20/02 – Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo


 

A dependência em drogas lícitas ou ilícitas é uma doença, sendo assim considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a própria OMS, o consumo de drogas ilícitas acomete cerca de 5% da população mundial, entre 15 e 64 anos de idade.

O Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC) qualifica a prevenção como fundamental para o controle internacional do uso de drogas, além de propiciar o retorno dos investimentos à população por meio da economia gerada com a redução de gastos com saúde e benefícios sociais, pois, o abuso de drogas na juventude configura-se como um dos principais motivos de anos perdidos na vida por incapacidade ou morte precoce, de acordo com a OMS.

Se considerarmos que o cérebro jovem se encontra em processo de maturação neurológica, até por volta dos 20 anos de idade, que toda injúria sofrida neste período pode ser determinante para uma série de prejuízos, como dificuldades para aprendizagem, para ajustamento social e profissional, aumento da vulnerabilidade para problemas de saúde mental, além de maior chance de uso prejudicial de drogas, compreende-se a importância de medidas preventivas, com especial atenção à essa faixa etária.

Uma política sobre drogas implica não somente ações de prevenção para o uso abusivo, mas também, ações para redução da produção e circulação de drogas, bem como ações de reabilitação das pessoas que se tornaram dependentes, quadro com características de maior gravidade para o cuidado.

Nos casos mais agudos de abuso de substâncias, a rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) carece de serviços de emergência e cuidados hospitalares de maior complexidade.

Por outro lado, os serviços de reabilitação da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS, também têm apresentado atualmente subfinanciamento e pouca infraestrutura de ordem física e de recursos humanos, o que dificulta um trabalho articulado, em rede, com foco na inclusão e no desenvolvimento do protagonismo e autonomia dos usuários, nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD).

As ações preventivas devem ser planejadas e direcionadas para o desenvolvimento humano, com incentivo à educação, à prática de esportes, à cultura, ao lazer e à socialização do conhecimento sobre drogas, com embasamento científico.

Cabe lembrar que o abuso de drogas é um fenômeno complexo e envolve fatores de risco que colocam os indivíduos propensos ao uso abusivo, como baixa autoestima, relações familiares disfuncionais, pobreza, fácil acesso às drogas, baixo rendimento escolar/baixa escolaridade.

Fatores de proteção que, ao contrário, diminuem as chances do uso abusivo, tais como: desenvolvimento de habilidades interpessoais, sociais, cognitivas e de conhecimento de sentimentos e emoções, devem ser privilegiados nas estratégias de prevenção para a redução dos fatores de risco.

De acordo com a Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9761/2019, entre os anos 2000 e 2015, houve um crescimento de 60% no número de mortes causadas diretamente pelo seu uso, constituindo-se como um grave problema de saúde pública, com reflexos nos diversos segmentos da sociedade.

Serviços de segurança pública, educação, saúde, justiça e assistência social, dentre outros, e os espaços familiares e sociais são repetidamente afetados, direta ou indiretamente, pelas consequências do uso das drogas.

O item 4 da referida Política trata da prevenção e traz como orientação geral:

“A efetiva prevenção ao uso de tabaco e seus derivados, de álcool e de outras drogas é fruto do comprometimento, da cooperação e da parceria entre os diferentes segmentos da sociedade brasileira e dos órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal, fundamentada na filosofia da responsabilidade compartilhada, com a construção de redes que visem à melhoria das condições de vida e promoção geral da saúde da população, da promoção de habilidades sociais e para a vida, o fortalecimento de vínculos interpessoais, a promoção dos fatores de proteção ao uso do tabaco e de seus derivados, do álcool e de outras drogas e da conscientização e proteção dos fatores de risco”.

As comemorações da data tornam-se fundamentais para estimular a reflexão sobre o papel das drogas no cotidiano da sociedade e para o fato de que as medidas de prevenção são essenciais.

 

Fontes:

Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
– MAZZAIA, M. C.; ZIHLMANN, K. F. Escola Paulista de Enfermagem (Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo)
VARGAS, Annabelle de Fátima Modesto; CAMPOS, Mauro Macedo. A trajetória das políticas de saúde mental e de álcool e outras drogas no século XX. Ciência & Saúde Coletiva, 24 (3), 2019.