A adolescência é uma etapa evolutiva da vida caracterizada pelo desenvolvimento biopsicossocial e delimitada pela faixa etária entre 10 e 19 anos. Inicia-se com a puberdade e termina com a inserção social, profissional e econômica do indivíduo, de acordo com definição utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério da Saúde. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera como adolescente, entretanto, o indivíduo que possui idade entre 12 e 18 anos.
Adolescentes constituem um grupo heterogêneo com características individuais. Período de importantes transformações biológicas e mentais, articuladas ao redimensionamento de papéis sociais, como mudanças na relação com a família e escolha de projeto de vida, deve ser valorizado, constituindo-se em fase de muita vulnerabilidade e exposição a fatores de risco.
O enfoque dado a esses fatores é relevante, uma vez que se constata, com preocupação, o aumento do número de gravidez na adolescência, do consumo de drogas lícitas e ilícitas e de casos de DSTs/AIDS, associados a significativo número de óbitos relacionados às causas externas, destacando-se os acidentes de trânsito, a violência e o suicídio.
Verifica-se que as principais causas de morbimortalidade dos adolescentes estão diretamente relacionadas a problemas que podem ser prevenidos em nível primário. Deve-se, portanto, buscar estratégias que atendam às necessidades dessa população, que melhorem a qualidade da assistência prestada e reduzam o número de óbitos e agravos preveníveis.
Em 1988, o Ministério da Saúde criou o Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD), que elegeu como áreas prioritárias de atuação o crescimento e o desenvolvimento, a sexualidade, a saúde bucal, a saúde mental, a saúde reprodutiva, a saúde do escolar adolescente e a prevenção de acidentes, fundamentadas nos princípios da integralidade, multidisciplinaridade e intersetorialidade, associada a uma política de promoção da saúde, desenvolvimento de práticas educativas, identificação de grupos de risco, detecção precoce dos agravos, tratamento e reabilitação.
Mesmo assim, ainda são encontradas grandes dificuldades para a atenção primária, destacando-se que a atenção integral, a adequação dos serviços de saúde, a criação de vínculos e o fortalecimento da relação com a família e a comunidade e a inserção dos adolescentes nas atividades realizadas são elementos essenciais para a melhoria da qualidade da assistência.
Atualmente, novos “sintomas” na fronteira entre os problemas de vida e as patologias – como aquelas trazidas pela violência em geral, pela exploração sexual, pelas síndromes de confinamento, a gravidez na adolescência, dentre outras, que atingem sobremaneira as pessoas jovens – desafiam o arsenal diagnóstico-terapêutico da biomedicina e a maneira de trabalhar com a ortodoxia da medicina, demandando investigação e inovação nos cuidados em saúde tanto na atenção básica quanto na média e alta complexidade.
Isso demonstra que a necessidade da existência de serviços de saúde organizados tem sido um dos grandes desafios para o alcance de melhores condições de saúde e vida para os adolescentes e jovens brasileiros.
As políticas públicas elaboradas pelo Ministério da Saúde para organizar a atenção integral a adolescentes e jovens contemplam os seguintes eixos: promoção da saúde e prevenção de agravos; ações de assistência e reabilitação da saúde e educação permanente.
Linhas de ação:
– acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento físico e psicossocial;
– saúde sexual e reprodutiva;
– saúde bucal;
– saúde mental;
– prevenção ao uso de álcool e outras drogas;
– prevenção e controle de agravos;
– educação em saúde;
– direitos humanos, a promoção da cultura de paz e a prevenção de violências e assistência às vítimas.
Serviços disponíveis nas unidades de saúde para adolescentes e jovens:
– ser atendido mesmo se estiver desacompanhado dos pais ou responsáveis;
– receber orientações sobre cuidados à saúde e saúde bucal;
– receber orientações sobre saúde sexual e reprodutiva;
– realizar testes rápidos que identificam infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), Aids, etc.;
– receber tratamento de IST’s, Aids, etc.;
– receber todas as vacinas que necessita em sua faixa etária (hpv, meningocócica C, hepatite B, entre outras);
– realizar teste de gravidez;
– receber acompanhamento pré-natal, parto e pós parto.
E, ainda, receber gratuitamente:
– caderneta de Saúde do Adolescente;
– preservativos (masculino ou feminino);
– métodos contraceptivos (pílulas anticoncepcionais, anticoncepcionais injetáveis, DIU, etc.);
– contracepção de emergência (pílula do dia seguinte); e outros medicamentos.
Fontes:
Ministério da Saúde. Blog da Saúde
Ministério da Saúde. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica