10/11 – Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez 2025
Com o objetivo de educar, conscientizar e prevenir problemas relacionados à saúde auditiva, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria de Consolidação nº 1/2017, art. 527, instituiu o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, a ser comemorado em 10 de novembro, anualmente.
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o primeiro Relatório Mundial sobre Audição (disponível em inglês), que apresenta dados alarmantes estimando que, em 2050, cerca de 2,5 bilhões de pessoas viverão com certo grau de deficiência auditiva e dessas, no mínimo 700 milhões precisarão de serviços voltados para sua recuperação. Presume-se que uma entre quatro pessoas terão problemas auditivos em 2050.
O documento ressalta a necessidade de intervenções e a importância de mitigar a exposição a sons altos, pois o ruído é um dos sete principais fatores de risco para a perda auditiva. Indica, ainda, a carência de investimentos necessários à formulação de políticas públicas com cobertura universal preventiva, para a integração dos cuidados auditivos e que priorizem a atenção à necessidade das pessoas que vivem com perda auditiva não tratada e doenças do ouvido.
No Brasil, aproximadamente, 5,8 milhões de indivíduos têm algum grau de surdez, caracterizada como dificuldade ou impossibilidade de ouvir.
A audição é constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno, onde as ondas sonoras são transformadas em estímulos elétricos e enviadas ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento daquilo que se ouve.
Hipoacusia é o termo médico para a perda parcial ou total da audição, que pode afetar um ou ambos os ouvidos e variar de leve a grave. Segundo a OMS, uma pessoa tem perda auditiva quando não é capaz de ouvir tão bem quanto alguém cuja audição é normal, ou seja, quando o limiar auditivo de ambas as orelhas é igual ou superior a 25dB. Abaixo de 25dB é considerado, portanto, audição normal.
A surdez pode ter diferentes graus, tipos e causas. Pode ser congênita ou adquirida, temporária e reversível ou uma condição permanente. Seus prejuízos são diversos e, comumente, provoca alterações na comunicação com grande impacto na saúde e na qualidade de vida, no desenvolvimento acadêmico e nas relações de trabalho das pessoas acometidas.
Quanto ao grau, a perda auditiva pode ser leve, moderada, severa ou profunda, afetando apenas um ou ambos os ouvidos (uni ou bilateral) e pode causar dificuldade para ouvir uma conversa ou mesmo sons altos.
Pessoas de todas as idades perdem gradualmente a capacidade de ouvir, muitas vezes devido ao processo de envelhecimento natural ou a exposição prolongada ao ruído alto.
A perda da audição pode estar relacionada a fatores como, infeções por vírus ou bactérias, doenças cardíacas, diabetes, acidentes vasculares cerebrais, traumas na cabeça, tumores e uso de alguns medicamentos que são tóxicos ao órgão auditivo. Recentemente foram identificados fatores genéticos que favorecem alguns indivíduos a terem piora da audição na fase adulta.
E, ainda, danos a qualquer parte dos sistemas auditivos periféricos e centrais são capazes de causar surdez ou deficiência auditiva, que se divide nos tipos abaixo:
– Condutiva: resulta da obstrução ou de doença da orelha externa ou média que prejudica a transmissão de energia sonora da orelha média para a orelha interna.
– Neurossensorial: resulta de falha na transdução das vibrações em impulsos neurais dentro da cóclea ou na transmissão desses impulsos pelo nervo auditivo.
– Mista: envolve uma combinação dos dois tipos anteriores devido a danos tanto na orelha média como na orelha interna.
– Central: refere-se a defeitos no tronco cerebral ou nos centros de processamento mais avançados do cérebro.
Causas congênitas:
As causas congênitas de surdez relacionam-se a fatores genéticos hereditários e não hereditários ou por complicações durante a gravidez e o parto, incluindo:
– Rubéola materna, sífilis ou outras infecções durante a gravidez;
– Baixo peso ao nascer;
– Hipóxia ao nascimento (falta de oxigênio no momento do nascimento);
– Uso inadequado de alguns tipos de medicamentos durante a gravidez, como aminoglicosídeos, drogas antineoplásicas e citotóxicas, medicamentos antimaláricos e diuréticos;
– Icterícia grave no período neonatal, por prejudicar o nervo auditivo.
