Em 30 de março de 2014 teve início a campanha do Dia Mundial do Transtorno Bipolar. Organizada pela International Society for Bipolar Disorders (ISBD), em conjunto com a International Bipolar Foundation (IBPF) e com a Asian Network of Bipolar Disorder (ANBD), a comemoração anual traz reflexões importantes, tais como, aumentar a conscientização e a aceitação da doença, promover a excelência no seu atendimento clínico e o financiamento de pesquisas e, fundamentalmente, eliminar o estigma social.
O transtorno bipolar é uma doença cerebral que causa mudanças anormais de humor, energia e níveis de atividade, além de afetar a capacidade de levar adiante tarefas do dia a dia.
Sua causa exata é desconhecida, mas estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em determinadas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores, como noradrenalina e serotonina. Esse desequilíbrio reflete uma base genética ou hereditária para o transtorno, que tem como principais características episódios depressivos alternados com episódios de euforia (também chamada de mania ou hipomania, dependendo da intensidade e da duração) e casos em que há uma mescla dos episódios depressivos com os de euforia.
A fase de euforia caracteriza-se por sintomas como:
– Sensação de extremo bem-estar;
– Aceleração do pensamento e da fala;
– Agitação e hiperatividade;
– Diminuição da necessidade de sono;
– Aumento da energia;
– Diminuição da concentração;
– Euforia ou irritabilidade;
– Desinibição;
– Impulsividade;
– Ideias de grandiosidade e sensação de “poder”.
A fase de depressão caracteriza-se por:
– Alterações de apetite com perda ou ganho de peso;
– Humor deprimido na maior parte dos dias;
– Fadiga ou perda de energia;
– Apatia, perda de interesse ou prazer;
– Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio;
– Agitação ou retardo psicomotor;
– Sentimento de culpa ou inutilidade;
– Desânimo e cansaço mental;
– Tendência ao isolamento tanto social como familiar;
– Ansiedade e irritabilidade.
Diagnóstico:
O diagnóstico costuma ser bastante difícil e pode demorar até dez anos para ser estabelecido devido a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, desconhecimento sobre como a doença se manifesta, tanto por ser pouco conhecida quanto pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão, preconceito e autoestigmatização. O histórico do indivíduo é decisivo para o diagnóstico, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais ou passados de depressão, histórico familiar de perturbação do humor ou suicídio e ausência de resposta ao tratamento com antidepressivos alertam para o diagnóstico do transtorno bipolar.
Tratamento:
Transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. O tratamento inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como o fim do consumo de substâncias psicoativas, (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo), o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e sono e redução dos níveis de estresse.
A adesão ao tratamento é fundamental para:
– Reduzir as chances de recorrência de crises;
– Controlar a evolução do transtorno;
– Reduzir as chances de suicídio;
– Reduzir a intensidade de eventuais episódios;
– Promover uma vida mais saudável.
O transtorno bipolar tem alto impacto na vida da pessoa e de seus familiares, trazendo significativo comprometimento dos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas. O avanço dos medicamentos que tratam a doença diminuiu bastante o tempo que era dispendido em hospitalizações fazendo com que o tratamento domiciliar, centrado no cuidado da família e dos amigos seja de suma importância no suporte ao paciente.
A psicoterapia familiar é indicada para que pacientes e familiares consigam identificar, em suas relações cotidianas, atitudes e comportamentos que possam predispor ao desencadeamento dos sintomas. As atividades de orientação psicoeducacional, por sua vez, concorrem de forma significativa para difundir e compartilhar informações sobre a doença e seu tratamento entre todos os envolvidos.
O dia escolhido para a celebração, 30 de março, é a data de aniversário de Vincent Van Gogh, pintor holandês nascido em 1853, postumamente diagnosticado como provável portador do Transtorno Bipolar.
Fontes:
Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos do Humor (ABRATA)
Dr. Dráuzio Varella
Hospital Nossa Senhora da Conceição de Pará de Minas (MG)
International Bipolar Foundation
International Society for Bipolar Disorders (ISBD)
Sindicato dos Trabalhadores nas Fundações Públicas de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Privação de Liberdade do Estado de São Paulo