Zoonoses são doenças transmitidas de animais para humanos ou de humanos para os animais, comprovando o quanto a saúde humana e a animal estão indissoluvelmente ligadas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as zoonoses são responsáveis por cerca de 2,4 bilhões de casos de doenças e 2,2 milhões de mortes por ano, o que representa um grande desafio para a saúde pública e a segurança alimentar. Além disso, podem causar impactos econômicos, sociais e ambientais negativos, como perda de produtividade, redução da biodiversidade e aumento da pobreza.
De acordo com a OMS, existem mais de 200 tipos de zoonoses. Cerca de 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais; pelo menos 75% das doenças infecciosas emergentes do ser humano, incluindo Ebola, HIV e gripe, têm origem animal; 5 novas doenças humanas surgem todos anos e 3 delas são de origem animal. Por todo o mundo, as zoonoses respondem por 62% da Lista de Doenças de Notificação Compulsória.
A busca de soluções para esses problemas, dada a sua complexidade, implica em uma abordagem de cooperação em nível intersetorial e requer contribuição, intervenção e colaboração de equipes profissionais dos setores da saúde humana, animal e ambiental.
Nesse sentido, os governos precisam formular e adotar políticas de saúde pública que levem em consideração os vários fatores que aumentam o risco e dificultam o controle das zoonoses, tais como, mudanças climáticas, desmatamento, incêndios florestais que afetam a biodiversidade genética da vegetação e a destruição do habitat animal, aumento da relação entre humanos e animais selvagens, animais abandonados nas vias públicas, viagens intercontinentais, entre outros.
A transmissão das zoonoses pode ocorrer de forma direta, principalmente através do contato com secreções (saliva, sangue, urina, fezes) ou contato físico, como arranhaduras ou mordeduras. De forma indireta, pode acontecer por meio de vetores como mosquitos e pulgas, por contato indireto com secreções, pelo consumo de alimento contaminado com o agente (viral, bacteriano, fúngico ou parasitário), entre outras.
Prevenção e controle
Os métodos de prevenção de doenças zoonóticas diferem para cada patógeno, mas várias práticas são eficientes na redução do risco nos níveis comunitário e pessoal:
– Diretrizes seguras no cuidado com os animais no setor agropecuário ajudam a reduzir o potencial surto de zoonoses de origem alimentar por ingestão de carnes, ovos, laticínios ou mesmo vegetais;
– Padrões para água potável e remoção de resíduos, bem como proteções para águas superficiais no ambiente natural;
– Campanhas educativas para promover a lavagem das mãos após o contato com animais e outros ajustes comportamentais.
De acordo com o Manual de vigilância, prevenção e controle de zoonoses, editado pelo Ministério da Saúde, a execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, além de raiva e leishmanioses, estende-se para outras doenças de transmissão vetorial. Assim, tais doenças subdividem-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde (MS), zoonoses de relevância regional ou local e zoonoses emergentes ou reemergentes.
As zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde são: peste, leptospirose, febre maculosa brasileira, hantavirose, doença de Chagas, febre amarela, febre d e chikungunya e febre do Nilo Ocidental. Outras doenças de transmissão vetorial que acometem somente a espécie humana, como dengue e malária, também podem ser parte integrante das atribuições da área de vigilância de zoonoses.
As zoonoses de relevância regional ou local, ou seja, que apresentam incidência e prevalência numa determinada área do território brasileiro, mas de magnitude, transcendência, severidade, gravidade, vulnerabilidade e potencial de disseminação também somente em nível regional ou local, são: toxoplasmose, esporotricose, ancilostomíase, toxocaríase (larva migrans cutânea e visceral), histoplasmose, criptococose, complexo equinococose – hidatidose, entre outras.
As zoonoses emergentes ou reemergentes são, respectivamente, doenças novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após período de declínio significativo ou com risco de aumento no futuro próximo, promovendo significativo impacto sobre o ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte. Tais doenças podem ser incidentes ou prevalentes em outros países, e de alguma forma, envolvem uma ou mais espécies de animais no seu ciclo de transmissão, sendo introduzidas no Brasil por meio da entrada de pessoas, animais ou de fômites infectados.
Para qualquer grupo de zoonoses, as ações, as atividades e as estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses executadas pela área de vigilância de zoonoses se pautam em atuar e intervir, direta ou indiretamente, sobre as populações de animais alvo, de modo a refletir em benefício direto (quanto à redução ou eliminação, quando possível, do risco iminente de transmissão de zoonose) à saúde da população humana.
O Dia Mundial das Zoonoses é comemorado, mundialmente, em 06 de julho, data em que, no ano de 1885, o cientista francês Louis Pasteur administrou, pela primeira vez, com sucesso, a vacina antirrábica por ele desenvolvida em um jovem que havia sido mordido por um cão.
A campanha é uma oportunidade para conscientizar a todos sobre a importância da prevenção, do controle e do combate às zoonoses, por meio de ações integradas entre os setores de saúde humana, animal e ambiental.
Fontes:
Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (PANAFTOSA/SPV-OPAS/OMS)
Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo
Jagran New Media – Índia
KIMURA, Leda Maria Silva. Principais zoonoses
Prefeitura de Osasco (SP)
World Organisation for Animal Health