Celebrado anualmente em 18 de fevereiro, desde o ano de 2007, o Dia Internacional da Síndrome de Asperger é uma iniciativa para conscientizar a população sobre este que é classificado como um transtorno do espectro autista e atinge cerca de 2% da população.
O dia 18/02 foi escolhido em homenagem ao aniversário de Johann Hans Friedrich Karl Asperger, pediatra, psiquiatra e pesquisador austríaco da Universidade de Viena, que estudava crianças consideradas “anormais” e quem primeiro descreveu as características dessa síndrome, em 1944.
No entanto, a escolha da data vem sendo questionada, pois, historiadores encontraram dados que apontam ligações e contribuições de Hans Asperger ao nazismo, em seu empenho para eliminar crianças com deficiências, na busca de uma “raça pura”.
A síndrome de Asperger tornou-se um termo diagnóstico oficial em 1992 com sua inclusão na 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID10) e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais de 1994, 4ª Edição (DSM-4) na América. Foi retirado nas edições seguintes dessas publicações, ao ser incorporado ao diagnóstico de “transtorno do espectro do autismo”, desde 2013.
Trata-se de um distúrbio relacionado ao desenvolvimento do cérebro que afeta a forma como uma pessoa percebe e socializa com os outros. Provoca dificuldades de interação social, desafios de comunicação e comportamentos repetitivos.
Distingue-se do autismo clássico por que seus sinais são menos graves e não há atrasos de linguagem, como em uma forma mais branda de autismo. Indivíduos com Asperger estão interessados em interação social, mas podem ser socialmente desajeitados ou não familiarizados com as regras sociais convencionais.
Indivíduos com Asperger muitas vezes lutam com sinais sociais e podem ter interesses concentrados e intensos. Muitos também possuem inteligência acima da média e se destacam em áreas orientadas para detalhes. As sensibilidades sensoriais também são comuns, sendo certos estímulos esmagadores.
A experiência de cada indivíduo com a síndrome de Asperger é única, mas o diagnóstico precoce e o apoio são cruciais para gerir os desafios e aproveitar os pontos fortes. O Dia Internacional da Asperger visa destacar os talentos e capacidades únicos dos indivíduos com Asperger e promover a compreensão e aceitação dentro da comunidade em geral.
As causas da Síndrome ainda não são totalmente compreendidas e acredita-se que possa ser provocada por um conjunto de fatores neurobiológicos que afetam o desenvolvimento cerebral.
Os primeiros sinais podem aparecer nos primeiros anos de vida da criança, mas raramente são valorizados pelos pais como algo negativo, especialmente se as manifestações forem leves. A grande maioria dos diagnósticos é feita na fase escolar, quando a dificuldade de socialização, considerada a característica mais significativa do distúrbio, manifesta-se com maior intensidade, juntamente com o desinteresse por tudo que não se relacione com o hiperfoco de atenção.
Ressalta-se que pais e responsáveis atentos às alterações de desenvolvimento já nos bebês, ou o mais precocemente possível, tornam maiores as chances de que os casos tenham um prognóstico mais favorável.
Principais características:
– Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em detrimento de outras atividades.
– Rituais ou comportamentos repetitivos.
– Peculiaridades na fala e na linguagem.
Dificuldades na socialização (baixa capacidade de fazer amizades).
– Maneira peculiar de pensar e atuar, muitas vezes com linguagem pouco usual; e com dificuldade de entender uma linguagem mais abstrata ou figurativa.
– Conversa unilateral, geralmente sem muita troca com o interlocutor.
– Intenso foco em determinado assunto ou conhecimento. Ainda que muitas vezes possam mostrar-se extremamente capazes intelectualmente em uma determinada área, podem vir a apresentar inclusive dificuldades de aprendizagem em questões fora do foco determinado, principalmente quando é exigida uma compreensão mais simbólica.
– Falta de empatia, por apresentarem dificuldades em se colocar no lugar do outro, de entenderem as necessidades e perspectivas emocionais daqueles.
– Alguns apresentam movimentos descoordenados.
– Muitos se isolam em “seus próprios mundos”.
– A interpretação literal é outro traço comum, tendo dificuldade em identificar ironias, gírias, sarcasmo e metáforas.
Não existe tratamento específico ou cura para a síndrome de Asperger. O objetivo principal é aliviar os sintomas com terapias que abordem os três sintomas básicos: baixa capacidade de comunicação, rotinas obsessivas ou repetitivas e imperícia física.
É importante a avaliação de um especialista e cada vez mais está comprovado o quanto essas crianças e mesmo adultos dentro do espectro se beneficiam de terapias de abordagem psicanalítica. Estas não se dedicam a ensinar ao portador da síndrome como ser “normal’, com respostas adequadas e convenientes ao mundo: elas os auxiliam ao ouvi-los como indivíduos, ajudando-os na busca da subjetividade, e no encontro de maneiras próprias de estar no mundo sem tanto sofrimento e angústia.
Fontes:
Grupo Santa Casa de Franca (SP)
HappyMind Training Ltd – Reino Unido
National Autistic Society Reino Unido
Rádio Senado
Sociedade de Pediatria de São Paulo