Entre as causas adquiridas que podem levar à perda de audição em qualquer idade, destacam-se:
– Doenças infecciosas, incluindo meningite, sarampo e caxumba;
– Infecções crônicas da orelha;
– Acúmulo de líquido na orelha média (otite média);
– Uso de certos medicamentos no tratamento de infecções como malária, tuberculose e câncer;
– Lesão na cabeça ou na orelha;
– Ruído excessivo, incluindo o ruído ocupacional, como o de máquinas e de explosões;
– Exposição recreativa a sons altos, como o uso de dispositivos pessoais de áudio em volumes elevados e por longos períodos de tempo, e frequência regular a concertos de música, discotecas, bares e eventos esportivos;
– Envelhecimento, em particular devido à degeneração de células sensoriais;
– Presença de cera ou de corpo estranho bloqueando o canal auditivo.
Sinais e sintomas da surdez:
– Pedir às pessoas que repitam o que falam ou que falem mais alto;
– Ouvir TV ou música com volume mais alto do que outras pessoas;
– Dificuldade em acompanhar uma conversa;
– Isolar-se ou evitar conversar;
– Ter que se concentrar mais ao conversar com as pessoas;
– Fazer leitura labial para entender o que foi falado;
– Dificuldade de ouvir ao conversar no telefone;
– Dificuldade de se comunicar em locais com muito barulho;
– Não reagir a sons normalmente irritantes;
– Zumbido no ouvido.
Tratamento:
O tratamento da surdez envolve medicamentos, cirurgias e uso de aparelhos, de acordo com cada caso.
Prevenção:
A prevenção de problemas auditivos começa na gestação e antes dela. Ao realizar o acompanhamento pré-natal é possível diagnosticar e tratar doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose, capazes de causar surdez nos bebês. Além disso, as mulheres devem tomar a vacina contra a rubéola antes da adolescência para que durante a gravidez estejam protegidas.
Outras formas de prevenção ao longo da vida, incluem:
– Triagem Auditiva Neonatal (TAN): Conhecido como teste da orelhinha, o exame é feito nos recém-nascidos e permite verificar a presença de anormalidades auditivas;
– Cuidado com objetos pontiagudos, como canetas e grampos, pois podem causar sérias lesões, devendo ser mantidos longe do alcance das crianças;
– Atenção a atrasos no desenvolvimento da fala de crianças. Isso pode indicar problemas auditivos, sendo motivo para uma consulta com um médico especialista;
– Uso de equipamentos de proteção para trabalhadores expostos aos riscos ocupacionais provocados pelo ruído;
– Acompanhamento da saúde auditiva dos trabalhadores, por parte das empresas, visando a eliminação ou redução do ruído no ambiente laboral;
– Evitar ambientes com ruído excessivo, especialmente por tempo prolongado;
– Evitar ouvir música em volume muito alto, especialmente com fones de ouvido;
– Infecções de ouvido, especialmente de repetição, são riscos potenciais de perda auditiva. O ideal é procurar um médico especializado e fazer o tratamento indicado com seriedade, sem automedicar-se;
– Procurar atendimento médico ao perceber alterações na audição, por exemplo, ao notar que está precisando aumentar o volume mais do que o usual.
Importante:
Pessoas surdas enfrentam vulnerabilidades e precisam de maior protagonismo, novas oportunidades, acessibilidade comunicacional com mais participação de tradutores e intérpretes em Língua Brasileira de Sinais (Libras), oferta de educação e saúde bilíngue, além de respeito, compreensão e empatia por parte da sociedade.
Fontes:
Conselho Federal de Fonoaudiologia
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 1ª região
Rede D’Or São Luiz
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Publicado: Thursday, 01 de January de 1970