O sangue de cordão umbilical é aquele encontrado no interior do cordão umbilical, que liga o recém-nascido à placenta. Após o nascimento do bebê, a placenta e o sangue do cordão umbilical são, rotineiramente, descartados. Porém, o sangue que resta neste material é extremamente rico em células jovens, imaturas e com capacidade de dar origem a todas as células do sangue. Essas células são capazes de produzir os elementos sanguíneos (hemácias, leucócitos e plaquetas) essenciais para o transplante de medula óssea.
Existem muitas doenças graves cujo tratamento necessita do transplante deste tipo de célula e, durante vários anos, a única fonte era a medula óssea. Mas, para que o transplante de medula possa ter sucesso, é necessário que ela seja o mais compatível possível com o paciente e, achar um doador assim é muito difícil, mesmo na própria família.
O sangue de cordão tornou-se, nos últimos anos, importante fonte de obtenção destas células. É um material facilmente obtido e manipulável, que não necessita ser totalmente compatível com o receptor, como no caso da medula óssea, sendo baixa a possibilidade de rejeição.
Como qualquer outra doação, a opção de doar o sangue do cordão também deve ser voluntária. Existem as opções de doação para banco público, onde o material pode ser utilizado por qualquer paciente que necessite de um transplante ou pode ser feita a doação familiar direcionada, onde o sangue pode ser utilizado em benefício de alguém da família que precise do transplante. Nesse caso, é a mãe do bebê que autoriza.
Vantagens e desvantagens do sangue de cordão:
A principal vantagem é que as células do cordão estão imediatamente disponíveis. Não há necessidade de localizar o doador e submetê-lo à retirada da medula óssea. Além disso, não é necessária a compatibilidade total entre o sangue do cordão e o paciente. Com o uso do cordão umbilical é permitido algum nível de não compatibilidade, ao contrário do transplante com doador de medula óssea, que exige compatibilidade total.
A maior desvantagem é a dose de utilização, uma vez que a doação ocorre em uma única coleta (sem possibilidade de nova coleta) e o volume é restrito. Por isso, o número de células-tronco pode ser limitado. Assim, existe um limite de peso para o paciente, em função da quantidade de células-tronco retiradas do sangue do cordão. Os pacientes precisam ter entre 50kg e 60kg. No entanto, hoje se utiliza uma técnica de adicionar dois cordões para um mesmo paciente, o que proporciona o uso em adultos com maior peso.
Quem pode ser beneficiado:
O sangue do cordão é uma das fontes de células-tronco hematopoiéticas para o transplante e este é o único uso deste material atualmente. O transplante é indicado para pacientes com leucemias, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune.
Como é feita a coleta:
A coleta do sangue do cordão ocorre após o nascimento do bebê, durante o período em que ele está recebendo os primeiros cuidados pelo pediatra, e o médico está aguardando a saída da placenta do organismo materno. A coleta, portanto, não interfere no trabalho de parto e nem na saúde do bebê ou da mãe.
Antes de ser congelado (criopreservado), o sangue doado é testado para doenças infecciosas, sua vitalidade e capacidade de proliferação são avaliadas e é feita a determinação da tipagem HLA (compatibilidade necessária nos transplantes de medula). Também será coletado sangue da doadora para investigar doenças infectocontagiosas (Chagas, sífilis, HIV, hepatites, etc.). Estando todos os resultados normais, o material já pode ser liberado para transplante.
Como fazer a doação:
A doação do cordão umbilical do recém-nascido para um Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário é voluntária e autorizada pela mãe do bebê. As unidades armazenadas ficam disponíveis para qualquer pessoa que precise do transplante de medula óssea, indicação para pacientes com doenças do sistema sanguíneo e imune.
Os Bancos Públicos da Rede BrasilCord mantêm convênio com determinadas maternidades para coleta dos cordões. As doações só podem ser realizadas nesses hospitais conveniados, onde existem equipes treinadas para realizar a abordagem da gestante, acompanhamento da gestação e coleta do material no momento do nascimento da criança.
O Dia Nacional de Doação de Cordão Umbilical é uma data comemorativa em saúde instituída pela Lei nº 13.309/2.016, com o objetivo de estimular esse tipo de doação, pois o material que seria jogado fora tornou-se, em alguns casos, a única chance de transplante para vários doentes.
Fontes:
Associação da Medula Óssea
Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) – Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Telessaúde de Sergipe