ALEITAMENTO MATERNO


003
GOMES, Marisa Monteiro; REBELO, Susana Patrícia Leal. Aleitamento materno e a prevenção da doença alérgica: uma revisão baseada na evidência. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Lisboa, v. 35, n. 3, p. 203-209, jun. 2019. Disponível em Scielo

Introdução: As doenças alérgicas estão entre as patologias mais comuns que afetam as crianças, tendo um impacto considerável na qualidade de vida dos doentes e/ou cuidadores. O leite materno é o alimento de eleição no primeiro ano de vida, com vários benefícios demonstrados. Contudo, o seu papel na prevenção de doenças alérgicas é controverso. Objetivo: Comparar o efeito do aleitamento materno (AM) com o do leite adaptado ou misto na redução da doença alérgica nas crianças até aos 18 anos de idade. Fonte de dados: Base de dados MEDLINE e sítios eletrónicos de medicina baseada na evidência. Métodos de revisão: Pesquisa de estudos publicados entre janeiro de 2007 e março de 2017, em português, inglês e espanhol, utilizando os termos MeSH breast feeding, atopic dermatitis, allergic rhinitis, asthma e food hypersensivity. Para avaliação da qualidade dos estudos e força de recomendação foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy, da American Family Physician (SORT). Resultados: Da pesquisa obtiveram-se 307 artigos, dos quais sete preencheram os critérios de inclusão: uma meta-análise, uma revisão sistemática, dois ensaios clínicos aleatorizados, um estudo observacional e duas normas de orientação clínica. Globalmente, o AM parece ter um efeito protetor relativamente ao aparecimento de dermatite atópica até aos dois anos de idade, apesar de alguns estudos não demonstrarem qualquer associação. Em relação à rinite alérgica, o AM foi protetor até aos cinco anos de idade e na asma até aos 18 anos. Por fim, para alergia alimentar não foi encontrada associação com o AM. Conclusão: O AM tem efeito protetor no aparecimento de asma (SORT A) e rinite alérgica (SORT B). Relativamente à alergia alimentar e à dermatite atópica, os resultados são controversos. Assim, não é possível confirmar o seu efeito protetor (SORTB). São, portanto, necessários mais estudos de boa qualidade e por períodos mais alargados.