O consumo abusivo de álcool (assim como das demais drogas lícitas e ilícitas) está presente em todos os contextos sociais, assim como nas distintas faixas etárias. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o consumo de álcool pode causar mais de 200 doenças e lesões.
A Região das Américas é a segunda maior em consumo de álcool, depois da Região Europeia. Prevê-se que o consumo de álcool aumente se políticas mais eficazes não forem implementadas.
Fatos importantes destacados pela OPAS:
– O álcool foi responsável por 5,5% de todas as mortes nas Américas e por 6,7% de todos os anos de vida ajustados por incapacidade.
– 54% da população total são usuários atuais, 29% são abstêmios vitalícios e 17% são ex-usuários.
– Menos pessoas estão bebendo atualmente, mas aqueles que bebem o fazem em maior quantidade.
– O consumo anual per capita entre maiores de 15 anos foi de 8,0 litros.
– Em média, cada usuário toma 2,3 doses* todos os dias do ano. Entre os consumidores do sexo masculino, a média é de 4,3 doses diárias. Entre as mulheres, é de 1,4 drinques por dia, todos os dias do ano.
– 40,5% de todos os que bebem atualmente, o fazem de forma ocasional e pesada (bebem pelo menos 5 doses por ocasião, pelo menos uma vez por mês).
– 21,3% da população total com mais de 15 anos bebem muito ocasionalmente.
– 18,3% dos adolescentes de 15 a 19 anos bebem muito ocasionalmente.
– 8,2% da população geral com mais de 15 anos tem transtorno por uso de álcool.
*Uma bebida padrão, equivalente a 250 ml de cerveja, 230 ml de cidra, 100 ml de vinho ou 31 ml de bebida destilada contém 10 gramas de álcool puro.
Do ponto de vista médico, o alcoolismo é uma doença crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, na qual o usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais e sintomas de abstinência, quando a mesma é retirada. Além dos fatores ambientais, há evidências claras de que alguns fatores genéticos aumentam o risco de contrair a doença.
Uma das características mais importantes do alcoolismo é a negação de sua existência por parte do usuário. Raros são aqueles que reconhecem o uso abusivo de bebidas, passo considerado essencial para livrarem-se da dependência.
O abuso da droga está associado ao risco de desenvolvimento de problemas de saúde, tais como distúrbios mentais e comportamentais, incluindo dependência, doenças não transmissíveis graves, como cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, bem como lesões resultantes de violência e acidentes de trânsito.
Além dos problemas de saúde, há também consequências sociais e econômicas, como desemprego, rompimento de vínculos familiares, violência doméstica, entre outros.
Para superar a dependência química, o usuário precisa receber atendimento multidisciplinar, unindo recursos de médicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e outros especialistas.
As recomendações atuais para tratamento do alcoolismo, envolvem:
Desintoxicação: Geralmente realizada por alguns dias, sob supervisão médica, permite combater os efeitos agudos da retirada do álcool. Dados os altíssimos índices de recaídas, no entanto, o alcoolismo não é doença a ser tratada exclusivamente no âmbito da medicina convencional;
Reabilitação: Depois de controlados os sintomas agudos da crise de abstinência, os pacientes devem ser encaminhados para programas de reabilitação, cujo objetivo é ajudá-los a viver sem álcool na circulação sanguínea.
Para que o tratamento tenha sucesso é fundamental a participação dos familiares e amigos próximos. Nesse contexto, um dos mais importantes movimentos para combater o alcoolismo são os Alcoólicos Anônimos (AA), comunidades de voluntários, formadas por pessoas que conseguiram se livrar do vício e que se reúnem para alcançar e manter a sobriedade, por meio dos Doze Passos para a abstinência total de ingestão de bebidas alcoólicas. Há, ainda, Grupos Familiares Al-Anon, associação dedicada a dar apoio e orientação aos familiares dos dependentes do álcool.
O alcoolismo é considerado um problema de saúde pública e deve ser abordado na Atenção Primária à Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento aos dependentes químicos com acompanhamento adequado.
No SUS, o cuidado ao usuário de álcool envolve o atendimento em seu território pela equipe da Estratégia Saúde da Família em Unidade Básica de Saúde e, em casos de maior gravidade, assim como nos momentos de crise, por meio dos serviços da rede de atenção à saúde: Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPSad), no nível secundário da assistência ou, em casos extremos, no nível terciário, que dispõe de leitos para internação de dependentes químicos.
O Dia do Alcoólico Recuperado, celebrado em 9 de dezembro, é uma data comemorativa instituída, inicialmente, no município de São Paulo e, estendida para todo o país, com o objetivo de promover mobilização em favor do controle da doença alcoolismo e em alusão a todos os que conseguem se recuperar da dependência do álcool.
Fontes:
Dr. Dráuzio Varella
Federação Médica Brasileira
Hospital Espírita de Porto Alegre (RS)
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)
Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo