18 a 24/11 – Semana Mundial de Conscientização sobre Resistência a Antimicrobianos 2025
Microrganismos resistentes a medicamentos, incluindo bactérias, vírus, fungos e parasitas, podem se disseminar entre humanos, animais, plantas e o meio ambiente, representando uma ameaça global à saúde animal e humana, à segurança alimentar e às economias.
O uso indevido e excessivo de antimicrobianos, combinado com fatores como poluição e sistemas inadequados de saúde, contribuem para o desenvolvimento e a disseminação da resistência.
A Resistência a Antimicrobianos (RAM) transcende setores, fronteiras e gerações, exigindo ação coordenada de todas as partes interessadas: governos, agricultores, veterinários e outros profissionais de saúde animal, profissionais de saúde, trabalhadores ambientais, de resíduos e de águas residuais, pesquisadores, formuladores de políticas, parlamentares, produtores de alimentos e comunidades.
A Semana Mundial de Conscientização sobre Resistência a Antimicrobianos é uma campanha global promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros internacionais, realizada anualmente em novembro. O objetivo é aumentar a conscientização sobre a resistência aos antimicrobianos (RAM) e incentivar boas práticas que contribuam para o uso racional desses medicamentos em humanos, animais e no ambiente, dentro da abordagem “One Health” (Uma Saúde ou Saúde Única).
O tema deste ano “Vamos agir agora. Juntos, protejamos o presente. Cuidemos do nosso futuro” destaca a necessidade urgente de ações ousadas, coordenadas e intersetoriais para combater o problema.
A resistência aos antimicrobianos, conhecida no Brasil pela sigla RAM e internacionalmente pela sigla AMR (Antimicrobial Resistance), é vista como um dos principais problemas relacionados à saúde pública no mundo.
Muitos microrganismos possuem a capacidade de se tornarem resistentes aos antimicrobianos utilizados para combatê-los, fazendo com que os tratamentos sejam ineficazes. Na prática, isso significa que esses microrganismos não serão eliminados durante o tratamento com o uso do antimicrobiano, multiplicando-se e, em algumas situações, agravando o quadro das infecções.
Essa resistência pode ser causada por diversos fatores, como o uso dos medicamentos de forma excessiva, utilização sem prescrição ou acompanhamento de um profissional da saúde, e interrupção do tratamento antes do tempo previsto.
De acordo com o Ministério da Saúde, a resistência aos antimicrobianos tem se tornado um problema crescente no Brasil, com o aumento de infecções causadas por microrganismos resistentes a medicamentos, especialmente antibióticos. Dados recentes revelam que a prevalência dessas infecções está em alta em várias regiões do país, exigindo vigilância e ações contínuas para enfrentá-las.
Anualmente, a RAM é diretamente responsável por cerca de 34 mil mortes no Brasil, enquanto outras 138 mil mortes estão associadas à resistência. Além disso, o país registra aproximadamente 221 mil óbitos por infecções bacterianas e 400 mil casos de sepse a cada ano, evidenciando a gravidade do problema.
Embora a vigilância epidemiológica ainda enfrente desafios, como a coleta precisa de informações, há consenso sobre a importância de monitorar e controlar a RAM. Além de afetar a saúde das pessoas, esse problema pode gerar custos adicionais para o sistema de saúde.
Investir em ações de prevenção, como o uso correto de antimicrobianos e a melhoria dos sistemas de vigilância, é essencial para enfrentar essa questão de forma eficaz.
No país, as políticas e estratégias para enfrentar a RAM envolvem a implementação de ações de vigilância e controle, bem como a promoção do uso racional de antimicrobianos. Isso inclui a capacitação de profissionais de saúde, a criação de protocolos de prescrição e a conscientização da população sobre os riscos do uso indiscriminado de antibióticos. Além disso, há um foco especial na regulamentação do uso de antimicrobianos na produção animal, visando reduzir a disseminação de resistência bacteriana. Essas políticas são fundamentais para o enfrentamento eficaz desse problema de saúde pública.
Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência Antimicrobiana
O Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos (PAN-BR) foi instituído para coordenar e articular estratégias de prevenção e controle da resistência antimicrobiana em nível nacional. Inclui ações como a implementação de programas de monitoramento da resistência bacteriana, a melhoria da infraestrutura laboratorial, o estímulo à pesquisa e inovação em novos antimicrobianos e métodos diagnósticos, além da promoção de campanhas de educação e conscientização. Esse plano visa fortalecer as políticas de enfrentamento da resistência antimicrobiana no país e garantir a segurança e eficácia do tratamento antimicrobiano.
O Papel Central do SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel fundamental para o controle e prevenção da resistência aos antimicrobianos. Através do SUS, são implementados diversos programas que contribuem para o controle da RAM:
– Programa Nacional de Imunizações (PNI): A prevenção de doenças imunopreveníveis reduz a necessidade do uso de antimicrobianos, diminuindo a pressão seletiva para o desenvolvimento da RAM.
– Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública: Responsável pela vigilância laboratorial, através dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), monitora a RAM em diferentes microrganismos, fornecendo dados essenciais para a tomada de decisão e o direcionamento das ações de controle.
– Relação Nacional de Medicamentos (Rename): Garante o abastecimento de medicamentos essenciais, incluindo antimicrobianos, e contribui para o uso racional desses fármacos. Além disso, a Rename classifica os medicamentos antimicrobianos de acordo com a classificação “AWaRe” da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa classificação divide os agentes antimicrobianos em três categorias: Acesso (Access), Alerta (Watch) e Reservado (Reserve). Essa classificação visa reduzir o desenvolvimento de microrganismos resistentes aos medicamentos antimicrobianos.
– Programa Nacional de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNCPIRAS): Promove a prevenção e o controle de infecções hospitalares, reduzindo a disseminação de microrganismos resistentes.
– Comitê Nacional para Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM): No Brasil, foi criado o CNPURM para promover o uso adequado de medicamentos, garantindo acesso a tratamentos apropriados, em doses e períodos corretos, a custos acessíveis. A iniciativa apoia metas globais, como a cobertura universal de saúde e o uso seguro de medicamentos essenciais, incluindo antimicrobianos.
– Programa Brasil Saudável: Promove a saúde da população através de ações de promoção e prevenção, contribuindo para a redução do uso inadequado de antimicrobianos.
– Câmara Técnica de Resistência Microbiana em Serviços de Saúde (CATREM): Oferta suporte técnico e capacitação para os serviços de saúde na prevenção e controle de infecções.
– Logística Reversa de Medicamentos: Contribui para a destinação adequada dos medicamentos vencidos ou não utilizados, evitando a contaminação do meio ambiente e a disseminação de microrganismos resistentes.
– Parcerias: Universidades, empresas e o governo estão trabalhando juntos para pesquisar novas formas de combater a resistência.
– Legislação: No Brasil, antibióticos só podem ser vendidos com receita médica, instituído pela RDC nº 20/2011. Isso ajuda a controlar o uso indevido.
Notícia relacionada: OMS adverte sobre resistência generalizada em todo o mundo a antibióticos de uso comum
Fontes:
Instituto Unidos pela Vida
Ministério da Saúde
Organização Pan-americana da Saúde (OPAS)
Projeto “Fortalecimento de um Sistema Brasileiro de Vigilância e Prevenção da Resistência Antimicrobiana (VigiRAM Brasil)”
Publicado: Thursday, 01 de January de 1970