15/5 – Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares


 

Também conhecida como infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS), a infecção hospitalar é adquirida quando um paciente é internado, podendo se manifestar durante ou após o tempo de permanência na instituição. Estas complicações ocorrem após procedimentos médicos e assistenciais, sendo que o risco aumenta quando não são adotadas as medidas de prevenção já bem estabelecidas em todo o mundo, a exemplo da adesão à higiene das mãos e ao pacote de medidas de prevenção de IRAS associada à inserção e manutenção de dispositivos invasivos.

Essas infecções são responsáveis por aumentar o tempo de permanência hospitalar, assim como a taxa de mortes e custos hospitalares, constituindo-se como os eventos mais frequentes que ocorrem na prestação de serviços de saúde.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o impacto das IRAS e da resistência antimicrobiana na vida das pessoas é incalculável. Mais de 24% dos pacientes afetados por sepse associada à atenção à saúde e 52,3% dos pacientes tratados em unidades de terapia intensiva, morrem. As mortes aumentam de duas a três vezes quando as infecções são resistentes aos antimicrobianos.

Estima-se que todos os anos aconteçam em todo o mundo 136 milhões de casos de infecções resistentes a antibióticos associadas à atenção à saúde.

Os mais vulneráveis a adquirir IRAS são os pacientes considerados de risco, ou seja, crianças, idosos, pessoas com doenças que comprometem a imunidade ou que são submetidas a procedimentos invasivos, como cirurgias ou uso de sondas e cateteres.

No Brasil, a Portaria MS/GM nº 2.616/1998, estabelece as diretrizes e normas para o controle de infecção hospitalar no país, e as competências dos diferentes níveis de governo e dos hospitais. Desde 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável pelas ações nacionais de prevenção e controle de IRAS, exercendo a atribuição de coordenar e apoiar tecnicamente as Coordenações Distrital/Estaduais e Municipais de Controle de IRAS.

Resistência a antimicrobianos ou resistência microbiana e bactérias multirresistentes:

Bactérias já conhecidas, presentes normalmente no corpo humano (por exemplo, intestino e pele), podem se tornar resistentes aos medicamentos hoje disponíveis, principalmente devido à pressão seletiva exercida pelo uso abusivo de antibióticos em todos os cenários (dentro e fora do hospital). No ambiente hospitalar, são chamadas de bactérias multirresistentes.

A resistência a antimicrobianos ou resistência microbiana refere-se à capacidade de um microrganismo (por exemplo, uma bactéria ou um vírus) de resistir à ação de um agente antimicrobiano. É uma adaptação do microrganismo ao seu meio ambiente que resulta em redução ou eliminação da eficácia do agente para curar ou prevenir a infecção causada por ele.

Quando um paciente adquire uma infecção por bactéria multirresistente, as opções terapêuticas para o seu tratamento são menores e a chance de adequada recuperação fica prejudicada. Em muitos casos, se faz necessária a utilização de antibióticos ou de combinações de antimicrobianos menos usuais para o sua terapia.

Prevenção:

Ignaz Philipp Semmelweis, médico obstetra húngaro, constatou, em 1847, que a incidência de infecção pós-parto (também conhecida como febre do parto) poderia ser drasticamente reduzida pelo uso da desinfecção das mãos nas clínicas obstétricas.

Mais recentemente, na pandemia de Covid-19, muitas pessoas aprenderam sobre a eficácia do gesto para prevenir essa e outras doenças. Ou seja, a higienização das mãos é a forma mais simples e efetiva de evitar a transmissão de infecções, tanto em ambiente hospitalar como fora dele.

A lavagem de mãos com água e sabão ou fricção com álcool 70% é uma recomendação que vale para profissionais de saúde, para visitantes e também para os pacientes.

A atenção aos cuidados de precaução sinalizados pela equipe de saúde devem, ainda, ser observados para evitar a transmissão de doenças e agentes no ambiente hospitalar.

