O Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, celebrado no 3º sábado do mês de outubro, foi instituído como data comemorativa em saúde por meio da Lei nº 13.430/2017.
A campanha tem como objetivos estimular a participação dos profissionais e gestores de saúde em atividades com vistas a enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da sífilis na gestante durante o pré-natal e da sífilis em ambos os sexos como infecção sexualmente transmissível (IST).
A doença tem registrado aumento de casos nos últimos anos, inclusive da forma congênita. Em todo o Brasil, a taxa de detecção de sífilis em gestantes saltou de 5,7 a cada mil em 2012 para 32,4 a cada mil em 2022. Já a taxa de incidência de sífilis congênita passou de 4 para cada mil nascidos vivos em 2012 para 10,3 para cada mil nascidos vivos em 2022. Ao longo desses dez anos, observa-se também o aumento do número de casos de aborto (+145,1%) e de natimortos (+19,1%) por sífilis.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico de Sífilis, em 2023 foram notificados no país 242.826 casos de sífilis adquirida, 86.111 casos de sífilis em gestantes, 25.002 casos de sífilis congênita, além de 196 óbitos por sífilis congênita.
O combate à sífilis é uma das prioridades do Ministério da Saúde que, por meio do Programa Brasil Saudável, está engajado em eliminar a transmissão vertical da doença como problema de saúde pública até 2030. Além da disponibilização de testes rápidos aos estados e municípios, a pasta realiza a dispensação de penicilina para o tratamento da sífilis adquirida, em gestantes e congênita.
Sífilis ou Lues, é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. É curável e exclusiva do ser humano, tendo como principal via de transmissão as relações sexuais desprotegidas, sangue ou produtos sanguíneos (agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado), da mãe para o filho em qualquer fase da gestação, no momento do parto (sífilis congênita) ou pela amamentação.
Os sinais e sintomas variam de acordo com o estágio da doença, que se divide em:
Sífilis latente: Não aparecem sinais ou sintomas. É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção). A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis primária: Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias, normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços dolorosos) na virilha.
Sífilis secundária: Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Surgem:
– Manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés;
– Febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.
Sífilis terciária: Pode surgir de dois a até 40 anos depois do início da infecção. Os sinais são lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, pois a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. Por isso, é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar da maneira correta. O não tratamento pode levar a várias outras doenças e complicações, inclusive à morte.
Sífilis congênita: É a infecção transmitida da mãe para o bebê e pode ocorrer em qualquer fase da gravidez. O risco é maior para as mulheres com sífilis primária ou secundária. A sífilis materna, sem tratamento, pode causar má-formação do feto, aborto espontâneo e morte fetal. Na maioria das vezes, porém, o bebê nasce aparentemente saudável e os sintomas aparecem nos primeiros meses de vida: pneumonia, feridas no corpo, alterações nos ossos e no desenvolvimento mental, surdez e cegueira.
Diagnóstico:
O teste rápido (TR) é a principal forma de diagnóstico da sífilis e está disponível nos serviços públicos de saúde. É prático e de fácil execução, com leitura do resultado em até 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial.
Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial para confirmação do diagnóstico. Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais, para se chegar a um diagnóstico seguro e correto de sífilis congênita.
Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo, sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.
Tratamento:
O tratamento de escolha se faz com a penicilina benzatina, que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima da residência do paciente. Esta é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, quando a mãe passa a doença para o bebê.
A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante. São critérios de tratamento adequado à gestante:
– Administração de penicilina benzatina;
– Início do tratamento até 30 dias antes do parto;
– Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis;
– Respeito ao intervalo recomendado entre as doses.
Prevenção:
O uso correto e regular da camisinha feminina e/ou masculina é a medida mais importante de prevenção da sífilis, por se tratar de uma IST. A testagem e o acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal contribuem para o controle da sífilis congênita.
Fontes:
Dr. Dráuzio Varella
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO)
Ministério da Saúde
Ministério da Saúde 2
Pastoral da Criança – Curitiba/PR