O Dia Mundial da Prematuridade, comemorado em 17 de novembro, é promovido desde 2008 pela European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI) e por organizações europeias de pais.
O movimento, hoje, reúne mais de cem países com atividades, eventos especiais e o comprometimento com ações que ajudam a abordar a questão dos partos prematuros e a melhorar a situação dos bebês e de suas famílias.
É preciso aumentar a conscientização sobre os desafios e o fardo dos nascimentos prematuros, globalmente, tendo em vista seu crescente aumento, bem como prevenir e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado para o bebê, para sua família e para a sociedade.
A cor roxa, adotada pela campanha, simboliza a sensibilidade e a individualidade, características que são muito peculiares aos bebês prematuros. Além da cor, o cordão de meias se tornou uma marca da data. O pequeno par de meinhas roxas – emoldurado por nove meias de bebê de tamanho normal – simboliza que 1 em cada 10 bebês nasce prematuro, no mundo todo.
O tema da celebração em 2024 chama a atenção para a necessidade de garantir equidade no acesso à saúde, para as gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos. Que seja de qualidade, para todos, em todos os lugares!
De acordo com a organização não-governamental Prematuridade.com, a prematuridade é a maior causa de mortalidade infantil entre crianças menores de cinco anos. O Brasil é um dos países com maior número de nascimentos antes das 37 semanas (12% do total, o dobro do índice de países europeus). No País, 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, o equivalente a 931 por dia ou a 6 prematuros a cada 10 minutos.
Prematuridade é o nascimento antes de 37 semanas de gestação, cuja duração completa é entre 37 e 42 semanas, ou 9 meses.
Os bebês prematuros podem ser classificados em 3 categorias:
– Prematuros extremos: os que nascem antes das 28 semanas e correm mais risco de vida do que os bebês que nascem algum tempo depois, pois apresentam um estado de saúde muito frágil.
– Prematuros intermediários: os que nascem entre 28 e 34 semanas e constituem a maior parte dos prematuros.
– Prematuros tardios: os que nascem entre 34 até 37 semanas. Este é um grupo que aumentou bastante no Brasil nos últimos anos e que preocupa em termos de saúde pública.
Quanto mais prematuro for o bebê, mais imaturos serão os seus órgãos e maior será o risco de complicações, especialmente aqueles nascidos antes de 34 semanas de gestação.
Bebês prematuros também são diferenciados em termos de estatura e peso, anormalmente pequenos para a idade gestacional. Baixo peso ao nascer se refere a bebês que nascem pesando menos de 2.500 gramas; muito baixo peso ao nascer para bebês com menos de 1.500 gramas. O conceito de pequeno para a idade gestacional descreve bebês que são menores do que a média usual para o número de semanas de gravidez.
Causas da prematuridade:
A prematuridade é um problema multifatorial. Alguns fatores de risco são “modificáveis”, ou seja, podem ser alterados, enquanto outros não. No entanto, em cerca de 50% dos casos, nenhuma causa para o bebê nascer muito cedo pode ser identificada.
Condições médicas:
– Histórico de gravidez: uma mãe que já teve um bebê prematuro corre maior risco de ter outro parto prematuro na próxima gravidez.
– Gravidez múltipla: a gravidez de mais de um bebê tem maior propensão ao parto prematuro.
– Tecnologias de reprodução assistida: tratamentos reprodutivos estão associados a gestações múltiplas e, portanto, ao parto prematuro.
– Anormalidades uterinas ou cervicais: colo uterino curto pode favorecer o parto prematuro, pois, durante a gravidez, o colo gradualmente amolece e diminui de comprimento conforme o bebê cresce para preparar o parto. Como consequência, o colo pode começar a abrir muito cedo.
– Infecções e condições crônicas: infecções do útero, do trato urinário ou vaginose bacteriana; ou doenças não transmissíveis, como diabetes, pressão alta, asma ou distúrbios renais e cardíacos.
– Complicações na gravidez: diabetes gestacional e pré-eclâmpsia são dois exemplos de complicações típicas da gravidez. Devido à pré-eclâmpsia, as mulheres podem precisar dar à luz mais cedo para evitar sérios problemas de saúde para a mãe e para o bebê.
– Influência genética: genótipos fetais e maternos específicos estão associados ao risco de parto prematuro.
