O Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado no dia 14 de abril, tem como objetivo aumentar a conscientização sobre essa doença negligenciada. Foi comemorado pela primeira vez em 2020 após a aprovação e endosso recebido pela Assembleia Mundial da Saúde na OMS em maio de 2019.
A campanha, este ano, busca dar visibilidade e atenção à enfermidade e aumentar o nível de conscientização de todos sobre a importância de melhorar a detecção precoce, ampliar a cobertura diagnóstica e o acesso equitativo à atenção clínica.
O tema para 2022 é “Encontrar e relatar todos os casos para derrotar a Doença de Chagas”, pois, em muitos países, há baixas taxas de detecção (<10%, frequentemente <1%) e frequentes barreiras para o acesso a cuidados de saúde adequados.
A Doença é prevalente entre as populações pobres da América Latina continental, mas está sendo cada vez mais detectada em outros países e continentes.
Muitas vezes é referida como uma “doença silenciosa e silenciada”, pois a maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas ou tem sintomas extremamente leves.
Há aproximadamente 6-7 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo e cerca de 30.000-40.000 novos casos, com 10.000 mortes, a cada ano.
Doença de Chagas é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, cujo nome foi dado por seu descobridor, o cientista Carlos Chagas, em homenagem ao também cientista Oswaldo Cruz.
A transmissão se dá pelas fezes que o “barbeiro” deposita sobre a pele da pessoa, enquanto suga o sangue. Geralmente, a picada provoca coceira e o ato de coçar facilita a penetração do tripanossomo pelo local da picada.
O T. cruzi contido nas fezes do “barbeiro” pode penetrar no organismo humano, também pela mucosa dos olhos, nariz e boca ou através de feridas ou cortes recentes existentes na pele. Podemos ter ainda, outros mecanismos de transmissão através de: transfusão de sangue, caso o doador seja portador da doença; transmissão congênita da mãe chagásica, para o filho via placenta; manipulação de caça (ingestão de carne contaminada) e acidentalmente em laboratórios.
Na fase aguda, os principais sintomas são:
– febre prolongada (mais de 7 dias);
– dor de cabeça;
– fraqueza intensa;
– inchaço no rosto e pernas.
Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, porém, algumas pessoas podem apresentar:
– problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
– problemas digestivos, como megacolon e megaesôfago.
Tratamento:
O tratamento da Doença de Chagas deve ser indicado e acompanhado por um médico, após a confirmação da doença. Os medicamentos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, gratuitamente.
Prevenção:
No homem e nos animais o parasita vive no sangue periférico e nas fibras musculares, especialmente as cardíacas e digestivas. Os barbeiros abrigam-se em locais muito próximos à fonte de alimento e podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras. Nas casas escondem-se nas frestas, buracos das paredes, nas camas, colchões e baús, além de serem encontrados em galinheiro, chiqueiro, paiol, curral e depósitos.
A prevenção da Doença de Chagas está intimamente relacionada ao modo de transmissão.
Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da aplicação de inseticidas residuais, feita por equipe técnica habilitada.
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.
Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas em áreas de mata.
Para prevenir a transmissão oral, devem ser intensificadas as ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos, devendo ser realizadas ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação.
Saiba mais sobre a doença no Portal da Doença de Chagas da Fiocruz e com os vídeos educativos da Organização Pan-americana de Saúde.
Fontes:
Dr. Dráuzio Varella
Fundação Oswaldo Cruz
Ministério da Saúde
Organização Mundial de Saúde
Organização Pan-americana de Saúde