EFETIVIDADE; RESOLUBILIDADE; GOVERNANÇA EM SAÚDE
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CHAVES, A. C. C.; POÇAS, K. C.; SCHERER, M. D. dos A. Quem faz uma Atenção Primária resolutiva? Governança para a efetividade na resolução de problemas. Trabalho, Educação e Saúde, v. 22, p. e02868275, 2024. Disponível em Scielo
A resolubilidade na Atenção Primária à Saúde diz respeito a quanto ela consegue ser efetiva na resolução de problemas, desafio influenciado pela ação de diferentes agentes e organizações que compõem uma estrutura de governança multinível na implementação da política pública. Este artigo objetivou mapear os agentes com influência no desenvolvimento de uma atenção primária resolutiva, identificando seus papéis. Trata-se de um estudo qualitativo desenvolvido no Distrito Federal por meio de 22 grupos focais, com 245 profissionais das equipes de saúde da família e de saúde bucal. Os dados foram sistematizados no software Atlas.ti 9.0® e analisados segundo o referencial da governança multinível. Há uma rede de governança nos níveis micro, meso e macrossocial, mas os resultados indicam que a responsabilidade pela resolubilidade concerne principalmente aos agentes do nível micro, profissionais das equipes e gerentes locais da atenção primária, com destaque para enfermeiro, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde. Nos demais níveis, agentes estatais e não estatais, de dentro e fora do setor saúde, operam de distintas formas, notadamente tecendo barreiras para a resolução dos problemas. Instâncias que promovam o encontro desses agentes, definindo responsabilidades e mecanismos de atuação conjunta, podem favorecer a resolubilidade na atenção primária e na rede de atenção.
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA; NEOPLASIAS DO COLO DO ÚTERO
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JESUS, A. S. de et al. Coordenação do cuidado ao câncer de colo uterino pela Atenção Primária à Saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 34, p. e34039, 2024. Disponível em Scielo
Trata-se de pesquisa avaliativa sobre a coordenação do cuidado ao câncer de colo uterino (CCU) pela Atenção Primária à Saúde. A pesquisa considerou dois níveis de análise: a gestão municipal e local, mediante análise documental, observação não participante e entrevistas com 19 informantes-chave, sendo seis gestores municipais, quatro enfermeiras, três médicas e seis usuárias. Os dados, produzidos em setembro de 2019, foram processados no software Nvivo 12, e o material empírico cotejado com situação-objetivo que orientou a construção dos resultados. Tanto a gestão municipal quanto local das EqSF alcançaram pontuação intermediária na presente avaliação. Os maiores obstáculos para a gestão municipal foram a realização de Educação Permanente em Saúde acerca da temática e a instituição de espaços de comunicação interprofissional. Para as equipes, foram a pactuação de ações e serviços com os distintos pontos de atenção, desenvolvimento de planos de cuidados e a contrarreferência. A operacionalização efetiva da coordenação do cuidado ao CCU é interdependente de constrangimentos municipais e locais. Esta pesquisa contribuiu com a elaboração de uma situação-objetivo inédita, reunindo elementos embasados em ampla revisão nacional e internacional e devidamente validados por especialistas.
GESTÃO EM SAÚDE; SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE; CONTRATOS
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FOGAÇA, L. Z. et al. Atenção Básica em Saúde em tempos de gestão contratualizada: desafios para sua sustentabilidade no Sistema Único de Saúde brasileiro. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 34, p. e34055, 2024. Disponível em Scielo
A Atenção Básica é acesso preferencial e ordenadora do cuidado na rede de serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, sob responsabilidade da gestão municipal. Historicamente da administração direta, mas nas últimas décadas observa-se crescente transferência do seu gerenciamento por intermédio de contratualizações com instituições não governamentais. Objetivou-se analisar circunstâncias e elementos que motivaram gestores municipais a contratualizar entes privados sem fins lucrativos para gestão da Atenção Básica. Realizou-se pesquisa qualitativa por estudo de caso em seis municípios do estado de São Paulo. Procedeu-se a entrevistas virtuais semiestruturadas com 24 sujeitos, entre gestores, representantes das instituições, assessores regionais do Conselho de Secretários Municipais de Saúde e dos segmentos trabalhador e usuário dos respectivos Conselhos Municipais de Saúde, realizadas entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021. As principais motivações são: 1) redução do impacto na folha de pagamento (lei de responsabilidade fiscal); 2) flexibilidade na administração dos recursos humanos, principalmente na contratação de médicos; e 3) agilidade na aquisição de insumos e equipamentos. Com base nesses resultados e na falta de preocupação desses sujeitos em considerar os atributos da Atenção Básica nas contratações, conclui-se que existe um risco potencial de prejuízos à consolidação dos princípios e diretrizes da Atenção Básica.
SERVIÇOS DE SAÚDE; PESSOAL DE SAÚDE
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SOTO-SCHULZ, Katherine; HERRERA-ECHENIQUE, Raúl; BRITO-DÍAZ, Rodrigo; PÉREZ-ROMERO, Nuria. Competências necessárias para o desempenho de gestores de atenção primária à saúde: uma revisão sistemática. Cadernos de Saúde Pública, v. 41, n. 1: e00092624, 2025. Disponível em Scielo
Resumo: O objetivo foi identificar as competências necessárias para que os gestores de atenção primária à saúde desempenhem efetivamente suas funções. A revisão sistemática foi realizada de acordo com as recomendações PRISMA nas bases de dados PubMed, Scopus, Web of Science e CINAHL, considerando publicações dos últimos 10 anos até maio de 2023. Os critérios de inclusão foram: estudos quantitativos, qualitativos ou mistos que avaliaram as competências necessárias para gestores de atenção primária à saúde e publicados em inglês, espanhol ou português. A qualidade metodológica foi avaliada utilizando o Instrumento de Avaliação de Métodos Mistos. Foram identificados 171 estudos, sendo que seis foram analisados. Destacou-se a importância da liderança, do trabalho em equipe e da comunicação. Além da necessidade de formação disciplinar na área da saúde, foi ressaltado o conhecimento em administração e gestão de indicadores, assim como uma atitude autônoma e flexível diante dos desafios que surgem em seu trabalho. A avaliação da qualidade metodológica apresentou, de modo geral, um bom desempenho, exceto por alguns estudos que não fornecem informações suficientes para determinar a representatividade das amostras. Os gestores de atenção primária à saúde devem possuir competências específicas para desempenhar suas funções de forma eficaz, dada a relevância do nível primário nos sistemas de saúde de cada país. Este estudo oferece um quadro geral das competências necessárias para as responsabilidades gerenciais nesta área; no entanto, é necessário considerar as particularidades e os contextos locais de cada centro para desenvolver perfis gerenciais adaptados às suas necessidades específicas.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE; PESQUISA SOBRE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE; DOENÇAS CRÔNICAS
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SOARES, D. A. et al. Atenção Primária à Saúde abrangente: análise a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família frente às doenças crônicas. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 34, p. e34015, 2024. Disponível em Scielo
Este estudo tem como objetivo analisar os atributos da Atenção Primária à Saúde (APS) abrangente a partir da atuação das equipes de Saúde da Família com foco nas doenças crônicas não transmissíveis. Pesquisa qualitativa realizada entre agosto de 2018 a julho de 2019, na APS de Vitória da Conquista, Bahia, com 40 profissionais de saúde, por meio de grupos focais e entrevistas. A partir da análise temática, os temas centrais corresponderam aos sete atributos da APS abrangente. Como resultados, as potencialidades do trabalho das equipes relacionaram-se com a priorização do acesso, ao amplo leque de serviços oferecidos e o reconhecimento da realidade comunitária/familiar. Destacaram-se obstáculos relacionados a oferta, acessibilidade e cobertura dos serviços, fragmentação na coordenação assistencial e informacional, dificuldades de desenvolvimento de práticas inclusivas com a família e etnicamente situadas, bem como na continuidade da assistência, notadamente para o contexto rural. Espera-se que os resultados apresentados possam confirmar a necessidade de investimentos e a instituição de processos sistemáticos de avaliação do trabalho das equipes de saúde da família, a fim de acompanhar a trajetória de consolidação da APS no contexto do Sistema Único de Saúde brasileiro.