Em 22 de setembro é comemorado no Brasil o “Dia Nacional da Saúde de Adolescentes e Jovens” – uma oportunidade para o diálogo e a conscientização a respeito do cuidado a esse grupo, que forma quase um terço da população da América Latina e Caribe.
A adolescência, que vai dos 10 aos 19 anos, 11 meses e 29 dias, e a juventude, que se dá entre 15 e 24 anos, ou seja, os últimos anos da adolescência, se misturam com os primeiros anos da juventude. Essa classificação foi elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e é seguida pelo Ministério da Saúde (MS), que adota ainda o termo “pessoas jovens” para se referir ao conjunto de adolescentes e jovens, abrangendo a faixa compreendida entre 10 e 24 anos.
De acordo com a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), a maioria dos jovens tem boa saúde, mas a morbimortalidade prematura e a incidência de lesões são altas entre os adolescentes, destacando-se a gravidez na adolescência como um dos principais fatores que contribuem para a mortalidade materno-infantil. A violência juvenil, que inclui uma série de atos que vão desde o bullying e as brigas até os assassinatos, passando por agressões físicas e sexuais mais graves, constitui-se em problema de saúde pública global.
A OMS estima que, em 2019, mais de 1,5 milhão de adolescentes e jovens adultos com idades entre 10 e 24 anos morreram no mundo, cerca de 5.000 óbitos por dia.
No Brasil, em 2019, ocorreram 13.459 mortes entre mulheres e entre homens ocorreram 39.362 óbitos. Houve aumento das taxas de mortalidade no Norte e Nordeste e redução em estados do Sudeste e Sul. No referido ano, entre mulheres a primeira causa de morte foram lesões por transporte, seguidas por violência interpessoal, mortes maternas e suicídio. Para os homens, a violência interpessoal foi a primeira causa de morte, em especial no Nordeste, seguida das lesões por transporte, do suicídio e dos afogamentos.
As principais causas de mortes de indivíduos com idade entre 10 a 24 anos são as agressões, os suicídios e os acidentes de transporte (causas externas), doença mental, uso de álcool, desfechos relacionados à saúde materna e contraceptiva, e doenças infecciosas, refletindo insuficiência das políticas públicas de prevenção e proteção.
Os progressos para melhorar a saúde dos jovens têm sido lentos e ainda há grandes desafios para enfrentar a violência, os ambientes inseguros, a mortalidade materna e as falhas nos programas de contracepção. Apesar do crescente reconhecimento da importância da saúde do adolescente e dos adultos jovens para o desenvolvimento e o crescimento econômico futuro, há necessidade de se desenvolverem abordagens para lidar com as crescentes desigualdades na mortalidade nessa faixa etária.
A adolescência faz parte do processo contínuo de crescimento humano e é marcada por um conjunto complexo de mudanças físicas, emocionais e sociais.
Adolescentes e jovens são sujeitos de direitos e precisam ser tratados com prioridade nas políticas de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS), alinhado ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deve garantir o direito à vida e à saúde de crianças e adolescentes. Isso significa que essas pessoas devem receber atenção integral à saúde, que pressupõe tanto o acesso universal e igualitário aos serviços em todos os âmbitos de atenção, de forma integral e integrada.
Um dos princípios norteadores das ações voltadas à saúde dos adolescentes e jovens na comunidade é que eles precisam ser entendidos como sujeitos e protagonistas de sua individualidade. Nesse sentido, destacam-se como objetivos no cuidado integral de adolescentes e jovens:
– Promover Atenção Integral à Saúde Adolescentes e Jovens;
– Reduzir a morbimortalidade desse segmento populacional;
– Evitar situações de violação de direitos humanos, prevenir violências e promover atenção psicossocial de adolescentes e jovens.
Ainda no âmbito do SUS, o documento “Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde” foi criado para sensibilizar gestores, profissionais de saúde e comunidade para uma visão abrangente do ser humano e por meio de uma abordagem abrangente das necessidades de adolescentes e jovens, ou seja, para pensar todas as etapas da vida dessas pessoas. O documento também visa nortear ações, programas e estratégias interfederativas e intersetoriais frente aos desafios da presente situação de saúde desse público.
As Diretrizes têm como eixos estruturantes:
– Participação Juvenil;
– Equidade de Gêneros;
– Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos;
– Projeto de Vida;
– Cultura de Paz;
– Ética e Cidadania;
– Igualdade Racial e Étnica.
Serviços disponíveis nas unidades de saúde para adolescentes e jovens:
– Ser atendido mesmo se estiver desacompanhado dos pais ou responsáveis;
– Receber orientações sobre cuidados à saúde e saúde bucal;
– Receber orientações sobre saúde sexual e reprodutiva;
– Realizar testes rápidos que identificam infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), aids, etc.;
– Receber tratamento de ISTs, aids, etc.;
– Receber todas as vacinas que necessita em sua faixa etária (HPV, meningocócica C, hepatite B, entre outras);
– Realizar teste de gravidez;
– Receber acompanhamento pré-natal, parto e pós-parto.
E, ainda, receber gratuitamente:
– Caderneta de Saúde do Adolescente: Feminina e Masculina;
– Preservativos (masculino ou feminino);
– Métodos contraceptivos (pílulas anticoncepcionais, anticoncepcionais injetáveis, DIU, etc.);
– Contracepção de emergência (pílula do dia seguinte); e outros medicamentos.
Muitos jovens brasileiros não têm familiaridade com o atendimento da Saúde Pública, e frequentemente buscam o serviço errado ou deixam de cuidar da saúde por desconhecerem as opções disponíveis, públicas e gratuitas. Para suprir essa necessidade, a Agenda Jovem Fiocruz (AJF), em parceria com a Fiocruz Bahia, produziu a cartilha “Jovens na Trilha do SUS”, um guia prático detalhando os vários serviços do SUS, desde a atenção primária à alta complexidade.
A Agenda Jovem Fiocruz é uma plataforma colaborativa vinculada à presidência da Fiocruz que coordena diversos projetos visando a promoção da saúde para a população jovem no Brasil. Realiza iniciativas nas áreas de pesquisa, educação, informação, serviços em saúde e ações territorializadas através de redes de cooperação entre o Poder Público, movimentos da sociedade civil e unidades da Fiocruz.
Fontes:
– HENRIQUES, B. D.; ROCHA, R. L.; MADEIRA, A. M. F. Saúde do adolescente: o significado do atendimento para os profissionais da atenção primária do município de Viçosa, MG. Revista Médica de Minas Gerais, v. 20, n. 3, p. 300-309, 2010.
– Hospital Pequeno Príncipe – Curitiba/PR
– MALTA, D. C. et al. Mortalidade de adolescentes e adultos jovens brasileiros entre 1990 e 2019: uma análise do estudo Carga Global de Doença. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, n. 9, p. 4069–4086, set. 2021.
– Ministério da Saúde
– Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
– Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Foz do Iguaçu/PR