ABUSO DE DROGAS


PROBLEMA SOCIAL

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MEDEIROS, Regina. Construção social das drogas e do crack e as respostas institucionais e terapêuticas instituídas. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 105-117, jan./mar. 2014. Disponível em Scielo

Este artigo é produto parcial de uma pesquisa realizada na região metropolitana de Belo Horizonte com o objetivo de compreender os mecanismos sociais e simbólicos envolvidos na relação entre o tráfico do crack e a disseminação da violência, o uso compulsivo dessa substância, os tratamentos e os serviços de atenção ao usuário. Foram utilizados métodos quantitativos e qualitativos, com análise dos inquéritos policiais, entrevistas com policiais, traficantes, profissionais, pacientes e gestores das instituições que prestam atendimento ao usuário de crack. Pretende-se discutir a construção social do problema das drogas; as imagens negativas construídas socialmente sobre o crack e sobre os usuários da substância; as respostas institucionais que, baseadas nos modelos biomédicos, religiosos e jurídicos propõem, gerenciam e legitimam protocolos burocráticos homogêneos para diferentes tipos de usuários. As representações construídas socialmente interferem diretamente no insucesso do processo terapêutico, na descrença e nas frustrações da equipe de profissionais e nas frequentes recaídas e reinternações dos pacientes, particularmente dos usuários de crack. Além de reproduzir uma política proibicionista obsoleta, reforçar preconceitos, provocar medidas coercitivas e discriminatórias, preterindo os direitos de cidadania.


TRATAMENTO

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PAULA, Milena Lima de; JORGE, Maria Salete Bessa; ALBUQUERQUE, Renata Alves; QUEIROZ, Leonardo Macedo de. Usuário de crack em situações de tratamento: experiências, significados e sentidos. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 118-130, jan./mar. 2014. Disponível em Scielo

O consumo de substâncias capazes de alterar o comportamento, a consciência e o humor dos sujeitos é milenar. A família, juntamente com a escola e os amigos, exerce função de socialização primária de crianças e adolescentes e pode funcionar como fator de proteção ou de risco. O presente estudo teve como objetivo analisar os significados, sentidos e experiências dos familiares relacionados ao usuário de crack em situação de tratamento. Trata-se de um estudo qualitativo, crítico e reflexivo, realizado com trabalhadores do Centro de Atenção Psicossocial, álcool e outras drogas (CAPSad), bem como usuários de crack em tratamento e seus familiares. Para coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada. Além disso, utilizou-se a análise de conteúdo, a qual possibilitou estabelecer convergências, divergências e complementaridades. Percebe-se que os familiares atribuem sentidos e significados relacionados ao usuário de crack bastante negativos, e isso acontece, muitas vezes, em decorrência de uma relação familiar conflituosa, marcada pela perda de vínculos familiares do usuário. No entanto, quando o familiar passa a ser alvo de intervenções realizadas pelo CAPSad, há uma mudança de significados em relação ao usuário, o que melhora o relacionamento familiar e contribui para a manutenção do tratamento do ente que faz uso de crack. Diante do exposto, conclui-se pela importância de se trabalhar os sentidos e significados dos familiares atribuídos aos usuários de crack em tratamentos relacionados ao uso da droga.