17/11 – Dia Nacional de Combate à Tuberculose
O Dia Nacional de Combate à Tuberculose, celebrado anualmente em 17 de novembro, tem como objetivo destacar a doença no calendário de saúde nacional, alertando sobre sua prevenção, sintomas e tratamento.
Apesar de ser uma enfermidade antiga, que pode ser prevenida e curada, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública, prevalecendo em condições de pobreza e contribuindo para a perpetuação da desigualdade social.
No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável por uma morte a cada 21 segundos, o que equivale a mais de um milhão de óbitos anuais.
No Brasil, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose, anualmente.
A tuberculose é uma doença infecciosa que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas, tais como: rins, ossos, intestinos e até cérebro. É transmitida pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamada de Bacilo de Koch, em homenagem ao Dr. Robert Koch, seu descobridor.
Transmissão:
A transmissão é direta, de pessoa a pessoa e, portanto, as aglomerações são um importante fator de contágio.
Ao falar, espirrar ou tossir, o doente expele partículas de saliva contendo o agente infeccioso, contaminando o ambiente, pois essas gotículas conseguem manter-se em suspensão no ar por muitas horas. Ao serem aspiradas por outro indivíduo, são capazes de alcançar os pulmões e se multiplicar, estabelecendo a contaminação.
Fatores que comprometam a imunidade do organismo, como má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, favorecem a infecção.
A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados. Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e talheres dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão da doença.
Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa e à exposição ao bacilo, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às condições precárias de vida. Assim, alguns grupos populacionais podem apresentar situações de maior vulnerabilidade:
– Indígenas: 3 vezes mais risco de adoecer pela doença;
– Pessoas privadas de liberdade: 26 vezes mais risco de adoecer pela doença;
– Pessoas que vivem com HIV/aids: 21 vezes mais risco de adoecer pela doença;
– Pessoas em situação de rua: 56 vezes mais risco de adoecer pela doença.
Sintomas:
Alguns pacientes não exibem nenhum indício da doença, outros apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados durante alguns meses (ou anos). Contudo, na maioria dos infectados, os sinais e sintomas mais frequentemente descritos são:
– Tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue;
– Cansaço excessivo;
– Febre baixa, geralmente, à tarde;
– Sudorese noturna;
– Falta de apetite;
– Palidez;
– Emagrecimento acentuado;
– Rouquidão;
– Fraqueza;
– Prostração.
Os casos graves apresentam dificuldade na respiração; eliminação de grande quantidade de sangue; colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão) – se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.
Tratamento:
O tratamento da tuberculose é à base de antibióticos e dura no mínimo seis meses, de acordo com os protocolos preconizados; é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
Logo nas primeiras semanas o paciente já se sente melhor e tende a interromper ou alterar a tomada dos remédios, o que pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de tuberculose resistente aos medicamentos, daí a importância de que os pacientes sejam orientados, de forma clara, quanto às características da doença e do tratamento (duração e esquema do tratamento, recomendações sobre a utilização dos medicamentos, eventos adversos).
Com o início da terapia, a transmissibilidade tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias, o risco de transmissão da doença é bastante reduzido.
A pessoa com tuberculose necessita ser orientada, de forma clara, quanto às características da doença e do tratamento (duração, recomendações sobre a utilização dos medicamentos, eventos adversos, entre outras dúvidas). Assim, os profissionais de saúde têm papel fundamental em apoiar e monitorar o tratamento por meio de um cuidado integral, humanizado e centrado na pessoa.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o tratamento supervisionado, uma estratégia importante no controle da doença, disponível em todo o Brasil pelo SUS. Nessa modalidade, chamada Tratamento Diretamente Observado (TDO), um profissional de saúde acompanha a tomada dos medicamentos pelo doente nas unidades de saúde ou mesmo na sua residência para evitar o abandono e garantir que os remédios sejam utilizados durante todo o período necessário para a cura da doença.
O TDO deve ser realizado, idealmente, em todos os dias úteis da semana, ou excepcionalmente, três vezes na semana. O local e o horário são acordados entre o paciente e o serviço de saúde.
Importante: logo nas primeiras semanas do tratamento, a pessoa já se sente melhor e, por isso, precisa ser orientada pelo profissional de saúde a realizar o tratamento até o final, independentemente do desaparecimento dos sintomas. É importante lembrar que o tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de tuberculose drogarresistente.
Prevenção:
Os bacilos de Koch são sensíveis à luz solar e a circulação de ar possibilita a dispersão das partículas infectantes. Por essa razão, ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão. A etiqueta da tosse, que consiste em cobrir a boca com o antebraço ou lenço ao tossir, também é uma medida importante a ser considerada.
A imunização com a vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin), ofertada nas salas de vacinação do SUS, deve ser ministrada às crianças ao nascer ou, no máximo, até os quatro anos, 11 meses e 29 dias, pois protege contra as formas mais graves da doença.
Ainda como medida preventiva, é necessário avaliar familiares e outros contatos do paciente para que não desenvolvam a forma ativa da tuberculose.
Políticas públicas:
As metas do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública estão alinhadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ODS 3 – meta 3.3 acabar com as epidemias de aids, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, até 2030) e com a Estratégia Global pelo Fim da Tuberculose da Organização Mundial da Saúde.
O Brasil pretende reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes, limitar o número de óbitos pela doença para menos de 230 ao ano e zerar o número de pessoas que sofrem com custos catastróficos em decorrência da tuberculose.
Em 2023, o Ministério da Saúde anunciou que pretende alcançar as metas de eliminação da tuberculose como problema de saúde pública até 2030, cinco anos antes do previsto.
Fontes:
Hospital Nossa Senhora da Conceição de Pará de Minas (MG)
Fundação Oswaldo Cruz – Brasília
Instituto Gonçalo Moniz (Fundação Oswaldo Cruz – Bahia)
Ministério da Saúde
Publicado: Thursday, 01 de January de 1970