluxo, muito frequentes na Amazônia Brasileira. O ciclo se inicia quando o mosquito pica um indivíduo com malária sugando o sangue com parasitos (plasmódios). No mosquito, os plasmódios se desenvolvem e se multiplicam. O ciclo se completa quando estes mosquitos infectados picam um novo indivíduo, infectando a pessoa com os parasitos.
Desta forma, o ciclo de transmissão envolve: o plasmódio (parasito), o anofelino (mosquito vetor) e humanos. É importante ressaltar que a doença não é contagiosa – uma pessoa doente não é capaz de transmitir malária diretamente a outra.
Sintomas:
A principal manifestação clínica da malária em sua fase inicial é a febre, associada ou não a calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre corresponde ao momento em que as hemácias (glóbulos vermelhos) estão se rompendo. A pessoa que contrai a doença pode ter também, dentre outros sintomas, vômitos, diarreia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira e sensação de cansaço. Dependendo do tipo de malária, esses sintomas se repetem a cada dois ou três dias.
A malária grave caracteriza-se por um ou mais dos sinais e sintomas abaixo:
– Prostração;
– Alteração da consciência;
– Dispneia (dificuldade de respirar) ou hiperventilação (excesso de oxigênio nos pulmões);
– Convulsões;
– Hipotensão arterial (pressão baixa) ou choque (baixo fornecimento de oxigênio para os órgãos);
– Hemorragias.
Tratamento:
A malária é uma doença curável, mas pode evoluir para formas graves em poucos dias, caso não seja diagnosticada e tratada rapidamente. Deve ser considerada uma emergência médica, principalmente quando causada pelo Plasmodium falciparum.
Após a confirmação do diagnóstico, o paciente recebe tratamento em regime ambulatorial, com medicamentos fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.
O tratamento a ser adotado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.
Diagnóstico oportuno seguido imediatamente de correta terapia são os meios mais efetivos para interromper a cadeia de transmissão e reduzir a gravidade e a letalidade por malária. Quando realizado de maneira adequada, o tratamento garante a cura da doença.
Obs.: diagnóstico e tratamento tardios podem resultar no agravamento da doença, com quadros de anemia grave, insuficiência renal e hepática, coma, dentre outras complicações clínicas, podendo comprometer praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo. Crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas ou debilitadas por outras condições são mais vulneráveis, entretanto, qualquer pessoa que esteja se infectando pela primeira vez pode desenvolver formas graves.
Prevenção e controle:
As medidas de proteção individual são o meio mais efetivo de prevenção, considerando-se que ainda não existe uma vacina disponível. As ações têm como objetivo principal impedir ou reduzir a possibilidade de contato do homem com o mosquito transmissor e incluem:
– Não frequentar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rios ou áreas alagadas, no final da tarde até o amanhecer, pois nesses horários há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando;
– Diminuir ao mínimo possível a extensão das áreas descobertas do corpo, utilizando calças e camisas de mangas compridas;
– As partes descobertas do corpo devem estar sempre protegidas por repelentes, que também devem ser aplicados sobre as roupas;
– Utilizar cortinados e mosquiteiros impregnados com inseticidas, sobre a cama ou a rede, telas em portas e janelas e inseticida no ambiente onde se dorme.
As medidas de prevenção coletiva envolvem:
– Borrifação residual intradomiciliar;
– Uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração;
– Drenagem e aterro de criadouros;
– Obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;
– Limpeza das margens dos criadouros;
– Modificação do fluxo da água;
– Controle da vegetação aquática;
– Melhoria das condições de moradia e de trabalho;
– Uso racional da terra.
De forma preventiva, em situações específicas, médicos especializados no aconselhamento a viajantes podem prescrever a quimioprofilaxia da malária – uso de medicamentos antimaláricos para uma malária que ainda não se contraiu e que não se sabe se vai ser contraída –, impedindo a multiplicação do parasita no sangue. Porém, essa medida não evita a infecção e deve ser feita estritamente dentro das orientações médicas recebidas.
No que se refere às políticas públicas, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Prevenção, Controle e Eliminação da Malária (PNCEM), vem atuando para reduzir a morbimortalidade da doença e a gravidade dos casos, estimulando a interrupção da transmissão, a fim de eliminá-la e mantê-la eliminada em localidades que alcançaram esse objetivo.
O PNCEM é alicerçado em componentes que correspondem às estratégias de intervenção a serem implantadas ou fortalecidas, de forma integrada, de acordo com as características da malária em cada área:
– Apoio à estruturação dos serviços locais de saúde;
– Diagnóstico e tratamento;
– Fortalecimento da vigilância;
– Capacitação de recursos humanos;
– Educação em saúde, comunicação e mobilização social;
– Controle seletivo de vetores;
– Pesquisa;
– Monitoramento do Programa Nacional de Prevenção, Controle e Eliminação da Malária;
– Sustentabilidade política.
Os dois últimos componentes se referem a importantes elementos para aceleração e sustentação do controle e da eliminação da doença.
Em alusão ao Dia da Malária nas Américas a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) promove um webinário comemorativo:
Data: 07 de novembro de 2025
Horário: 15:00h às 17:00h (Hora de Brasília, Brasil)
Inscrições disponíveis na Plataforma Zoom
Transmissão ao vivo pelo Canal da OPAS no YouTube
Fontes:
Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo (Proepi)
Dr. Dráuzio Varella
Ministério da Saúde
Nações Unidas: Brasil
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS)
United to Beat Malaria
Publicado: Thursday, 01 de January de 1970