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CAVALLI, Luciana Osorio; RIZZOTTO, Maria Lucia Frizon. Formação dos Médicos que Atuam como Líderes das Equipes de Atenção Primária em Saúde no Paraná. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 42, n. 1, p. 31-39, jan./mar. 2018. Disponível em Scielo
Historicamente, os currículos das escolas médicas não procipiaram uma formação voltada à atuação no Sistema Único de Saúde (SUS) e na Atenção Básica e por isso têm sido apontados como um dos fatores que dificultam o trabalho do médico depois de formado. Várias transformações curriculares vêm ocorrendo, porém muitos profissionais não foram contemplados. Este estudo, parte integrante de uma dissertação de mestrado, realizou-se por meio de uma pesquisa de campo, descritiva, transversal, que teve como objetivo analisar a formação do profissional médico que respondeu ao Módulo II do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) no Estado do Paraná, ciclo I e/ou II. Os dados foram obtidos por meio de formulário semiestruturado disponibilizado online pelo programa Qualtrics. De 183 médicos que compunham o universo, 32 (17,48%) participaram da pesquisa. Entre os profissionais respondentes, 16 (50%) são egressos de universidades públicas, 11 (34%) de privadas; 17 (53%) se formaram antes de 2006; 15 (46,9%) consideraram insuficientes ou pouco suficientes os conhecimentos teóricos sobre o SUS e os conhecimentos teóricos e práticos sobre Atenção Primária à Saúde (APS) obtidos na graduação; 13 (59,1%) realizaram até um ano de prática na graduação; 14 (43,75%) relataram que saíram preparados da graduação, mas precisaram de atualização para trabalhar nesse nível de atenção; 12 (37%) possuem residência e, desses, 6 (50%) em Medicina de Família e Comunidade; 21 (66%) possuem alguma especialização, sendo 2 (9%) em Saúde da Família, 3 (14%) em saúde coletiva, e 7 (32%) em Medicina de Família e Comunidade; 23 médicos (71,8%) escolheram atuar na APS para realização pessoal/profissional. Concluiu-se que os médicos participantes da pesquisa de campo consideram sua formação incompleta sobre o SUS e sobre o processo de trabalho em APS, necessitando de formação complementar para sua atuação profissional. Tal fato evidencia que há necessidade de mudanças no processo formativo.
PROMOÇÃO DA SAÚDE; EDUCAÇÃO PERMANENTE; INTEGRAÇÃO DOCENTE-ASSISTENCIAL
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GIOVANNINI, Patrícia E. et al. Promoção da Saúde em Campos de Estágio para a Formação Médica. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 42, n. 1, p. 181-189, jan./mar. 2018. Disponível em Scielo
O presente estudo investigou as concepções e práticas de Promoção da Saúde dos profissionais das nove Unidades Básicas de Saúde (UBS) que constituem campo de estágio do curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), na cidade de Mossoró (RN), discutindo-se os achados na perspectiva das novas tendências em educação médica, Saúde e Atenção. Trata-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa, aplicando-se a técnica de análise temática para análise de dados. Os sujeitos da pesquisa foram 25 profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família (ESF). Os resultados revelaram três tendências conceituais: Promoção da Saúde assimilada como prevenção de doenças; concepção difusa sobre Promoção da Saúde; e caracterização apropriada. Entre as práticas, prevaleceram as palestras, realizadas nas UBS com grupos de pacientes, no contexto de ações e programas, como Hiperdia, idosos e grávidas, e as orientações individuais, proporcionadas tanto nas UBS, quanto durante as visitas domiciliares. Entre os principais desafios postos à Promoção da Saúde foram constatados: persistência do modelo biomédico, déficit de recursos humanos, excesso de demanda e ausência de mecanismos de qualificação, que atuam como fatores de fragilização e fragmentação das equipes. Conclui-se que é necessário intensificar os esforços para uma construção dialogada entre Ensino, Serviço, Gestão em Saúde e a sociedade. No campo da educação médica, destaca-se a disponibilidade de instrumentos que amparam a articulação entre as instituições formadoras e os serviços de saúde e oferecem mecanismos para uma formação integrada e a Educação Permanente. Reafirma-se o papel das escolas médicas, empenhadas em dar concretude aos propósitos da Promoção da Saúde, harmonizados com o modelo dialógico da educação, para a formação de profissionais médicos com o perfil que a sociedade precisa, em favor de uma vida mais saudável e de uma sociedade melhor.
SAÚDE MENTAL; MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE; ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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PEREIRA, Alexandre de Araújo; ANDRADE, Daniela Correia Leite. Estratégia Educacional em Saúde Mental para Médicos da Atenção Básica. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 42, n. 1, p. 6-14, jan./mar. 2018. Disponível em Scielo
Introdução: A Estratégia de Saúde da Família e a Reforma da Assistência Psiquiátrica Brasileira têm trazido contribuições importantes para a melhora da atenção em saúde no País. Ambas defendem os princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e propõem uma mudança no modelo de assistência à saúde, privilegiando a descentralização e a abordagem comunitária/familiar em detrimento do modelo tradicional, centralizador e voltado para o hospital. Objetivos: Este artigo objetiva fornecer elementos práticos que poderão servir de modelo para a implantação de estratégias educacionais em saúde mental, para médicos que atuam na atenção básica, no contexto da realidade brasileira. Métodos: Trata-se de um estudo de investigação educacional, de enfoque qualitativo, construído com base na metodologia de triangulação de dados, colhidos em revisão da literatura, aplicação de questionários e grupos focais. O estudo foi conduzido na cidade de Sobral (CE) e contou com a participação de 26 médicos, lotados em 28 Unidades Básicas de Saúde, além de três docentes de escolas médicas brasileiras. Resultados: A maioria dos médicos de família se sentiu despreparada para o atendimento das demandas de saúde mental e identificou falhas importantes na formação durante a graduação médica. Segundo eles, os temas de saúde mental foram insuficientes, de cunho eminentemente hospitalar, curativo e fora do contexto da atenção comunitária. Em alguns casos, a formação ocorreu de maneira bastante negativa, reforçando preconceitos e tabus em relação ao atendimento psiquiátrico e criando barreiras que dificultaram o interesse e a disponibilidade desses médicos para atender pacientes portadores de transtornos mentais. A estratégia educacional resultante deste estudo oferece às equipes de saúde e às instituições formadoras de recursos humanos referências conceituais, práticas e metodológicas para a elaboração de programas de qualificação em saúde mental, no contexto da atenção básica à saúde. Conclusões: As ferramentas de identificação de necessidades de aprendizado em saúde utilizadas neste estudo mostraram-se úteis na elaboração de programas de educação permanente junto aos profissionais da rede básica. Para maior validação da proposta, recomenda-se sua aplicação e avaliação em outros municípios brasileiros.