ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE


COMPORTAMENTOS RELACIONADOS COM A SAÚDE; ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL; OBESIDADE

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FREITAS, Marta et al. Consulta de modificação de estilos de vida nos cuidados de saúde primários. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Lisboa, [online], v. 39, n. 5, p. 478-487, 2023. Disponível em Scielo

A obesidade constitui um dos principais problemas de saúde pública no mundo. O aconselhamento para a mudança de estilos de vida é uma competência fundamental dos médicos de família (MF) e pode contribuir para a prevenção, controlo e redução do risco de complicações de doenças crónicas. A falta de recursos face às necessidades dificultam uma abordagem concertada. Neste sentido, um grupo de profissionais de cuidados de saúde primários organizou-se para implementar uma consulta dedicada a modificação de estilos de vida (MEV), visando um impacto positivo na saúde da sua população. No presente artigo descreve-se o projeto e a sua operacionalização. A consulta de MEV pretende, de forma estruturada, intervir no controlo e alteração de estilos de vida prejudiciais à saúde dos utentes, com o objetivo de reduzir a prevalência do excesso de peso e obesidade na população e, consequentemente, reduzir a incidência de doenças ligadas ao estilo de vida a médio e longo prazo. Este tipo de intervenção, realizada por profissionais treinados, permite individualizar e intensificar a intervenção com recurso a técnicas de entrevista motivacional, o que pode aumentar a taxa de sucesso da mudança comportamental. No futuro seria proveitoso replicar o projeto, estabelecendo novos polos de consulta.

 

EDUCAÇÃO MÉDICA; VIOLÊNCIA DOMÉSTICA; MEDICINA COMUNITÁRIA; PROMOÇÃO DA SAÚDE

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ESTEVEZ OYARZABAL, Yailin; RUIZ HERNANDEZ, José Ramón; BARBEITO BLANCO, Nubia. Competencias profesionales del Equipo Básico de Salud en prevención de violencia intrafamiliar. EDUMECENTRO, Santa Clara, [Cuba], v. 15, e2169, 2023. Disponível em Scielo

Fundamento: la violencia intrafamiliar representa un problema de salud y los profesionales de estas ciencias deben reconocer su existencia y estar debidamente preparados para prevenirla. Objetivo: identificar el nivel de competencia de los equipos básicos de salud en el manejo contra la violencia intrafamiliar en la edad pediátrica desde la atención primaria de salud. Métodos: se realizó un estudio descriptivo transversal en el Policlínico Universitario “Mártires del 10 de Abril”, municipio Corralillo de enero a abril de 2021. Se utilizaron métodos teóricos y empíricos; para recogida de información se empleó el análisis de documentos y examen de competencia a profesionales de salud. Las variables en estudio fueron: categoría ocupacional, años de graduado, dimensiones cognitivas, procedimentales y actitudinales; y competencias profesionales en la prevención contra la violencia intrafamiliar. Resultados: El 52,94 % de los profesionales encuestados tenía más de 5 años de graduados, hubo predominio de residentes de MGI y licenciados en enfermería, respectivamente 44,12 % y 35,29 %. Las dimensiones de competencias en prevención contra la violencia intrafamiliar fueron evaluadas de medianamente adecuadas: la cognitiva en 18 (52,94 %), la procedimental en 21 (61,76 %) y la actitudinal en 24 (70,59 %). Conclusiones: el nivel de desarrollo de competencias profesionales resultó ser medianamente adecuado, como promedio. El diagnóstico realizado evidenció la necesidad de desarrollar competencias profesionales para la prevención contra la violencia intrafamiliar en edad pediátrica.

 

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA; GESTÃO EM SAÚDE; RECURSOS HUMANOS EM SAÚDE

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LOPES, W. P. et al. Contexto sociopolítico e a organização da força de trabalho e oferta de serviços da Atenção Básica. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, [online], v. 21, p. e02005221, 2023. Disponível em Scielo

Com o objetivo de analisar as repercussões do contexto sociopolítico e normativo para a organização do trabalho na Atenção Básica, ao se considerarem a composição, as formas de provimento dos trabalhadores e a percepção de gestores sobre o desempenho conforme o tipo de vínculo, realizou-se um estudo qualitativo em 16 municípios da macrorregião Norte do Paraná. Foram entrevistados coordenadores e secretários de saúde de julho a outubro de 2021. Os achados foram apresentados em três categorias: organização da Atenção Básica; formas de contratação dos profissionais; e percepção dos gestores sobre o desempenho dos trabalhadores conforme o vínculo de trabalho. Há preponderância da Estratégia Saúde da Família na organização do trabalho nos 16 municípios estudados, nos quais se verificou a existência de equipes de Atenção Primária em apenas três. Sobre as formas de contratação, houve aumento de vínculos precários. Quanto à percepção dos gestores a respeito do desempenho relacionado ao tipo de vínculo, fica evidente o ideário de que profissionais terceirizados apresentam maior dedicação quando comparados àqueles que contam com estabilidade. O contexto sociopolítico e normativo interferiu na organização e na forma de provimento dos profissionais, assim como na percepção dos gestores em relação ao desempenho e vínculo de trabalho.

