Vacina contra a malária recomendada pela OMS para crianças da África é a primeira que protege humanos de um parasita


 

Em uma decisão histórica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) veio a público, em 6 de outubro de 2021, recomendar a adoção de uma vacina contra a malária para crianças em regiões com alta ocorrência da doença, como a África Subsaariana. O anúncio é resultado de mais de 50 anos de estudos em busca de uma forma de imunização contra a enfermidade que mata, anualmente, 410 mil pessoas, das quais 260 mil crianças com menos de 5 anos. Quase 95% dos óbitos ocorrem na África.

A vacina recomendada age contra o parasita Plasmodium falciparum, que causa a forma mais letal da malária e é o mais prevalente no continente africano. Ela foi testada em um programa-piloto que alcançou mais de 800 mil crianças em Gana, no Quênia e no Malaui desde 2019. A imunização ocorre com a aplicação de quatro doses: a primeira aos 5 meses de vida, a segunda aos 8 meses, a terceira aos 11 meses e a quarta dose, de reforço, aos 18 meses.

A vacina contra a malária é a primeira desenvolvida para proteger humanos contra uma infecção causada por parasitas e levou décadas para tornar-se viável em razão de diversos complicadores. Para fins de comparação com doenças e vacinas recentes e amplamente debatidas, P. falciparum tem mais de 5 mil genes enquanto o Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19, tem apenas 12. “Os parasitas têm um ciclo de vida complexo, envolvendo várias fases morfológicas e mudanças do ambiente no qual se desenvolvem dentro do corpo humano. Além disso, adotaram várias maneiras de escapar do sistema imunológico do hospedeiro. No caso da malária, é um grande desafio para os pesquisadores encontrar um alvo para desenvolver a vacina, já que o parasita apresenta alto grau de polimorfismo genético”, explica Célia Regina da Silva Garcia, da FCF-USP.

Outro horizonte que se abre para as vacinas antimaláricas – atualmente há mais de 140 sendo desenvolvidas mundo afora – tem a ver com os avanços tecnológicos recentemente estimulados pela pandemia da Covid-19.


Fonte
:

Revista Pesquisa Fapesp