Agenda 2030: estudo avalia evolução de 40 indicadores de saúde no Brasil e Equador


Uma parceria entre pesquisadores do Reino Unido, Brasil e Equador resultou em artigo publicado na revista Public Health, que analisa a evolução dos 40 indicadores relacionados à saúde, ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), nos dois países americanos. A pesquisa, com participação do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos em Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), foi conduzida pela Unidade Pesquisa em Determinantes Sociais e Ambientais das Desigualdades em Saúde (Sedhi), financiada pela agência britânica NIHR, que, alinhada com o monitoramento do progresso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, visa contribuir para o conhecimento sobre saúde global.

“A partir dos dados utilizados, identificamos que, entre os anos de 1990 e 2019, Brasil e Equador reduziram substancialmente tanto a desnutrição crônica (stunting) quanto a desnutrição aguda (wasting), as taxas de mortalidade neonatal, as prevalências de doenças tropicais negligenciadas, as incidências de tuberculose e malária e as taxas de mortalidade atribuíveis à água, esgotamento sanitário e higiene inseguros. Ambos os países ampliaram largamente a cobertura vacinal, em torno de 200%”, explica a pesquisadora da Universidade Federal de Minas gerais (UFMG), vinculada a Unidade de Pesquisa da Sedhi, e co-autora do artigo, Laís Cardoso.

O Índice dos ODS mostrou uma mudança percentual positiva de 46% no Brasil e de 24% no Equador entre 1990 e 2019. Análises de tendência de 1990 a 2017 e projeções até 2030 indicam que ambos os países aumentarão seu Índice dos ODS em 70 para o Brasil e 65 para o Equador.

“Quando abordamos especificamente Brasil e Equador, a cooperação Sul-Sul emerge com uma importante ferramenta. Entendemos que, embora as metas da Agenda 2030 e respectivos indicadores para o desenvolvimento sustentável sejam de âmbito global, seu cumprimento se dá e depende dos contextos regionais e das capacidades locais. E estas capacidades podem ser fortalecidas ou ampliadas por meio da realização de alianças entre as nações”, aponta Cardoso.

O estudo foi realizado a partir de uma colaboração entre pesquisadores, no Brasil, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Cidacs/Fiocruz Bahia; no Equador, da Escola de Medicina da Universidade Internacional do Equador; e, no Reino Unido, da Faculdade de Epidemiologia e Saúde da População da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres; da Universidade de Washington; da Universidade de Londres; e da Universidade de Glasgow.

A Unidade Pesquisa em Determinantes Sociais e Ambientais das Desigualdades em Saúde (SEDHI) do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados (NIHR, na sigla em inglês) visa desenvolver investigações sobre os impactos das políticas públicas nas desigualdades sociais em saúde. A Sedhi busca contribuir para o campo da saúde global construindo e desenvolvendo fontes de dados e qualidade no Brasil e no Equador, criando e aprimorando metodologias de análise rigorosas e em grande escala, e através de abordagens inovadoras que permitam descobertas com potencial para apoiar a tomada de decisões coletivas e individuais para melhorar a saúde da população.

 

O artigo “Sustainable Development Goals’ health-related indicators for Brazil and Ecuador: an analysis for the period of 1990–2019” está disponível aqui!

 

Fonte:

Luire Campelo (Cidacs/Fiocruz) / Agência Fiocruz de Notícias