A fissura labiopalatina é uma condição congênita em que há comprometimento da fusão dos processos faciais durante a gestação. Trata-se de uma abertura no lábio ou no palato (céu da boca), nariz, musculatura, mucosa e muitas vezes, no osso. Essas aberturas resultam do desenvolvimento incompleto do lábio e/ou do palato, enquanto o bebê está se formando.
O lábio e o céu da boca desenvolvem-se separadamente durante os três primeiros meses de gestação. Nas fissuras mais comuns o lado esquerdo e o direito do lábio não se juntam, ficando uma linha vertical aberta. A mesma situação pode acontecer com o céu da boca. Em casos mais raros pode haver duas fissuras no palato, uma do lado direito e outra do lado esquerdo.
A condição está relacionada a fatores genéticos e ambientais e afeta aproximadamente uma criança a cada 650 nascimentos, sendo a deformidade congênita facial mais comum e a segunda que mais acomete o ser humano no mundo. Somente no Brasil, em torno de cinco mil crianças nascem com ela, por ano.
As principais complicações são dificuldade na alimentação e na respiração, alterações na arcada dentária, comprometimento do crescimento facial e prejuízo no desenvolvimento da fala e da audição. Vale mencionar as questões psicológicas decorrentes do bullying.
A fissura pode prejudicar a capacidade de comunicação do fissurado, sendo confundida erroneamente com algum tipo de dificuldade mental, o que não é verdade. O tratamento da fissura deve começar o quanto antes. A partir do 1º mês de vida já tem início o processo de avaliação e preparação do recém-nascido para a cirurgia que, geralmente, ocorre aos 6 meses de vida. Os pacientes adultos também passam pelo mesmo processo clínico, porém, há uma preocupação maior com a readaptação do indivíduo à sociedade.
A criação do Dia Nacional de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina, instituído pela Lei nº 14.404/2022, é uma conquista de várias especialidades médicas, incluindo a otorrinolaringologia e objetiva conscientizar e informar a sociedade sobre as questões trazidas por esse problema, bem como a importância de tratar esta malformação com um especialista, de forma multidisciplinar, em centros especializados com vários profissionais da saúde, incluindo enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, geneticistas, pediatras, cirurgião craniofacial, dentre outros.
Fontes:
Agência Brasília
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial
Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Labiopalatal (Documento não disponível na internet)