28/5 – Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna


Por definição, a morte materna é o “óbito de uma mulher durante a gestação ou em até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela”.

Entretanto, a definição não abrange a tragédia que a condição representa. A morte materna, além dos fatores individuais, é a tradução e a manutenção de muitos problemas da nossa sociedade. A partir de uma morte materna, além da perda individual, há um processo de desestruturação familiar que leva a outros desfechos insatisfatórios, principalmente para a prole da mulher morta.

A maioria das mortes maternas é evitável e reflete todo o tipo de iniquidade no contexto regional, nacional ou mundial. É evidente a diferença no risco de morte em decorrência da gestação, parto ou pós-parto entre as mulheres mais vulneráveis, seja por questões sociais, econômicas, étnicas, geográficas ou de acesso aos serviços de saúde.

Existem situações clínicas que se associam à gestação onde a morte é inevitável, como, por exemplo, algumas cardiopatias – e, mesmo nesses casos, o acesso à orientação e à contracepção efetivas, que nem todas as mulheres têm, são formas de se reduzir a mortalidade materna.

Embora tenha ocorrido redução nas taxas de Mortalidade Materna no Brasil, ainda estamos longe de atingir as metas propostas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Atualmente, temos uma condição agravante – a pandemia pelo novo coronavírus. Até o momento, não se sabe o impacto que a nova realidade trará aos desfechos maternos, mas já se delineiam aumento do risco de Mortes Maternas tanto pela associação da gestação à infecção pelo Sars-CoV-2 como pela demora no acesso e busca aos serviços de saúde devido a outras condições associadas à gestação, parto e pós-parto.

A morte materna é acima de tudo uma questão de gênero, pois não existe paralelo para o sexo masculino. É, ainda, um importante indicador de qualidade da saúde ofertada para as pessoas e é fortemente influenciada pelas condições socioeconômicas da população. Em média, 40% a 50% das causas podem ser consideradas evitáveis. O atraso no reconhecimento de condições modificáveis, na chegada ao serviço de saúde e no tratamento adequado, está entre as principais causas das altas taxas de mortalidade materna ainda presentes na maior parte dos estados brasileiros.

O principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é garantir o bem-estar materno e fetal. Para isso, as equipes de saúde da Atenção Primária devem acolher a mulher desde o início da gravidez (o mais precocemente possível, no início ou até antes da gestação); reconhecer, acompanhar e tratar as principais causas de morbimortalidade materna e fetal e estar disponíveis quando ocorrerem intercorrências durante a gestação e o puerpério.


Fontes:

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

SURITA, Fernanda Garanhani de Castro. Hospital da Mulher J. A. Pinotti/Unicamp