“É Hora de Priorizar a Saúde Mental no Local de Trabalho” : 10/10 – Dia Mundial da Saúde Mental


 

O Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado em 10 de outubro, foi estabelecido em 1992 pela World Federation of Mental Health (WFMH). Desde então, tem sido observado todos os anos com o objetivo de conscientizar a comunidade global sobre agendas importantes na saúde mental, por meio da colaboração com vários parceiros a fim de agir e criar mudanças duradouras.

Ao longo do tempo, este dia ganhou força, tornando-se uma plataforma para governos, organizações e indivíduos desenvolverem iniciativas que se concentram em vários aspectos do cuidado em saúde mental para aumentar a conscientização sobre a questão e encorajar esforços para apoiar aqueles que os enfrentam.

O tema oficial de 2024 – “É Hora de Priorizar a Saúde Mental no Local de Trabalho” – ressalta a importância crítica da saúde mental em ambientes profissionais, alinhando-se com os princípios fundadores da WFMH estabelecidos em 1948.

A campanha pretende envolver o público global, incluindo funcionários, empregadores, organizações e outras partes interessadas, para promover o bem-estar mental no trabalho, destacando o papel essencial da saúde mental em ambientes profissionais, defendendo locais de trabalho onde ela seja priorizada, protegida e promovida.

 

No mundo, uma em cada oito pessoas vive com algum tipo de transtorno mental, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quase 60% dos casos são de ansiedade (31%) e depressão (28,9%), condições que cresceram 26% e 28%, respectivamente, desde a pandemia da covid-19.

Ainda, segundo a OMS, o ambiente profissional é um dos principais para a adoção de medidas que previnam problemas de saúde mental.

Sem que se aborde o tema de forma adequada, a Organização Mundial da Saúde alerta para impactos sobre o mercado de trabalho e a sociedade: perda de produtividade, maior risco de acidentes, redução de receitas, desemprego e elevação de custos sociais.

Para se ter uma ideia, no mundo, estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos, anualmente, em decorrência de depressão e ansiedade. A conta contempla absenteísmo, presenteísmo (quando as pessoas vão para o trabalho, mas têm baixo desempenho) e rotatividade de pessoal.

O Relatório Global de Saúde Mental (documento em inglês), divulgado pela OMS em junho de 2022, destaca a importância de ações para garantir segurança, apoio e condições de trabalho decentes, bem como medidas que evitem discriminação a quem enfrenta esses problemas.

“Locais de trabalho que promovem a boa saúde mental e a redução do estresse não apenas melhoram a saúde mental e física, mas também têm mais probabilidade de reduzir o absenteísmo, melhorar o desempenho e a produtividade, aumentar a motivação da equipe e minimizar a tensão e o conflito entre colegas”, diz a OMS no relatório.

Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: um pilar da saúde mental

O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um conceito fundamental para a saúde mental, conforme destaca a enfermeira de Saúde Mental do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) Juliana Lemos Rabelo. Segundo ela, “o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um conceito que se refere à capacidade de conciliar as demandas profissionais com as atividades pessoais e de lazer. É um aspecto fundamental da saúde mental, por contribuir para o bem-estar físico, emocional e social”.

Quando este equilíbrio é prejudicado, podem surgir problemas de saúde mental e afetar o desempenho no trabalho, as relações pessoais e a qualidade de vida geral. Algumas dicas para alcançar essa harmonia incluem:

– Estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal: isso significa desligar o celular e o e-mail fora do expediente, reservar tempo para atividades pessoais e de lazer e dizer “não” a tarefas que não sejam essenciais.

– Cuidar da saúde física e mental: praticar exercícios físicos regularmente, ter uma alimentação saudável, dormir o suficiente e buscar ajuda profissional, se necessário.

– Desenvolver habilidades de inteligência emocional: isso inclui aprender a lidar com o estresse, a frustração e as emoções negativas de forma saudável.

Para a especialista, “o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um desafio, mas é essencial para a saúde mental e o bem-estar geral”.

Ansiedade, síndrome do pânico, depressão e Burnout são diagnósticos recorrentes e podem ser agravados no ambiente corporativo. Episódios considerados adversos nesses espaços têm potencial de virar gatilhos mentais negativos. Os cenários podem envolver, por exemplo, sobrecarga de trabalho, atividades estressantes, cobranças excessivas (a busca por metas e resultados), preconceito e discriminação. Coisas, pessoas e situações podem desencadear sofrimento psicológico e emocional.

Medidas que contribuem para que o ambiente de trabalho seja saudável:

– Combate ao assédio: organizações públicas e privadas devem implementar políticas de combate à cultura do assédio moral e sexual. Isso porque situações de humilhação, estresse e cobranças excessivas e obsessivas por resultados e produtividade são situações capazes de gerar ou agravar problemas mentais.

– Empatia e acolhimento: desenvolver atitudes empáticas e compreensivas é fundamental para um ambiente mais colaborativo e respeitoso. Isso também dá mais segurança a quem enfrenta transtornos mentais.

– Escuta ativa: uma forma de exercer a empatia é dialogar e demonstrar abertura. Nesse processo, a chamada escuta ativa é uma prática essencial. Demonstrar real interesse pela outra pessoa ao ouvi-la com atenção plena, fazendo com que ela se sinta segura para expressar opiniões e sentimentos

– Combate ao preconceito: para tornar o ambiente profissional mais saudável também é necessário combater o preconceito e o estigma que existe em torno de problemas de saúde mental. O relatório da OMS chama a atenção para estereótipos como os que associam os transtornos a características como fraqueza, preguiça, irresponsabilidade ou perigo.

 

Fontes:

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)
Organização das Nações Unidas (ONU)
Secretaria da Saúde do Ceará
Tribunal Superior do Trabalho
World Federation of Mental Health (WFMH)