Albert Bruce Sabin nasceu na cidade de Bialystok, Rússia (atual Polônia), em 26 de agosto de 1906. Aos quinze anos mudou-se com a família para os Estados Unidos, fugindo da perseguição aos judeus.
Ingressou na Escola de Medicina da Universidade de Nova York com uma bolsa de estudos. As aulas de medicina o ajudaram a descobrir que sua verdadeira paixão estava na pesquisa científica. Formou-se em 1931 e logo em seguida ocupou um cargo no Harlem Hospital, onde era responsável por identificar qual cepa de pneumonia estava infectando os pacientes. Ao conseguir reduzir o tempo de identificação da cepa para aproximadamente três horas, o procedimento recebeu seu nome.
Demonstrou interesse por pesquisar doenças infecciosas, em especial a poliomielite. Foi professor de pesquisas pediátricas da Universidade de Cincinnati e também associado ao Instituto Rockfeller para pesquisas médicas.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, juntou-se a um comitê epidemiológico do exército dos Estados Unidos. Nesse período, pesquisou sobre outras doenças, como encefalite japonesa e dengue. Após a guerra, voltou a dedicar-se aos estudos da poliomielite.
Durante as pesquisas, Albert Sabin e seus associados ingeriram o vírus causador da doença, enfraquecido e, em 6 de outubro de 1956, ele apresentou um artigo como convidado na reunião da Sociedade de Biologia Experimental e Medicina realizada em Cincinnati, chamada “Vacinação contra a Poliomielite – Presente e Futuro”, ocasião em que relatou que havia desenvolvido uma vacina contra a poliomielite usando três cepas atenuadas de poliovírus, que forneceu uma “infecção imunizante e assintomática” quando administrada oralmente a mais de 50 voluntários.
Entre os anos de 1957 e 1959, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu testar a vacina no mundo e, comprovada sua eficiência, foi lançada no mercado em 1961/62, eliminando a pólio dos países por ela atingidos. Sabin renunciou aos direitos de patente para facilitar a utilização da vacina em todas as partes do mundo.
O novo imunizante substituiu o do médico Jonas Salk, usado na época – injetável e desenvolvido com o vírus morto, eficaz na maioria das complicações da poliomielite, mas não na sua prevenção. Além disso, a vacina de Sabin confere imunidade intestinal e corporal, além de outros benefícios, como: facilidade de administração, dose única que provavelmente fornece imunidade vitalícia, vacina de vírus vivo com a qual a imunidade pode ser transmitida de humano para humano e, por ser mais barata, controlava melhor os surtos epidêmicos.
Além de seu uso nos EUA, o Dr. Sabin viajava regularmente para ajudar outros países a implementar vacinas. Desde que o imunizante se tornou amplamente utilizado, a poliomielite foi praticamente erradicada do Hemisfério Ocidental.
Nas décadas de 1970 e 1980, o criador da vacina contra a pólio se empenhou na investigação da relação entre vírus e câncer. Entre 1970 e 1972, Sabin foi presidente do Instituto de Ciências de Weizmann, em Israel. Dedicou também boa parte de seu tempo às pesquisas no Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, em 1974.
Após muitos anos de declínio da saúde, o Dr. Albert Sabin faleceu em Washington, em 3 de março de 1993, de insuficiência cardíaca.
Embora seja mais conhecido por ter desenvolvido a vacina oral contra a poliomielite, seu legado é o de um brilhante cientista e pesquisador que se dedicou a melhorar a saúde mundial através de seus vários trabalhos.
Poliomielite ou paralisia infantil
Transmitido por água ou alimentos contaminados, o vírus da pólio penetra o corpo por via fecal-oral, e passa a se multiplicar, atingindo a corrente sanguínea e chegando até o cérebro. Quando ataca o sistema nervoso, a doença destrói neurônios responsáveis por movimentos, causando paralisia, que pode ser fatal. Além da paralisia, a pólio pode causar, apesar de menos frequentes, sintomas semelhantes aos da gripe ou de infecções intestinais comuns, como febre e diarreia. A doença é mais comum em crianças com menos de 4 anos de idade, mas também pode acometer adultos.
No Brasil, entre os anos de 1968 a 1989, foram confirmados 26.827 casos de poliomielite, tendo o último ocorrido em 1989, na cidade de Souza/PB. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP), que propicia imunidade individual e aumenta a imunidade de grupo na população geral, com a disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo.
É importante chamar a atenção para o risco de importação de casos oriundos de países onde ainda há circulação endêmica do poliovírus selvagem. Dados da OMS mostram que entre 1º de janeiro e 23 de abril de 2024, foram confirmados 13 casos de poliomielite causados pelo poliovírus selvagem (PVS), sendo seis no Afeganistão e sete no Paquistão, países em que a doença ainda é considerada endêmica.
Esse fato vem reforçar a necessidade de que sejam mantidas ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e níveis adequados de proteção imunológica da população.
Prevenção
Somente a vacinação é capaz de prevenir a poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. Desde 2016, o esquema vacinal passou a ser de três doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha). A mudança está de acordo com a orientação da OMS e faz parte do processo de erradicação mundial da pólio.
Fontes:
Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo (ProEpi)
Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, 2024: informe técnico
Centro Cultural do Ministério da Saúde
Centro Universitário Tiradentes – Pernambuco
Ministério da Saúde