17/11 – Dia de Ação para a Eliminação do Câncer Cervical


 

O dia 17 de novembro de 2024 é marcado pelo quarto ano do movimento global de eliminação do câncer cervical, quando, em 2020, 194 países tomaram a decisão de propor o fim da doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, então, a Global strategy to accelerate the elimination of cervical cancer as a public health problem (Estratégia global para eliminar o câncer cervical como um problema de saúde pública, em tradução livre), dando origem ao Dia de Ação Global para a Eliminação do Câncer Cervical, comemorado anualmente, desde então.

Neste 17/11, a proposta da celebração é reconhecer e exaltar as contribuições dos profissionais de saúde da linha de frente que prestam serviços vitais para eliminar o câncer cervical.

Enfermeiros e profissionais de saúde da linha de frente estão na vanguarda dos esforços para prevenir e tratar o câncer cervical. Eles são frequentemente os primeiros — e às vezes os únicos — profissionais de saúde que as pessoas encontram, fornecendo informações cruciais sobre vacinas, exames e tratamento. Como líderes no movimento global, eles ajudam a moldar a entrega de intervenções eficazes para atender às necessidades das mulheres em suas comunidades.

O câncer de colo do útero, também chamado de câncer cervical, é uma doença que, embora evitável, ainda tem alta incidência e mortalidade em todo o mundo, especialmente em países de baixa e média renda. No Brasil, ele figura como o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres e a terceira causa de óbito por câncer.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, só em 2024, mais de 17 mil brasileiras vão receber o diagnóstico da doença. Mais de 6 mil mulheres morreram por este tipo de câncer em 2020.

 

Câncer de colo uterino ou cervical é o que se desenvolve a partir do crescimento anormal de células no colo do útero – região em forma de canal que o conecta com a vagina.

Sintomas:

O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal, dor durante a relação sexual, dor abdominal e queixas urinárias ou intestinais.

Fatores de risco:

A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), responsável pelo aparecimento de verrugas genitais, representa o maior fator de risco para o câncer de colo de útero (que pode infectar também os homens e estar associado ao surgimento do câncer de pênis).

Apesar de existir mais de uma centena de tipos diferentes desse vírus, somente alguns estão associados ao tumor. São classificados como de alto risco os tipos 16, 18, 45 e 56; de baixo risco, os tipos 6, 11, 41, 42 e 44, e de risco intermediário os tipos 31, 33, 35, 51 e 52.

Podem ser citados, ainda, como fatores de risco:

– Início precoce da atividade sexual;
– Múltiplos parceiros sexuais ou parceiros com vida sexual promíscua;
– Tabagismo;
– Baixa imunidade;
– Não fazer o exame preventivo citopatológico Papanicolaou regularmente;
– Más condições de higiene;
– Histórico familiar.

Tratamento:

O tratamento deve ser avaliado e orientado por um médico e dependerá do estágio de evolução da doença e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos. Na maioria dos casos, em estágios iniciais, envolve cirurgia, por vezes seguida de tratamento complementar com quimioterapia ou radioterapia. Em estágios avançados, em que há comprometimento dos gânglios linfáticos (linfonodos) da pelve ou de outros órgãos, envolve uma combinação de quimioterapia e radioterapia ou apenas quimioterapia.

Detecção precoce:

A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. Pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento) pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

Existe uma fase do câncer do colo do útero sem sintomas, em que a detecção de lesões precursoras pode ser feita através do exame Papanicolaou. Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%.

Prevenção:

As ações para prevenção do câncer do colo do útero ocorrem por meio de ações de educação em saúde, vacinação de grupos indicados e detecção precoce do câncer e de suas lesões precursoras por meio de seu rastreamento.

A prevenção primária está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. A transmissão da infecção ocorre por via sexual, consequentemente, o uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.

A vacinação e a realização do exame preventivo se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada (a partir dos 25 anos), deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV. Para mulheres com diminuição de resposta imunológica, vivendo com HIV/Aids, transplantadas e portadoras de cânceres, a vacina é indicada até 45 anos de idade.

 

O Ministério da Saúde lançou, em março de 2023, uma estratégia para zerar os casos de câncer do colo do útero no país. A medida prevê ações para reduzir casos, prevenção, vacinação e inclusão de teste molecular (PCR) para detecção do HPV no Sistema Único de Saúde (SUS).

Recomendado pela OMS, o teste identifica de forma mais precisa a presença do vírus e, com isso, será possível ampliar o rastreio da doença na população feminina entre 25 e 64 anos e reduzir casos graves e mortes. Atualmente, o diagnóstico é feito na rede pública de saúde pelo exame Papanicolau.

Outra ação é elevar os índices de vacinação contra HPV, que apresentam queda nos últimos anos. Em 2022, a baixa foi de 75% entre meninas. A meta é chegar a 90% de cobertura, percentual considerado fundamental para garantir a eliminação do câncer de colo do útero no país.

Segundo a Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, a eliminação do câncer do colo do útero é prioridade para a pasta. Ela reforçou a importância de uma estratégia de vacinação que leve em conta as regionalidades e as barreiras locais. Em abril de 2024, o Ministério adotou a dose única contra o HPV, para meninos e meninas de 9 a 14 anos.

“O Programa Nacional de Imunizações (PNI) investiu para entender (essas) barreiras. E o retorno da vacinação nas escolas aumentou em 42% a imunização contra o HPV”, sinalizou Ethel Maciel. Os dados refletem a comparação entre 2022 e 2023, a partir da implantação do Movimento Nacional pela Vacinação na Comunidade Escolar, promovido pelos Ministérios da Saúde e da Educação.

O Instituto Vencer o Câncer e o Grupo Mulheres do Brasil lançaram, no dia 26 de agosto de 2024, a Aliança Nacional para Eliminação do Câncer do Colo do Útero, um movimento colaborativo que vai promover ações coordenadas para eliminar um dos tumores mais incidentes entre as mulheres brasileiras.

O lançamento contou com a presença de representantes do Ministério da Saúde e de secretarias estaduais e municipais, da OPAS, entidades médicas e associações de pacientes e comunidades, além de representantes de hospitais e universidades, e profissionais de saúde.

O objetivo é estimular a vacinação contra o HPV (papilomavírus humano), principal fator de risco da doença, e o acesso ao rastreamento e diagnóstico precoce.

Para atingir as metas, grupos de trabalho vão atuar em cinco frentes principais, para fomentar a mobilização social e informar.

A Aliança também vai engajar agentes de saúde, escolas e comunidades, além de debater com o poder público políticas efetivas para o controle deste tipo de tumor.

 

Fontes:

Agência Brasil
Dr. Dráuzio Varella
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Instituto Vencer o Câncer
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS)
Portal de Boas Práticas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira/Fiocruz