29/8 – Dia Nacional de Combate ao Fumo


 

A data comemorativa foi instituída pela Lei nº 7.488/1986 e em seu parágrafo único prevê que, através do Ministério da Saúde sejam promovidas, na semana que anteceder aquela data, uma campanha de âmbito nacional, visando a alertar para os malefícios advindos com o uso do fumo, reforçando ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) é o órgão responsável pelo Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, cujo objetivo é reduzir a prevalência de fumantes e a morbimortalidade relacionada ao tabagismo no Brasil. Dados do Instituto mostram que 10% dos fumantes chegam a reduzir sua expectativa de vida em 20 anos.

A doença é a principal causa de morte evitável no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e estima-se que um terço da população mundial adulta seja fumante, ou seja, 1,2 bilhão de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres).

O tabagismo é uma doença, classificada pela OMS como dependência da droga nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco, seja cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo, cigarro de palha, fumo de rolo ou narguilé. Após ser absorvida, a nicotina atinge o cérebro entre 7 e 19 segundos, liberando substâncias químicas para a corrente sanguínea, levando a uma sensação de prazer e bem-estar.

Essa sensação faz com que os fumantes usem o cigarro várias vezes ao dia. Por sentir prazer, o fumante busca o cigarro em situações de estresse, para “relaxar”.

Além dos prejuízos que o tabaco causa para quem consome, inúmeros outros malefícios acontecem em todo o ciclo de produção do tabaco. Por essa razão, e no intuito de diminuir a produção e a comercialização de tabaco no mundo, a OMS preconiza ações relativas a cada uma dessas etapas. A Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) foi aprovada em 2003 e passou a vigorar em 2005 com o objetivo de tornar o mundo livre do tabaco e difundir essas ações.

Para facilitar a implantação da CQCT, foi proposto um conjunto de ações denominado MPOWER. A sigla significa Monitoring (monitorando a epidemia), Protecting (protegendo a população da fumaça do tabaco), Offering (oferecendo ajuda para deixar de fumar), Warning (advertindo sobre os perigos do tabaco), Enforcing (fazendo cumprir a proibição da publicidade, promoção e patrocínio) e Raising (aumentando impostos dos produtos do tabaco).

Assim, a intervenção nas diferentes etapas da produção do tabaco, que também trazem prejuízos à saúde para populações vulneráveis – como crianças e adolescentes que trabalham no cultivo do fumo em países de baixa renda –, tem sido alvo de políticas públicas em todo o mundo na tentativa de diminuir os malefícios que o tabaco traz a partir do início do seu ciclo de produção.

Desde 2006 a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) tem monitorado a prevalência do tabagismo em capitais brasileiras por se tratar de um fator de risco evitável para diferentes Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DNCT).

Os objetivos estratégicos do programa são: reduzir a aceitação social do ato de fumar; reduzir os estímulos sociais e econômicos para o consumo; prevenir a iniciação no tabagismo; proteger a população contra a exposição ambiental à fumaça de tabaco; promover e apoiar a cessação de fumar.

O Brasil tem sido destaque no mundo em relação ao enfrentamento da epidemia do tabaco.

Em relatório da OMS há destaque para o Brasil e a Turquia como os dois únicos países no mundo que implementaram todas as medidas MPOWER no seu mais alto nível.


A versão em português do MPOWER está disponível aqui! 

 

Como um alerta sobre os graves problemas provocados pelo hábito de fumar, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), divulgou uma lista com 10 informações importantes sobre o fumo:

  1. O consumo de derivados do tabaco causa cerca de 50 tipos de doença, principalmente as cardiovasculares (infarto, angina), o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite). Estas doenças são as principais causas de óbitos por doença no Brasil, sendo que o câncer de pulmão é a primeira causa de morte por câncer.
  2. O tabagismo causa impotência sexual no homem e, no caso das mulheres, complicações na gravidez. Além disso, ele provoca aneurismas arteriais; úlcera do aparelho digestivo; infecções respiratórias; osteoporose; trombose vascular; problemas respiratórios e redução do desempenho desportivo.
  3. O hábito de fumar enfraquece o cabelo e faz secar a pele, reduz o paladar e o olfato. Além do envelhecimento precoce da pele, devido à falta de oxigenação, o tabaco também inibe a produção de colágeno e elastina, que impedem a flacidez. É comum nas mulheres que fumam surgirem precocemente imensas rugas em volta dos lábios.
  4. Os malefícios do fumo são maiores nas mulheres devido às peculiaridades próprias do sexo, como a gestação e o uso da pílula anticoncepcional. A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e dismenorreia (sangramento irregular).
  5. Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro geralmente em 9 segundos. O fumo causa no Sistema Nervoso Central, num primeiro momento, a elevação leve no humor e diminuição do apetite. O que parece ser prazeroso no começo, causa dependência e vício.
  6. O tabaco é prejudicial também para quem se encontra junto do fumante. Além do desconforto, o fumo causa doenças imediatas ou a longo prazo. O risco de doença cardíaca aumenta em 25% num adulto exposto ao fumo passivo.
  7. O tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos como, irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaleia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito). Outros efeitos a médio e longo prazo são a redução da capacidade funcional respiratória (o quanto o pulmão é capaz de exercer a sua função), aumento do risco de ter aterosclerose e aumento do número de infecções respiratórias em crianças.
  8. A convivência com um fumante aumenta o risco de doenças cardíacas coronarianas em 25% a 30%. O tabagismo diminui o colesterol bom, mesmo nas pessoas jovens. Existem cada vez mais indícios de relação entre o tabagismo passivo e o derrame cerebral. Mesmo exposições pequenas podem ter consequências sobre a coagulação do sangue, favorecendo a ocorrência de trombose. As pessoas com doenças cardíacas podem sofrer arritmias, diante da exposição à fumaça do cigarro. O risco de infarto do miocárdio também aumenta.
  9. O tabagismo passivo é especialmente perigoso na gravidez, podendo prejudicar o crescimento do feto e aumentar o risco de complicações durante a gravidez e o parto, tais como a morte fetal, o parto prematuro e o baixo peso ao nascer. Os recém-nascidos e as crianças pequenas também são muito prejudicados. As crianças expostas à fumaça do cigarro têm maior risco de morte súbita, bronquite, pneumonia, asma, exacerbações da asma e infecções de ouvido.
  10. Ao parar de fumar, o risco de doenças diminui gradativamente e o organismo do ex-fumante se restabelece. Após 20 minutos do último cigarro, a pressão sanguínea diminui, as batidas cardíacas voltam ao normal e a pulsação cai. Após 8 horas sem cigarro, o nível de oxigênio no sangue pode chegar aos níveis de uma pessoa não-fumante. Após 24 horas, os pulmões já conseguem eliminar o muco e os resíduos da fumaça. Dois dias depois, é possível sentir melhor o cheiro e o gosto das coisas. O corpo já não possui nicotina e a transpiração deixa de cheirar a tabaco. Após duas semanas, melhora a circulação, tosse, congestão nasal, fadiga e falta de ar. Após um ano, o risco de doença cardíaca cai pela metade. Após 5 anos, o risco de ter câncer de pulmão também reduz 50%. Após 15 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou.

 

Fontes:

ELIAS, Adriana et al. Abordagem e tratamento do tabagismo [recurso eletrônico]. Florianópolis, Secretaria de Estado da Saúde, 2021

Rádio Senado

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)