Causas modificáveis:
– Estilo de vida: fatores como dieta desequilibrada, baixo peso ou obesidade, tabagismo, consumo de álcool ou drogas e alto nível de estresse.
– Assistência médica: ausência de cuidados pré-natais ou sua realização tardia podem inibir a identificação e as medidas terapêuticas em um estágio inicial.
– Ambientais: exposição a poluentes, como poluição atmosférica e produtos químicos ambientais, mas também a fatores de risco associados às alterações climáticas, como o aumento da temperatura e as ondas de calor.
– Cesáreas eletivas, agendadas sem indicação médica.
Fatores demográficos:
– Idade: mulheres particularmente jovens (< 17) ou mais velhas (> 35) correm maior risco de parto prematuro.
– Determinantes sociodemográficos: desvantagens socioeconômicas (baixo nível de educação, baixa renda, pouco apoio social) podem influenciar no nascimento prematuro.
– Etnia: há taxas mais altas de parto prematuro entre as mulheres negras.
Complicações causadas pela prematuridade:
Quanto mais prematuro for o bebê, mais imaturos serão os seus órgãos e maior será o risco de complicações.
Nascidos antes de 34 semanas de gestação:
– Dificuldade para manter a temperatura: hipotermia (temperatura abaixo de 36,5º C) é comum nesses bebês, e a incubadora ou berço fazem o papel de aquecê-lo na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Quando o bebê está estável, pode ser feito o contato pele a pele com os pais (método canguru);
– Dificuldade para respirar: os pulmões ainda não produzem adequadamente uma substância chamada surfactante e por isso não conseguem fazer as trocas gasosas e a oxigenação corretamente. Isso faz com que os bebês precisem de aparelhos que os ajudem a respirar. Existem medicações que ajudam a amadurecer os pulmões;
– Dificuldade para se alimentar: bebês prematuros têm dificuldade para coordenar a respiração com a sucção e a deglutição e, no período de internação recebem o leite da mãe através de sonda gástrica.
Nascidos com menos de 32 semanas de gestação ou com peso inferior a 1,5 kg:
– Hemorragia peri-intraventricular: rompimento de vasos do cérebro, que são muito finos e causam hemorragias. Em geral são pequenas e absorvidas sem deixar sequelas. No caso das mais extensas, é preciso acompanhamento especializado;
– Retinopatia da prematuridade: crescimento desorganizado dos vasos sanguíneos que chegam à retina. Pode evoluir sem sequelas, mas em alguns casos é necessário tratamento e cirurgia e em quadros muito graves, pode causar cegueira.
Prevenção:
A prevenção da prematuridade se inicia antes mesmo da gestação, com o planejamento familiar adequado, seguido do acompanhamento pré-natal, que busca assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e atividades educativas e preventivas.
– Cuidados pré-natais adequados: é fundamental iniciar o acompanhamento médico pré-natal o mais cedo possível após a confirmação da gravidez. As consultas regulares permitem ao médico monitorar o progresso da gestação e identificar qualquer sinal de risco.
– Estilo de vida: adotar um estilo de vida saudável ajuda a garantir uma gravidez saudável. Isso inclui uma dieta equilibrada rica em nutrientes, a ingestão adequada de água, a prática de exercícios físicos leves (sempre com orientação médica), evitar fumar e consumir álcool, e reduzir o estresse.
– Controle das condições clínicas: se a gestante tiver condições médicas pré-existentes, como diabetes ou hipertensão, é importante mantê-las sob controle e seguir o tratamento recomendado pelo médico.
– Evitar infecções: Tomar medidas para prevenir infecções durante a gravidez é crucial. Isso inclui lavar as mãos regularmente, evitar contato com pessoas doentes e seguir as orientações médicas sobre vacinação, em especial, contra a gripe e a rubéola.
– Planejamento familiar: Espaçar as gestações adequadamente pode reduzir o risco de prematuridade. Conversar com um profissional de saúde sobre o planejamento familiar e os intervalos adequados entre as gestações é importante.
– Evitar substâncias nocivas: Evitar o uso de drogas ilícitas e substâncias tóxicas é fundamental para a saúde do bebê e para a prevenção da prematuridade.
Fontes:
Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros (Prematuridade.com)
Dr. Dráuzio Varella
European Foundation for the Care of Newborn Infants (EFCNI)
Ministério da Saúde
Pastoral da Criança