Para o paciente, além de higienizar as mãos, principalmente antes das refeições e após usar o banheiro, é importante estabelecer uma boa comunicação com a equipe de saúde para entender com clareza os cuidados que lhe estão sendo direcionados e, dessa forma, também contribuir ativamente com a sua recuperação.

Uma das mensagens mais importantes na prevenção de IRAS relaciona-se aos cinco momentos da higiene das mãos durante a prestação de cuidados a pacientes em serviços de saúde:

– Antes de tocar o paciente;
– Antes de realizar procedimento limpo/asséptico;
– Após o risco de exposição a fluidos corporais;
– Após tocar o paciente;
– Após tocar superfícies próximas ao paciente.

É importante destacar, ainda, os cuidados a serem adotados durante visitas ao hospital:

O visitante deve sempre higienizar as suas mãos na chegada ao hospital, antes e após tocar o paciente ou superfícies próximas ao seu redor e ao sair do hospital. Essa higienização pode ser feita tanto com água e sabão quanto pela fricção alcoólica das mãos com álcool a 70%, o qual deve estar disponível em todo o hospital. Para que a higienização das mãos possa ser mais efetiva, é importante que os adornos sejam retirados (por exemplo, anéis, pulseiras e relógios), para facilitar o contato da água ou do álcool com a superfície da pele que está sendo higienizada. A manutenção das unhas curtas e limpas também pode auxiliar.

Não é recomendado que o visitante leve alimentos para o paciente sem a autorização e o conhecimento prévio do médico e/ou nutricionista, sob o risco de prejudicar o tratamento.

Também deve ser evitado levar flores e/ou plantas para o quarto do paciente. Apesar do gesto ser entendido como manifestação de cuidado e carinho, ele pode contribuir para a disseminação de insetos como formigas e aranhas no ambiente hospitalar. Ainda, as plantas podem trazer a presença de esporos fúngicos que, se inalados por pacientes imunossuprimidos podem causar doença pulmonar grave, com risco inclusive de óbito.

Preferencialmente, não levar crianças para realizar visitas no hospital. Como elas ainda se encontram em período de imunização contra doenças transmissíveis, podem mais facilmente tanto transmitir quanto adquirir infecções dentro do ambiente hospitalar, até mesmo por não terem maturidade suficiente para atender adequadamente às medidas de precaução e isolamento recomendadas.

Não sentar na cama do paciente, nem em camas vagas ao lado do paciente é uma atitude que demonstra educação e respeito ao próximo paciente que irá ocupar o leito.

Se houver alguma placa ou orientação na porta do quarto, deve-se procurar por algum profissional de saúde responsável pelo paciente, antes de entrar. Dessa forma, o visitante receberá informações úteis que irão auxiliar durante a permanência no hospital, podendo cooperar para o controle das infecções.

Importância da correta lavagem das mãos:

As mãos devem ser umedecidas antes de colocar o sabão, de preferência líquido, para evitar que se toque no reservatório. Em seguida, esfregam-se bem o dorso, a palma, os dedos e os interdígitos, isto é, o vão entre os dedos.

É preciso tomar cuidado também com a área embaixo das unhas. Se a pessoa tiver unhas mais longas, deve colocar sabão e esfregar embaixo delas. Nos hospitais, existem espátulas que ajudam a limpar essa região. Na hora de enxaguar, os dedos devem ser virados para cima, na direção da água que cai. Não devem ser usadas toalhas de pano para secar as mãos e, sim, toalhas de papel que servirão também para fechar a torneira.

Cuidados limpos demonstram respeito aos usuários dos serviços, protegem a saúde de pacientes, familiares e acompanhantes, além dos próprios profissionais de saúde.

 

O Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, celebrado em 15 de maio, é uma data comemorativa em saúde instituída pela Lei nº 11.723/2008.

 

Fontes:

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) 2021 a 2025
Conselho Federal de Química
Dr. Dráuzio Varella
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS)