ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA; HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
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VALADÃO, Patrícia Aparecida da Silva; LINS, Liliane; CARVALHO, Fernando Martins. Melhor no passado: a verdadeira saúde da família. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 193-206, jan./mar. 2019. Disponível em Scielo
Buscou-se avaliar os limites da Estratégia Saúde da Família (ESF) a partir do cotidiano de trabalho de seus profissionais. Neste estudo qualitativo, realizaram-se entrevistas individuais semiestruturadas com 16 profissionais da equipe de Saúde da Família de um município da região metropolitana de Salvador, Bahia. O exame dos dados utilizou a análise de conteúdo proposta por Bardin e os referenciais da Política Nacional de Atenção Básica e da Política Nacional de Humanização para Atenção Básica. Identificaram-se duas categorias: a atenção básica (AB) do Sistema Único de Saúde (SUS) e a cogestão e humanização na AB. Na primeira categoria, evidenciou-se o contexto atual que permeia a AB, caracterizando os desafios que se apresentam no cotidiano de trabalho dos profissionais da ESF e as dificuldades encontradas para mudar o modelo de atenção à saúde. Na segunda categoria, destacaram-se as condições concretas em que se realizam as práticas no cotidiano de trabalho, indo de encontro aos pressupostos da humanização. Os problemas apresentados evidenciam descaracterização da AB, contradizem os preceitos da ESF e revelam dificuldades na proposta de reorientação do modelo de saúde.
REGIONALIZAÇÃO; POLÍTICAS DE SAÚDE
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BOUSQUAT, Aylene et al. A atenção primária em regiões de saúde: política, estrutura e organização. Cadernos de Saúde Pública [online], v. 35, supl. 2, 2019. Disponível em Scielo
A atenção primária à saúde (APS) concebida como coordenadora do cuidado e ordenadora da rede regionalizada de atenção à saúde (RAS) é um dos condicionantes da dinâmica regional da saúde. O objetivo do artigo é identificar as dimensões política, de estrutura e de organização da APS em diferentes regiões do Brasil; assume-se que estas dimensões podem explicar, se não o todo, pelo menos parte importante do funcionamento da APS em cenário regional. Foram realizadas 84 entrevistas com atores-chave em cinco regiões de saúde. Essas regiões foram selecionadas com base na diversidade de situações socioeconômicas, territoriais e de organização do sistema de saúde. Apesar da heterogeneidade das RAS, notam-se traços comuns. Na dimensão da política, observou-se fragilidade na cooperação intergovernamental e no protagonismo da esfera estadual, além da incapacidade da Comissão Intergestores Bipartite em se configurar como espaço de planejamento e pactuação. Na dimensão estrutura ficou clara a insuficiência de condições que assegurem minimamente a execução de funções essenciais da APS. Pontos críticos são escassez, má distribuição e problemas de qualificação de recursos humanos, além do subfinanciamento das ações. Na dimensão organização são visíveis as dificuldades para se romper a fragmentação dos serviços. A APS não consegue assumir seu papel de coordenadora do cuidado, e observa-se a ausência de um modus operandi capaz de atender às necessidades dos usuários considerando as especificidades de cada região. A superação dos constrangimentos identificados é central para o fortalecimento do próprio SUS como sistema público, universal, equânime e integral.
VIOLÊNCIA URBANA; AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE; VÍNCULO
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ALMEIDA, Juliana Feliciano de; PERES, Maria Fernanda Tourinho; FONSECA, Thais Lima. O território e as implicações da violência urbana no processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde em uma unidade básica. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 207-221, jan./mar. 2019. Disponível em Scielo
No contexto da atenção primária à saúde, a violência urbana é um desafio que tem impactado diretamente o setor por conta da localização geográfica dos equipamentos de saúde em áreas de vulnerabilidade e da maior interação dos trabalhadores com situações que colocam em perigo, implícita ou explicitamente, sua segurança. O artigo discute as implicações desse fenômeno no trabalho e na construção dos vínculos estabelecidos entre os agentes comunitários de saúde (ACS) com a população em um território. Foi utilizada a metodologia qualitativa e o referencial teórico das representações sociais para compreender como a execução das políticas de saúde se concretiza no cotidiano à luz das interações, dos conflitos e das decisões que permeiam os contatos com o público na produção do serviço. Como resultado, destacamos que a violência e as representações em torno desta interferem na produção de estratégias de promoção e prevenção e na produção dos vínculos, tornando os canais de negociações mais restritos. É fundamental que o processo de trabalho das equipes de saúde esteja fortalecido com discussões e articulação em rede na minimização dos riscos individuais sobre seus trabalhadores e como possibilidade de efetivação dos pressupostos da integralidade do cuidado e redução das iniquidades.