 

MODELOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE; AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE; ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

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CASTANHEIRA, Elen Rose Lodeiro et al. Organização da atenção primária à saúde de municípios de São Paulo, Brasil: modelo de atenção e coerência com as diretrizes do Sistema Único de Saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, [online], v. 40, n. 2, e00099723, 2024. Disponível em Scielo

Este trabalho tem como objetivo analisar os principais padrões de organização das redes municipais de serviços de atenção primária à saúde (APS) e avaliá-los segundo os indicadores de interface entre gestão e gerenciamento local. Trata-se de pesquisa avaliativa que analisou 461 municípios de São Paulo, Brasil, que participaram do Inquérito de Avaliação da Qualidade de Serviços de Atenção Básica (QualiAB) em 2017/2018, classificados segundo a composição dos arranjos organizacionais de 2.472 serviços de APS. Para avaliar os padrões identificados, foram selecionados oito indicadores de gestão e gerenciamento local. Os resultados apontam dois grupos de municípios: homogêneos, com serviços de um mesmo arranjo (43,6%); e heterogêneos, com diferentes arranjos (56,4%). Os grupos foram subdivididos em sete padrões que variaram entre homogêneo-tradicional, homogêneo-Estratégia Saúde da Família, homogêneo-misto e diferentes combinações no grupo heterogêneo. Todos os indicadores apontaram diferenças significativas entre os grupos (p < 0,001), com destaque para o grupo homogêneo-tradicional, com padrão organizacional distante do modelo desejado para uma APS abrangente e resolutiva, enquanto aqueles com unidades de saúde da família (USF), e com unidades básicas com agentes comunitários de saúde e/ou equipes de saúde da família (UBS/USF) demonstraram um padrão mais aproximado desse modelo – com ações de planejamento e avaliação comprometidos com a realidade local e com a qualificação do trabalho. Discute-se a importância das políticas implementadas pela gestão federal e estadual e seu poder de indução na definição do modelo de atenção à saúde na APS dos municípios.

 

SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE; AVALIAÇÃO DO IMPACTO NA SAÚDE

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BARROS, R. D. de; SILVA, L. A.; SOUZA, L. E. P. F. de. Avaliação do impacto da implantação do novo sistema de informações da atenção primária à saúde nos registros de atendimentos e visitas domiciliares no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, p. e00081323, 2024. Disponível em Scielo

A substituição do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB, 1998-2015), a partir de janeiro de 2016, pelo novo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) determinou novas formas de coleta, processamento e uso das informações, com possível impacto nos registros das atividades desenvolvidas na atenção primária à saúde no Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da implantação do novo sistema de informação sobre registros de atendimentos de médicos e enfermeiros, e de visitas domiciliares de agentes comunitários de saúde (ACS) brasileiros entre 2007 e 2019. Para tal, utilizou-se uma abordagem bayesiana de modelo estrutural para séries temporais, com base em uma regressão difusa de espaço-estado. Ao longo do período de 2016 a 2019, foram registrados 463,47 milhões de atendimentos médicos, 210,61 milhões de atendimentos de enfermagem e 1,28 bilhão de visitas de ACS. Seguindo a tendência registrada antes da implantação, seriam esperados 598,86 milhões, 430,46 milhões e 1,5 bilhão de atendimentos de médicos, enfermeiros e visitas de ACS, respectivamente. Em termos relativos, houve um decréscimo de 25% nos atendimentos médicos, 51% nos atendimentos de enfermagem e 15% nas visitas de ACS quando comparado com o valor esperado pelo método bayesiano. O impacto negativo no registro de atendimentos e de visitas domiciliares identificado neste estudo, seja por dificuldade de adaptação ao novo sistema, seja por diminuição de registros indevidos, merece ser alvo de investigação para que se possa, de forma planejada, compreender e superar o desafio da melhoria do sistema de informação da atenção primária.