O Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita é uma data comemorativa em saúde que visa a educar a todos sobre as cardiopatias congênitas, seus sinais e sintomas na infância, de forma a aumentar a conscientização pública por meio de programas e campanhas, bem como incentivar doações para apoiar pesquisas e instituições que atuam no cuidado à criança cardiopata.
A cardiopatia congênita acomete oito crianças em cada mil nascidos vivos. Todos os anos, cerca de 130 milhões de crianças nascem no mundo com algum tipo de cardiopatia congênita. Só no Brasil, são mais de 21.000 bebês que precisam de algum tipo de intervenção cirúrgica para sobreviver. Desses, cerca de 6% morrem antes de completar um ano.
Cardiopatias congênitas são anormalidades da estrutura ou função do coração, que está presente no nascimento, mesmo que descoberta muito mais tarde. Ocorrem por uma alteração no desenvolvimento embrionário de uma estrutura cardíaca normal e as alterações do fluxo sanguíneo, resultantes desta falha, podem influenciar o desenvolvimento estrutural e funcional do restante do sistema circulatório. Há vários tipos de má formação cardíaca e, entre os mais comuns estão as comunicações interatriais (comunicação anômala entre os átrios direito e esquerdo), e as comunicações interventriculares (que é a ligação entre os dois ventrículos por um defeito no septo que também os separam).
As causas do problema incluem vários fatores como, os ambientais, genéticos, uso de medicamentos e drogas, doenças maternas como o diabetes, lúpus e infecções como a rubéola e a sífilis que possam agir no momento da formação do coração do feto e ocorre nas primeiras oito semanas de gravidez.
Sintomas:
Os sintomas mais comuns da cardiopatia congênita são falta de ar, cansaço, ponta dos dedos e lábios azulados, dedos em forma de baqueta de tambor, modificações no formato do tórax, sudorese e cansaço entre as mamadas, no caso dos bebês.
Diagnóstico:
As cardiopatias congênitas podem ser detectadas ainda na vida fetal e durante a gestação alguns exames facilitam sua detecção. Os exames de ultrassom morfológico realizados rotineiramente no primeiro e segundo trimestres gestacionais fazem o rastreamento da má formação no coração da criança. Quando há suspeita de alguma anormalidade é realizado um ecocardiograma do coração do feto, que permite avaliar e detectar detalhadamente anormalidades estruturais e da função cardíaca.
Tratamento:
Os cardiologistas são unânimes em afirmar que o ideal é corrigir o defeito estrutural. Segundo eles, de acordo com o caso, o bebê pode sofrer uma intervenção ainda no útero, ser submetido à cirurgia imediatamente após nascer ou aguardar meses ou anos para chegar ao centro cirúrgico.
O tratamento clínico da cardiopatia congênita é feito conforme o quadro apresentado pela criança, seja de cianose ou de insuficiência cardíaca. Algumas cardiopatias congênitas não necessitam de tratamento, uma vez que podem apresentar cura espontânea, como costuma acontecer com o canal arterial persistente no bebê prematuro e a maioria das comunicações interventriculares.
Já as cardiopatias que evoluem de forma mais grave geralmente apresentam a opção de tratamento cirúrgico, algumas vezes realizado já no período neonatal, outras vezes no lactente ou criança maior, conforme a necessidade.
Fatores de risco:
Um dos fatores de risco para o desenvolvimento da cardiopatia congênita é a herança genética. Pais e mães portadores de cardiopatias congênitas apresentam uma chance duas vezes maior de gerar um bebê cardiopata.
Prevenção:
Não há formas de prevenir a doença, porém, algumas mudanças comportamentais podem ajudar para o bom desenvolvimento do bebê. Antes de engravidar, a mulher deve procurar um médico para ver se seu estado de saúde está bem e iniciar a ingestão diária de uma vitamina chamada “ácido fólico”, pois sua deficiência pode ser um fator desencadeante de malformações cardíacas e do sistema nervoso central do feto. Além do acompanhamento médico, a grávida deve adotar uma alimentação saudável, abolir o fumo, as bebidas alcoólicas e o consumo de medicamentos sem o conhecimento do profissional que acompanha o pré-natal, inclusive para receber a prescrição do ácido fólico.
De acordo com os especialistas, ocorreram grandes avanços nas últimas três décadas e ainda haverá mais com a incorporação de novas tecnologias no tratamento e no aprimoramento dos serviços terciários de alta complexidade em cardiologia e cirurgia pediátrica e neonatal. “Houve aumento expressivo do número de cardiologistas pediátricos e ecocardiografistas fetais e pediátricos em todo país. A implementação do teste do coraçãozinho como ferramenta de triagem de cardiopatia crítica reduziu o número de recém-nascidos que recebiam alta das maternidades sem que se detectasse, em tempo adequado, a cardiopatia”, enfatizam os membros do Departamento Científico de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
No entanto, os pediatras lembram que é preciso fazer ainda mais para reduzir as taxas de mortalidade infantil e que para isso acontecer é necessário garantir atendimento de qualidade a um número maior desses bebês, principalmente nas regiões mais distantes dos grandes centros.
Fontes:
Associação Beneficente Síria: Hospital do Coração (SP)
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul
Sociedade Brasileira de Pediatria
Sociedade Brasileira de Ultrassonografia