Ao longo de toda a história da medicina, a sepse e o choque séptico permaneceram como condições de extrema gravidade e sem possibilidade de tratamento eficaz.
Em anos recentes, o conhecimento científico acumulado permitiu pela primeira vez estabelecer um conjunto de medidas que reduzem a mortalidade e os custos hospitalares.
A sepse é responsável por pelo menos 11 milhões de mortes em todo o mundo anualmente. No entanto, dependendo do país e do nível de conhecimento acerca do problema, apenas 7 a 50% das pessoas sabem do que se trata. Da mesma forma, é pouco conhecido que a sepse pode ser prevenida por vacinação e cuidados limpos e que o reconhecimento e o tratamento precoces reduzem a mortalidade em 50%. O seu desconhecimento a torna a principal causa de morte evitável no mundo.
No Brasil, são registrados cerca de 400 mil casos de sepse em pacientes adultos por ano. Desse total, 240 mil morrem, um índice de 60%. Entre as crianças, o número anual de casos é de 42 mil, dos quais 8 mil não resistem, representando um percentual de 19%. O quadro atual mostra que o Brasil tem uma taxa de mortalidade por sepse bem maior do que os países em desenvolvimento, indicando ser necessário haver mais atenção ao problema e mais agilidade no diagnóstico.
Antes conhecida como infecção generalizada ou septicemia, a sepse é uma resposta inadequada do próprio organismo contra uma infecção em qualquer órgão do corpo. Essa infecção pode ser bacteriana, fúngica, viral, parasitária ou por protozoários, e gera uma inflamação para tentar combater o agente infeccioso. Porém, essa resposta pode comprometer o funcionamento de vários órgãos, levando ao que é chamado de disfunção ou falência múltipla de órgãos. Os pacientes podem desenvolver a sepse durante uma internação hospitalar ou chegar ao hospital já em quadro séptico provocado por problemas comuns, como infecção urinária ou pneumonia.
Embora qualquer pessoa possa ter sepse, prematuros, crianças abaixo de um ano, idosos acima de 65 anos, pacientes com câncer, aids ou que fizeram uso de quimioterapia ou outros medicamentos que afetam as defesas do organismo, pacientes com doenças crônicas como insuficiência cardíaca, insuficiência renal, diabetes, usuários de álcool e drogas e pacientes hospitalizados que utilizam antibióticos, cateteres ou sondas, são mais suscetíveis de desenvolvê-la.
Sinais de alerta:
– Temperatura acima de 38°C;
– Diminuição do volume de urina;
– Falta de ar;
– Aumento da frequência cardíaca, conforme a idade de cada paciente;
– Sonolência, confusão mental e/ou agitação;
– Fraqueza extrema;
– Vômito.
O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento, normalmente com uso de antibiótico, são fundamentais para definir o desfecho do caso. O ideal é que as medidas iniciais sejam tomadas na primeira hora de infecção. A chamada “hora de ouro” é fundamental para evitar o comprometimento do organismo, principalmente de órgãos vitais, além de prevenir sequelas, como lesões renais, cardíacas e neurológicas.
O tratamento deve ser feito em ambiente hospitalar. O paciente precisa ser internado, receber hidratação e antibiótico, em conjunto com análises laboratoriais.
Prevenção:
A sepse não ocorre apenas por causa de infecções hospitalares. Bons hábitos de higiene e saúde podem ajudar a evitá-la, bem como não se automedicar nem usar antibióticos sem que sejam necessários e indicados pelo médico.
Lavar as mãos e punhos com água e sabão ou álcool glicerinado a 70%; manter a caderneta de vacinação em dia; não medicar crianças e/ou se automedicar; adotar cuidados básicos de higiene são medidas preventivas e acessíveis.
O Dia Mundial da Sepse, comemorado em 13 de setembro, é uma campanha informativa proposta em 2012 pela Aliança Global para Sepse (Global Sepsis Alliance). Desde então, eventos são realizados com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o problema em todas as partes do mundo.
Durante todo o mês de setembro, o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) coordena as ações voltadas tanto para profissionais da saúde quanto para o público geral, tornando-se um marco na luta contra essa síndrome.
Confira uma série de materiais sobre a sepse organizados pelo ILAS para a campanha do Dia Mundial de 2024!
Fontes:
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)
Global Sepsis Alliance
Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba/PR)
Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)
Santa Casa de Maringá (PR)