A Terapia Assistida por Animais (TAA) é um recurso terapêutico que utiliza a relação humano-animal na promoção da saúde física, social e emocional, bem como para melhorar as funções cognitivas dos pacientes.
Numa abordagem interdisciplinar entre as áreas de saúde, educação e equitação, a terapia com cavalos é indicada como tratamento complementar para crianças e adultos com necessidades especiais, físicas, intelectuais e, ainda, nos transtornos de desenvolvimento, síndromes genéticas, distúrbios de aprendizagem, hiperatividade, déficit de atenção, depressão, estresse, fobias, medos e agressividade.
O Dia Nacional da Equoterapia é uma data comemorativa instituída pela Lei nº 12.067/2009, com o objetivo de difundir essa importante modalidade terapêutica.
A prática da Equoterapia objetiva a obtenção de benefícios físicos, psíquicos, educacionais e sociais e está indicada para os seguintes quadros clínicos:
– Doenças genéticas, neurológicas, ortopédicas, musculares e clínico-metabólicas;
– Sequelas de traumas e cirurgias;
– Doenças mentais, distúrbios psicológicos e comportamentais;
– Distúrbios de aprendizagem e de linguagem.
Os benefícios da equoterapia:
– mobilização pélvica, da coluna lombar e articulações do quadril;
– melhora do equilíbrio e da postura;
– desenvolvimento da coordenação de movimentos entre tronco, membros e visão; estimulação da sensibilidade tátil, visual, auditiva e olfativa, com melhora da integração sensorial e motora.
A interação com o cavalo, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, o ato de montar e o manuseio final desenvolvem, ainda, novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.
O cavalo como instrumento terapêutico:
Quando uma pessoa está a cavalo a primeira manifestação é o ajuste tônico. Na verdade, o cavalo nunca está totalmente parado. A troca de apoio das patas, o deslocamento da cabeça ao olhar para os lados, as flexões da coluna, o abaixar e o alongar do pescoço, etc., impõem ao cavaleiro um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder aos desequilíbrios provocados por esses movimentos.
O ajuste tônico, movimento automático de adaptação, torna-se rítmico, com o deslocamento do cavalo ao passo. A adaptação ao ritmo é uma das peças mestras da equoterapia. O passo regular do cavalo determina um ritmo que se torna, para o cavaleiro, um embalo. O ritmo do cavalo ao passo se situa numa frequência que pode variar entre 40 e 78 batidas por minuto (passo muito alongado e muito curto) que terá uma utilização terapêutica, conforme a necessidade do praticante.
Esse movimento de adaptação ritmado determina uma mobilização osteo-articular que facilita um grande número de informações proprioceptivas provenientes das regiões articulares, musculares, peri-articulares e tendinosas que provocam, na posição sentada sobre o cavalo, novas informações bastante diferentes das que são habitualmente fornecidas à pessoa na posição em pé, sobre os pés.
Essas novas informações permitem a criação de esquemas neuromusculares, pois a adaptação do cavaleiro ao ritmo do passo do cavalo exige contração e descontração simultânea dos músculos agonistas.
Por outro lado, o efeito do movimento tridimensional do dorso do animal, somado aos multidirecionais determina uma ação produzida pelo movimento do cavalo e o ritmo de seu passo, que o tornam um instrumento cinesioterapêutico.
Cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes aos do caminhar humano: impõe deslocamento da cintura pélvica da ordem de 5 cm nos planos verticais, horizontais e sagitais e uma rotação de 8 graus para um lado e para o outro. O cavalo, ao deslocar-se, exige do cavaleiro ajustes tônicos para adaptar seu equilíbrio a cada movimento.
Cada passo do cavalo produz de 1 a 1,25 movimentos por segundo. Em 30 minutos de trabalho, o cavaleiro executa de 1.800 a 2.250 ajustes tônicos. Os deslocamentos da cintura pélvica produzem vibrações nas regiões osteo-articulares que são transmitidas ao cérebro, via medula, com a frequência de 180 oscilações por minuto, o que já foi apontado como sendo a mais adequada à saúde.
Movimentos conjugados:
– guiar o cavalo por uma linha longa e reta provoca movimentos de flexão e extensão para o praticante;
– o alongar e o encurtar do passo do cavalo no movimento andar-parar-andar, facilita o controle do tronco, movimentos da pelve para frente e para trás com transições entre impulsos fortes e fracos;
– movimentos no plano frontal auxiliam flexões laterais do praticante, alongando e encurtando a musculatura do tronco e o deslocamento de peso;
– o cavalo andando em curva faz aumentarem os movimentos de rotação da pelve;
– o cavalo andando em círculo faz o praticante inclinar-se para o lado externo da curva (impulso força centrifuga), deslocando o peso para fora da linha média, fazendo-o alongar o tronco de um lado e contraí-lo do outro;
– curvas suaves combinadas com mudanças de direção, alterando o peso do praticante através da linha média provocam flexões laterais de um lado para outro;
– a condução do cavalo ora com passos largos, ora curtos e com alterações de velocidade, fazem com que o praticante controle o tronco e o equilíbrio na direção anterior e posterior.
Nesses movimentos o praticante é estimulado a reagir com retificações posturais automáticas, passando a antecipar e a seguir mecanismos de ajuste na postura.
Esse conjunto de atividades exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, do relaxamento, da conscientização sobre o próprio corpo e do aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio.
Obs.: O atendimento equoterápico só deverá ser iniciado mediante parecer favorável em avaliação médica, psicológica e fisioterápica.
Fontes:
ANUNCIAÇÃO, Silvio. Equoterapia estimula crianças com autismo. Universidade Estadual de Campinas
Associação Brasileira da Síndrome de Williams
Associação Nacional de Equoterapia
Centro de Integração Raio de Sol (CIRAS – Sergipe)
NICOLETTI, Maria Aparecida; RODRIGUES MANUEL, Priscila. Terapia assistida por animais (TAA) ou atividade assistida por animais (AAA): incorporação nas práticas integrativas e complementares no SUS. Infarma: Ciências Farmacêuticas, Brasília, v. 31, n. 4, p. 248-258, dec. 2019
Sociedade Hípica Paulista