A Lei nº 11.930/2009 instituiu a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea a ser comemorada, anualmente, de 14 a 21 de dezembro.
A campanha orienta que nesse período sejam desenvolvidas atividades de esclarecimento e incentivo à doação de medula óssea e à captação de doadores, envolvendo órgãos públicos e entidades privadas a fim de informar e orientar sobre os procedimentos para o cadastro de doadores, a importância da doação como um ato de solidariedade que salva vidas e sobre o armazenamento de dados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea – REDOME.
Criado em 1993 em São Paulo e coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) desde 1998, o REDOME reúne informações, como: nome, endereço, resultados de exames e características genéticas de pessoas que se dispõem a doar medula para o transplante.
Assim, com as informações do receptor que não disponha de doador aparentado, busca-se nesse Registro um doador cadastrado que seja compatível com ele e, se encontrado, articula-se a doação. A chance de se identificar um doador compatível, no Brasil, na fase preliminar da busca é de até 88%, e ao final do processo, 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado.
Com mais de 5 milhões de doadores cadastrados, o REDOME é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Todos os anos cerca de 300 mil novos doadores são incluídos no sistema.
Constituída por tecido líquido-gelatinoso e encontrada no interior dos ossos, é na medula óssea que se localizam as células-tronco hematopoiéticas, responsáveis pela geração de todo o sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). Essas são as células substituídas no transplante de medula.
Pessoas com leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas), são os beneficiados com o transplante de medula óssea. Outras doenças, não tão frequentes, também podem ser tratadas com o procedimento, como mielodisplasias, doenças do metabolismo, doenças autoimunes e vários tipos de tumores.
Para que se realize o transplante de medula é necessário haver uma total compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada. A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e do receptor, chamados de exames de histocompatibilidade.
Com base nas leis da genética, as chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%, enquanto que, entre indivíduos não aparentados, é, em média, de 1 em 100 mil.
Quem pode doar:
Há alguns critérios definidos pelo Ministério da Saúde para o processo de doação de medula óssea, como por exemplo, ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado de saúde, preencher uma ficha com informações pessoais e coletar uma amostra de 5 ml de sangue para a realização dos testes de compatibilidade. As informações pessoais são inseridas no banco de dados REDOME e o cadastro ficará ativo até os 60 anos de idade do doador.
Antes da doação, o doador passa por rigoroso exame clínico, incluindo exames complementares para confirmar o seu estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação.
Procedimentos de doação:
Há dois tipos de procedimento para a doação e a escolha do mais adequado é feita pelo médico.
– Procedimento I: O doador passará por internação hospitalar e será anestesiado em centro cirúrgico. A medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções (pequenas perfurações feitas com agulha). Serão retirados aproximadamente de 500 a 700 ml da medula. Os doadores retornam às suas atividades habituais cerca de uma a duas semanas após a doação. O tempo mínimo de internação hospitalar é de 24 horas.
– Procedimento II: A coleta das células-tronco hematopoiéticas será feita diretamente do sangue periférico e para isso o doador recebe algumas doses de medicação injetável que estimula a migração destas células da medula para o sangue, permitindo sua retirada por meio do procedimento de aférese (doação automatizada), através de uma punção venosa, parecido com o processo de doação de sangue. Neste caso, não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos por via sanguínea.
A medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples.
Já o receptor deve se submeter a um tratamento que destrói as células sanguíneas doentes de sua medula óssea, e receber as células sadias como se fosse uma transfusão de sangue. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos, devendo ser mantido internado no hospital recebendo cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos.
Cadastre-se no REDOME e seja um doador de medula óssea!
Fontes:
Prefeitura de Divinópolis (MG)
REDOME/Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios