Instituída em 2009 pela Lei nº 11.930, a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea é comemorada no período de 14 a 21 de dezembro, anualmente.
Em 2023, o texto da Lei foi alterado com a inclusão de itens que possam facilitar a localização dos doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), passando a vigorar com a redação dada pela Lei nº 14.530: “Institui a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea e dispõe sobre a localização de doadores de medula óssea”.
A nova legislação determina uma série de ações que podem ser adotadas pelos gestores do Redome ou dos hemocentros para ter acesso aos dados necessários à localização de doadores voluntários de medula óssea, quando as informações constantes em seu cadastro não possibilitarem o contato com o doador.
No Brasil, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, criado em 1993 e coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) desde 1998, reúne informações como: nome, endereço, resultados de exames, características genéticas, etc., de pessoas que se dispõem a doar medula para transplante.
Assim, quando o paciente precisa do procedimento e não tem doador aparentado, busca-se no Redome um doador cadastrado que seja compatível com ele e, se encontrado, articula-se a doação. Por isso, é fundamental que os dados fornecidos ao se cadastrar para doar medula sejam mantidos sempre atualizados.
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa as cavidades dos ossos. Nela, são produzidos os componentes do sangue, como: leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas.
Pessoas em tratamento para doenças relacionadas com a produção de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico podem ter o transplante como única esperança de cura. As principais são leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas), dentre outras.
Para que se realize o transplante de medula é necessário haver total compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada. A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e do receptor, chamados de exames de histocompatibilidade.
Com base nas leis da genética, as chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%, enquanto que, entre indivíduos não aparentados, é, em média, de 1 em 100 mil.
Quem pode doar:
Há alguns critérios definidos pelo Ministério da Saúde para o processo de doação de medula óssea, como por exemplo, ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado de saúde, preencher uma ficha com informações pessoais e coletar uma amostra de sangue para testes de compatibilidade. As informações pessoais são inseridas no banco de dados REDOME e o cadastro ficará ativo até os 60 anos de idade do doador.
Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico incluindo exames complementares para confirmar o seu estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação.
Procedimentos de doação:
Há dois tipos de procedimento para a doação e a escolha do mais adequado é feita pelo médico.
– Procedimento I: O doador passará por internação hospitalar e será anestesiado em centro cirúrgico. A medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções (pequenas perfurações feitas com agulha). Serão retirados aproximadamente de 500 a 700 ml da medula. Os doadores retornam às suas atividades habituais cerca de uma a duas semanas após a doação. O tempo mínimo de internação hospitalar é de 24 horas.
– Procedimento II: A coleta das células-tronco hematopoiéticas será feita diretamente do sangue periférico e para isso o doador recebe algumas doses de medicação injetável que estimula a migração destas células da medula para o sangue, permitindo sua retirada por meio do procedimento de aférese (doação automatizada), através de uma punção venosa, parecido com o processo de doação de sangue. Neste caso, não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos por via sanguínea.
A medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples.
Já o receptor deve se submeter a um tratamento que destrói as células sanguíneas doentes de sua medula óssea, e recebe as células sadias como se fosse uma transfusão de sangue.
Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos, devendo ser mantido internado no hospital. Cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos são necessários.
Com mais de 3 milhões e 700 mil doadores cadastrados, o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo. Reúne todos os dados dos voluntários à doação para pacientes que não possuem um doador na família. A chance de se identificar um doador compatível, no Brasil, na fase preliminar da busca é de até 88%, e ao final do processo, 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado.
A realização da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea representa um esforço conjunto para sensibilizar, informar, conscientizar e, principalmente, incentivar a doação, desmistificando o processo e mostrando sua importância para os pacientes que aguardam pelo transplante!
Torne-se um doador de medula óssea! Cadastre-se no Redome.
Já é cadastrado? Atualize seus dados!
Fontes:
Hospital Presidente (SP)
Instituto Nacional de Câncer (INCA)