Resultado de uma parceria entre a Agenda Jovem Fiocruz e o Centro de Saúde Escola Samuel Barnsley Pessoa (CSEB) da Universidade de São Paulo (USP), oficina reuniu pesquisadores e gestores da saúde e de políticas de juventude de Recife, Rio Grande do Norte e Ceará, bem como da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial da Bahia, para elaborar políticas de Linha de Cuidado para a Saúde na Adolescência e Juventude (LCA&J) para o Sistema Único de Saúde (SUS). O encontro teve como base a implementação da Linha de Cuidado para Jovens e Adolescentes no estado de São Paulo, com objetivo de expandir esse tipo de política pública para outros estados.
“A tarefa principal da oficina é pensar uma metodologia de prospecção, reconhecendo as particularidades locais das redes de atenção, estimulando a adaptação e a criatividade no desenho dessa proposta, que só pode ser realizada reunindo os esforços de diferentes atores: pesquisadores, gestores de políticas públicas de saúde e de juventude e os próprios jovens”, afirmou André Sobrinho, coordenador da Agenda Jovem Fiocruz.
Linha de Cuidado é uma metodologia de planejamento em saúde desenvolvida como uma estratégia do SUS para estabelecer um “percurso assistencial” ideal dos pacientes em todos os níveis de atenção. Para isso, é preciso padronizar e organizar a oferta de ações de saúde para um segmento, criando orientações, descrevendo as rotinas do paciente e criando canais de comunicação entre diferentes serviços e equipes. Essa metodologia, quando voltada para a adolescência e juventude inclui diretrizes e estratégias de operação, recomendações práticas, e indicadores de avaliação dos resultados. O objetivo é garantir o cuidado integral à saúde de adolescentes e jovens em serviços ambulatoriais do SUS, a partir de uma visão que os considera como sujeitos participantes do cuidado.
A Agenda Jovem articula a prospecção e fornece dados e subsídios para que a linha de cuidado atenda às necessidades do público jovem, composto de pessoas com entre 15 e 29 anos. Esse público é contemplado pelo Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013), legislação de 2013 que ainda é pouco implementada pelas políticas de saúde. Isso porque muitas dessas políticas acabam deixando de atentar para as diferenças entre adolescentes (entre 12 e 18 anos) e jovens com idades mais elevadas.
“Não é incomum uma visão homogênea do setor, que acaba por formular respostas que não se adequam a um dos públicos”, explica Sobrinho. “Em particular o setor de jovens da faixa de 20 anos em diante, uma vez que para os adolescentes já existe bastante formulação e práticas bem-sucedidas. O que não quer dizer universalizadas e no escopo de uma política integral”.
Para os jovens em faixas etárias mais elevadas, diz Sobrinho, é preciso levar em conta questões relacionadas à autonomia no exercício da sexualidade, a reprodução familiar, a inserção e as condições no mundo do trabalho e a circulação na cidade. “Em ambos os públicos, a escuta e a participação são fundamentais”, completa.
A Agenda Jovem Fiocruz (AJF) é uma plataforma colaborativa que articula temas do SUS para uma Política Nacional da Juventude. O projeto desenvolve iniciativas nas áreas de pesquisa, educação, informação, serviços em saúde e ações territorializadas voltadas para as juventudes.
Fonte:
Eric Andriolo (Agenda Jovem Fiocruz); Agência Fiocruz de Notícias