A nova variante do coronavírus Arcturus, também chamada de XBB.1.16, que surgiu na Índia em janeiro deste ano, já se alastrou por quarenta países, incluindo o Brasil. O primeiro caso brasileiro foi confirmado no dia 1º de maio pela Prefeitura de São Paulo. As características clínicas são semelhantes a outras subvariantes, como febre, tosse, dor de garganta, coriza e um fator novo, a conjuntivite viral. Até o momento, pesquisadores não encontraram características que indiquem que a Arcturus seja uma variante de preocupação, assim como a Ômicron, e no passado Alfa, Beta, Delta e Gama. A nova linhagem vem sendo tratada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde meados de abril, como uma variante de interesse (VOI, na sigla em inglês). Saiba mais sobre a subvariante Arcturus XBB.1.16.
A Dra. Mirian Dal Ben, graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a XBB.1.16 é uma linhagem derivada da Ômicron XBB, uma recombinante de duas linhagens descendentes BA.2. “Ela tem um perfil genético semelhante à outra variante de interesse, a XBB.1.5, com mutações adicionais dos aminoácidos E180V, K478R e S486P na proteína Spike, responsável por fazer a ligação com as células humanas. Como aprendemos com as outras variantes, provavelmente a XBB.1.16 tem uma vantagem seletiva em relação às demais, provavelmente por ser uma mais transmissível”, acrescenta a infectologista do hospital Sírio-Libanês.
Por enquanto, a variante parece estar infectando as pessoas mais suscetíveis, aquelas que não se imunizaram com as doses de reforço. Embora a eficácia das vacinas possa ser reduzida contra a Arcturus, elas continuam sendo uma ferramenta crucial para reduzir a gravidade dos casos e prevenir hospitalizações e óbitos. A vacinação tem sido fundamental nessa jornada. A Dra. Dal Ben ressalta que ainda não há dados ou estudos especificamente sobre a eficácia das vacinas contra a nova variante, nem in vitro. “Mas, com base em trabalhos que avaliaram a capacidade de neutralização dos anticorpos que adquirimos com a imunização nas variantes próximas à Arcturus (XBB e XBB.1), provavelmente teremos anticorpos neutralizantes com capacidade de neutralização menor. Por outro lado, graças aos esforços globais de produção e distribuição de vacinas, um número significativo de pessoas já foi imunizado, fortalecendo a proteção coletiva contra o vírus. Hoje temos uma população com imunidade híbrida, e isso deve garantir que grande parte das pessoas não apresente quadro clínico grave a ponto de necessitar de hospitalização. Além disso, o número de óbitos, proporcionalmente ao número de casos, não deverá ser elevado”, assinala.
“Por enquanto, não há expectativa de que a XBB.1.16 venha a causar grandes problemas, contudo, quando se trata de Covid, as coisas podem mudar a qualquer momento”, diz infectologista.
Inflamação da conjuntiva: uma manifestação clínica peculiar da Arcturus
A Índia foi o primeiro país a relatar uma manifestação clínica frequente nas infecções por esta nova variante, que é a conjuntivite. Os principais sinais e sintomas da conjuntivite são queimação, prurido, sensação de corpo estranho na vista (inicia-se unilateral e pode envolver o outro olho alguns dias depois), lacrimejamento, hiperemia (alteração na circulação sanguínea), edema palpebral e pontos de hemorragia subconjuntival. Dentre os cuidados necessários recomenda-se evitar colocar as mãos nos olhos; não coçar os olhos; lavar as mãos com frequência com água e sabão; não compartilhar toalhas, travesseiros, almofadas, maquiagens, cosméticos e colírios; fazer a compressas com água gelada (previamente filtrada e fervida) ou com soro fisiológico. A hidratação da mucosa nasal pode facilitar a drenagem e abreviar a recuperação.
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