O termo infecção hospitalar vem sendo substituído por ‘Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) ’, no qual a prevenção e o controle das infecções passam a ser considerados para todos os locais onde se presta o cuidado e a assistência à saúde. Sendo assim, o hospital não é o único local onde se pode adquirir uma infecção, podendo existir o risco em procedimentos ambulatoriais, serviços de hemodiálise, casas de repouso para idosos, instituições para doentes crônicos, assistência domiciliar.
A problemática das IRAS consiste em grande desafio para a saúde pública em todo o mundo. Estas infecções prolongam o tempo de internação, aumentam os custos hospitalares e as taxas de mortalidade, além de contribuir para o sofrimento vivenciado pelo paciente e seus familiares.
Infecção Relacionada a Assistência à Saúde é qualquer infecção adquirida após a admissão do paciente no hospital. As IRAS também podem se manifestar durante a internação ou após a alta, desde que estejam relacionadas com a internação ou com os procedimentos realizados durante a permanência do paciente em ambiente hospitalar. As IRAS podem, ainda, ser relacionadas com procedimentos realizados em ambulatórios, consultórios e outras unidades de atendimento à saúde.
Além dos fatores individuais relacionados ao paciente, como extremos de idade (recém-nascidos ou idosos), obesidade, desnutrição, diabetes, uso de alguns medicamentos (quimioterápicos) e fumo, outros fatores podem contribuir e aumentar a chance de adquirir infecções, como por exemplo, o tempo de permanência do paciente nos serviços de saúde (pois quanto maior o tempo de internação, maior o risco de adquirir infecções), a necessidade de procedimentos invasivos (como o uso de sondas e cirurgias) e o uso excessivo de antibióticos, favorecem a quebra de proteção do organismo, aumentando a chance de infecção.
Os sinais e sintomas são diversos, dependendo da localização da infecção. Febre (maior ou igual a 38ºC), tremores e calafrios podem ser sinais importantes de infecção. Em casos de cirurgia: vermelhidão, dor, abertura dos pontos ou saída de secreção ou líquido no local da cirurgia.
Várias medidas têm eficácia na prevenção de IRAS. Sendo as mãos um possível reservatório de micro-organismos que podem causar infecções, é necessário adotar a higienização das mãos como importante aliado na rotina diária. Essa é uma das medidas mais importantes na prevenção e controle das infecções – uma ação simples, rápida e de baixo custo.
Todos os profissionais que atuam em serviços de saúde, que mantém contato direto ou indireto com o paciente ou que manipulem alimentos ou medicamentos devem sempre higienizar as mãos. Visitantes e acompanhantes também devem seguir esta recomendação.
A qualidade da assistência prestada nos serviços de saúde depende da atenção dos profissionais, mas também do envolvimento apropriado do paciente e de sua família. Parceria entre paciente, familiares e profissionais de saúde contribui para o sucesso do tratamento.
Desde 2004 a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem visto a segurança do cuidado ao paciente como uma prioridade de saúde pública mundial. Exemplo disso é a criação de campanhas internacionais que visam melhorar a qualidade e a segurança dos serviços prestados, envolvendo o paciente e seus familiares no processo do cuidar.
O paciente e a família devem ter participação na tomada de decisões sobre o processo de tratamento da doença, sendo de grande importância o envolvimento do paciente junto à equipe de saúde. Ao se sentir parte integrante da equipe de saúde, o paciente passa a compor o “time de saúde” podendo assim, contribuir com a segurança do seu próprio cuidado.
Algumas recomendações importantes devem ser seguidas pelos pacientes e seus familiares para contribuir para a qualidade da assistência e a segurança do cuidado:
– Informar-se sobre sua doença, fazendo perguntas relacionadas ao tratamento;
– Envolver um membro da família para acompanhar o tratamento;
– Higienizar as mãos sempre que necessário;
– Solicitar à equipe de saúde que higienize as mãos quando necessário;
– Comunicar à equipe de saúde qualquer alteração relacionada a cateteres ou curativos;
– Solicitar a familiares e amigos que não visitem o paciente caso estejam doentes;
– Evitar tocar olhos, nariz e boca;
– Cobrir nariz e boca com papel descartável ao tossir ou espirrar, desprezando-o após o uso;
– Se for fumante, tentar suspender o fumo;
– Vacinar-se anualmente contra gripe.
No Brasil, desde 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável pelas ações nacionais de prevenção e controle de IRAS, exercendo a atribuição de coordenar e apoiar tecnicamente as Coordenações Distrital/Estaduais e Municipais de Controle de IRAS CECIRAS/CDCIRAS/CMCIRAS). A partir de então, a Anvisa, atendendo ao preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), vem desenvolvendo diversas ações estratégicas no âmbito nacional com vistas à redução do risco de aquisição das IRAS.
O Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, é uma data comemorativa da saúde que ocorre anualmente em 15 de maio. Foi instituída pela Lei nº 11.723/2008 com o objetivo de conscientizar autoridades sanitárias, diretores de hospitais e trabalhadores de saúde sobre a importância do controle das infecções hospitalares.
De acordo com a Lei, nesse dia e na semana que o contém, o Ministério da Saúde e os serviços de saúde, em especial os hospitais, são autorizados a desenvolver campanhas de comunicação social e ações educativas com o objetivo de aumentar a consciência pública sobre o problema representado pelas infecções hospitalares e a necessidade de seu controle.
Fontes:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) 2021 a 2025
Dr. Drauzio Varella
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo