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BARBOSA FILHO, Valter Cordeiro; CAMPOS, Wagner de; LOPES, Adair da Silva. Prevalência de consumo de álcool e tabaco entre adolescentes brasileiros: revisão sistemática. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 46, n. 5, p. 901-917, out. 2012. Disponível em Scielo
OBJETIVO: Analisar o uso de álcool e tabaco em adolescentes brasileiros e identificar os subgrupos de maior risco. MÉTODOS: Foi realizada revisão sistemática da literatura. A busca dos artigos foi feita em quatro bases de dados (LILACS, MEDLINE/PubMed, Web of Science e Google Scholar), websites especializados e referências dos artigos selecionados. Foram selecionadas referências em inglês e português, sem limites para ano de publicação (até junho de 2011), das quais foram incluídos 59 artigos que atenderam aos critérios de inclusão: envolver adolescentes brasileiros de dez a 19 anos de idade; avaliar a prevalência do uso de álcool e/ou de tabaco; usar questionários ou entrevistas estruturadas para mensurar as variáveis de interesse; ser um estudo populacional ou de base escolar que adotou procedimentos metodológicos para garantir a representatividade da população alvo (isto é, amostra aleatória). RESULTADOS: A prevalência de uso atual de álcool (uso na época da pesquisa ou no mês anterior) variou de 23,0% a 67,7%. A prevalência média (refletindo uma tendência central das estimativas encontradas nos estudos) de uso atual de álcool foi de 34,9%. A prevalência de uso atual de tabaco variou de 2,4% a 22,0%, com uma prevalência média de 9,3%. Grande parte dos estudos estimou prevalências superiores a 10% para o uso frequente (66,7%) e pesado (36,8%) de álcool; a maioria deles estimou prevalências menores de 10% para o uso frequente e pesado de tabaco. A literatura nacional tem destacado a associação de fatores ambientais (religiosidade, condição de trabalho e uso de substâncias entre os amigos e parentes) e psicossociais (como conflitos com pais e sentimentos negativos e de solidão) com o uso de álcool e tabaco entre os adolescentes. CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que o consumo de álcool e tabaco entre adolescentes tem atingido alarmantes prevalências em várias localidades do Brasil. Como hábitos não saudáveis tendem a continuar da adolescência até a vida adulta, políticas públicas que visam à redução do uso de álcool e de tabaco na população brasileira a médio e longo prazos podem direcionar a população jovem e os subgrupos de maior risco a esses comportamentos.