01/7 – Dia da Vacina BCG


 

A tuberculose é uma doença infecciosa de transmissão respiratória, causada por uma bactéria denominada Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch.

Desenvolvida entre os anos de 1906 e 1919 pelos bacteriologistas Léon Calmette e Alphonse Guérin, na França, a vacina ficou conhecida pela sigla BCG, em alusão aos sobrenomes dos seus descobridores, Bacilo de Calmette-Guérin. Foi aplicada pela primeira vez em 1921, como vacina oral. No Brasil, a primeira aplicação foi em 1927 e a forma intradérmica passou a ser utilizada em 1968.

O imunizante é indicado, principalmente, para a prevenção das formas extrapulmonares graves, cujo risco de adoecimento é mais elevado nos primeiros anos de vida, motivo pelo qual é administrada nos primeiros dias de vida do bebê

É uma vacina bacteriana viva atenuada (sem capacidade de produzir doença em indivíduos saudáveis) incluída no Calendário Básico de Vacinação brasileiro em 1977.

Apesar de a doença afetar prioritariamente os pulmões, ela pode também acometer outros órgãos e/ou sistemas, causando as formas designadas miliar (quando um grande número de bactérias se desloca pela corrente sanguínea e se dissemina pelo corpo, atingindo vários órgãos) e a forma meníngea (quando afeta as meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal).

Ao longo dos anos, a BCG demonstrou eficácia significativa, porém, apesar de não se observar proteção consistente para todas as idades e nem para todas as formas da doença, vários estudos demonstraram que a vacinação neonatal proporciona 82% de proteção contra a tuberculose grave. Além disso, mesmo com o avanço da ciência e da tecnologia, a comunidade científica ainda não conseguiu criar outra vacina que substituísse a BCG, oferecendo a mesma eficácia e custo-benefício.

Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil indicam sua aplicação ao nascimento ou nos primeiros 30 dias de vida. Na rotina, a vacina é destinada a crianças na faixa etária de 0 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias.

É preconizado aplica-la no braço direito (região deltoide), via intradérmica (embaixo da pele), que resulta numa pequena elevação com aparência de casca de laranja, a qual desaparece logo após a aplicação (mais ou menos 8 horas).

Cerca de três semanas depois, o local começa a ficar vermelho e, possivelmente, formará uma ferida (com ou sem pus), que poderá demorar até três meses para cicatrizar (ferida abre, aparenta cicatriz, abre novamente).

Pode ocorrer coceira no local, e a ferida poderá ter até o tamanho de 1 cm de diâmetro, mas depois diminui e a cicatriz fica menor.

Os cuidados pós-vacinação consistem em lavar normalmente com água e sabão na hora do banho e secar com toalha limpa, sem esfregar. Manter a criança com camiseta de manga para proteger o local de poeira, insetos e para que a criança ou irmão não mexam no local. Manter as unhas cortadas e não deixar coçar.

Observações – gânglios embaixo do braço direito ou próximo ao pescoço (íngua) são reações normais, porém pouco frequentes. Se isso ocorrer, levar a criança ao pediatra ou à Unidade Básica de Saúde para melhor avaliação e acompanhamento.

Cerca de 90% das pessoas que recebem a vacina desenvolvem reação no local da injeção, mas 10% não desenvolvem nenhuma alteração.

É importante frisar que a cicatriz não representa necessariamente proteção, por isso a OMS, desde 2018, numa revisão das diretrizes de vacinação para bebês, enfatiza que os estudos não demonstraram benefício na repetição da vacinação com BCG; portanto, mesmo na falta de cicatriz, a revacinação não deve ser feita.

Dessa forma, a partir do posicionamento da OMS em 2018, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também não recomendam a revacinação.

Uma observação importante é não esquecer que a condição imunológica do indivíduo a ser vacinado também exige atenção antes da vacinação.

Pacientes com imunodeficiências primárias ou adquiridas graves, outras síndromes associadas a alterações da imunidade celular, não devem receber BCG, bem como bebês prematuros com menos de 2Kg de peso corporal.

As sociedades científicas de imunologia clínica preconizam, sempre que possível, fazer primeiro a triagem neonatal e depois aplicar a vacina BCG, especialmente se na família houver casos conhecidos de imunodeficiências.

Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública. No mundo, a cada ano, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável por mais de um milhão de óbitos anuais. No Brasil são notificados aproximadamente 80 mil casos novos e ocorrem cerca de 5,5 mil mortes em decorrência da doença. Portanto, a vacina ainda se constitui como a única forma de proteção contra as formas graves de tuberculose em crianças.

 

Mais informações sobre a tuberculose estão disponíveis aqui!

 

Fontes:

Instituto Gonçalo Moniz – Fiocruz Bahia
Ministério da Saúde
Sociedade de Pediatria de São Paulo