As doenças bucais são um grande problema de saúde para muitos países e impactam negativamente as pessoas ao longo da vida. Essas condições provocam dor e desconforto, isolamento social e perda de autoconfiança, e frequentemente, associam-se a outros problemas graves de saúde. No entanto, a maioria dos problemas bucais são evitáveis e podem ser tratados nas suas fases iniciais.
O Dia Mundial da Saúde Oral foi declarado em 2007 e originalmente era celebrado em 12 de setembro – data de nascimento do fundador da FDI World Dental Federation, Dr. Charles Godon. No entanto, a campanha só foi totalmente efetivada em 2013, após a data ser alterada para 20 de março, a fim de evitar conflito com o FDI World Dental Congress, que ocorria em setembro.
A nova data foi escolhida para refletir sobre:
– Idosos devem ter um total de 20 dentes naturais no final da vida para serem considerados saudáveis;
– Crianças devem ter 20 dentes de leite;
– Adultos saudáveis devem ter um total de 32 dentes e 0 cáries dentárias.
Expresso em uma base numérica, pode ser traduzido como 20/03, portanto, 20 de março!
Em 2024, tem início uma campanha de três anos sob a temática “uma boca feliz é um corpo feliz”, destacando a intrincada correlação entre a saúde oral e o bem-estar geral.
Por meio da data comemorativa, é possível ajudar a reduzir o fardo das doenças orais que afetam os indivíduos, os sistemas de saúde e as economias, em todo o mundo, envolvendo os diversos atores que podem influenciar a melhoria das condições de saúde oral, tais como:
– Indivíduos, para que tomem medidas pessoais;
– Escolas e grupos de jovens, para que realizem atividades educativas sobre saúde oral;
– Profissionais de saúde oral e a comunidade de saúde em geral, para que eduquem as populações a que atendem;
– Governos e tomadores de decisão política, para que defendam uma melhor saúde oral para todos.
No Brasil, a terceira edição da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal havia sido planejada para começar em 2020, mas foi adiada devido à pandemia. O levantamento está realizando entrevistas e exames bucais indolores em 422 cidades brasileiras, sendo 27 capitais e 395 cidades do interior. São examinados e entrevistados em seus domicílios crianças de 5 e de 12 anos, adolescentes de 15 a 19 anos, adultos de 35 a 44 anos e idosos de 65 a 74 anos, sorteados de forma aleatória.
Os resultados preliminares da Pesquisa indicam que há muitos brasileiros precisando ir ao dentista com urgência. Entre os idosos (65 a 74 anos), 44,9% necessitam de algum tipo de tratamento imediato, devido à dor ou infecção dentária de origem bucal.
Entre os adultos de 35 a 44 anos, foi identificada a necessidade de realizar ao menos um procedimento odontológico eletivo em 48,4% dos adultos examinados. Também chama atenção a alta proporção do componente ‘cariado’, o que significa que, no momento do exame, a pessoa tinha ao menos uma cárie não tratada.
A Política Nacional de Saúde Bucal, conhecida como Brasil Sorridente, oferece acesso a serviços odontológicos de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS). Esses serviços são ofertados em Unidades Básicas de Saúde, que são a porta de entrada do cidadão para o atendimento odontológico. Conforme a necessidade, o atendimento poderá ser realizado nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e hospitais. Além desses serviços, o Brasil Sorridente conta com Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD), que colaboram com a confecção laboratorial de próteses dentárias.
O Brasil Sorridente também é realizado através de diversas ações e programas do Ministério da Saúde, como por exemplo: Brasil Sorridente Indígena, Programa Saúde na Escola, Plano Nacional para Pessoas com Deficiência, Programa Melhor em Casa e Fluoretação das Águas de Abastecimento Público, entre outras. Além disso, o programa coopera com ações para a qualificação profissional e científica dos profissionais e para a educação em saúde da população.
Em maio de 2023, foi promulgada a Lei nº 14.572 que incluiu na Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8080/1990) a Política Nacional de Saúde Bucal – um conjunto de diretrizes que configura modelo de organização e atuação direcionado à atenção à saúde bucal no País e que se constitui em instrumento para orientar as ações direcionadas à produção social da saúde bucal e, especificamente, as ações odontológicas em todos os níveis de atenção à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
O ato reconhece a importância do acesso ao atendimento odontológico no SUS e reforçou o compromisso do Governo Federal com o cuidado integral da população brasileira.
Problemas bucais mais comuns:
– Cárie: desintegração do dente provocada pela higiene inadequada, ingestão de doces e carboidratos ou, ainda, por complicações de outras doenças que diminuem a quantidade de saliva na boca. (Ex.: pessoas em tratamento quimioterápico ou radioterápico para o câncer);
– Lesões bucais e aftas: inchaços, manchas ou feridas na boca, língua ou lábios. Podem ser provocadas por herpes labial, candidíase (sapinho) e próteses (dentaduras) mal ajustadas;
– Mau hálito: tem várias causas, dentre elas: higiene bucal inadequada (falta de escovação adequada e falta do uso do fio dental), gengivite, ingestão de certos alimentos como alho ou cebola, tabaco, produtos alcoólicos; boca seca (causada por certos medicamentos, por distúrbios ou por menor produção de saliva durante o sono); doenças sistêmicas como câncer, diabetes, problemas com o fígado e rins.
Além desses fatores, a língua possui diversas papilas gustativas entre as quais se formam criptas, ou seja, saquinhos que retêm resíduos de alimentos, células descamadas que começam a fermentar, formando uma placa bacteriana esbranquiçada que aparece no fundo da língua, em direção à ponta, a chamada saburra lingual, que é, sem dúvida, a principal causa do mau hálito.
– Gengivite: inflamação da gengiva provocada pela placa bacteriana;
– Placa bacteriana: é o conjunto de bactérias que colonizam a cavidade bucal. A placa bacteriana fixa-se principalmente nos locais de difícil limpeza, como a região entre a gengiva e os dentes ou a superfície dos dentes de trás, provocando cáries e formação de tártaro;
– Tártaro: é o endurecimento da placa bacteriana na superfície dos dentes;
– Câncer de boca: (também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral) é um tumor maligno que afeta lábios, estruturas da boca, como gengivas, bochechas, céu da boca, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo da língua.
Prevenção de problemas bucais:
– Eliminar a placa bacteriana por meio da escovação adequada e do uso do fio dental;
– Limpar a língua, utilizando um raspador, a fim de retirar a saburra lingual;
– Usar racionalmente o açúcar, evitando o consumo excessivo de doces;
– Utilizar adequadamente o flúor, com cremes dentais fluorados;
– Evitar o uso de próteses mal ajustadas;
– Evitar o fumo e o consumo de bebidas alcoólicas;
– Realizar autoexame da boca, com atenção a lesões que permanecem por mais de 14 dias. O câncer de boca é indolor e silencioso. É preciso estar atento a aftas que não cicatrizam e não doem, que podem ocultar a doença;
– Ir ao dentista regularmente.
Fontes:
American Dental Association
Conselho Federal de Odontologia
Faculdade de Odontologia da USP
FDI World Dental Federation
Instituto Nacional do Câncer (INCA)
Ministério da Saúde 1
Ministério da Saúde 2
Telessaúde Sergipe