Celebrado pela primeira vez em 2008, o Dia Mundial da Leucemia Mieloide Crônica (LMC) é uma campanha que pretende conscientizar sobre essa forma rara de câncer e apoiar pacientes ao redor do mundo. Este dia é dedicado a comemorar os avanços no tratamento desse tipo de câncer no sangue, a reconhecer os desafios enfrentados pelos afetados e a renovar os esforços para encontrar uma cura.
O dia 22 de setembro (22/9) tem um importante significado simbólico, pois a LMC é causada por uma anormalidade genética chamada de cromossomo Philadelphia, como resultado da troca de material genético entre dois outros cromossomos, o de número 9 e o de número 22. A mutação leva a uma produção anormal e desenfreada de glóbulos brancos, causando a leucemia. Foi descoberta nos anos de 1960 por pesquisadores da cidade de Philadelphia nos Estados Unidos.
As ações para 2024, que trazem como tema: “Construindo Pontes, não deixando nenhum paciente com LMC para trás! ”enfatizam a conscientização e o acesso equitativo ao diagnóstico, tratamento e suporte para todos os afetados pela LMC. O foco está em seu impacto nos indivíduos e comunidades e para garantir oportunidades iguais de detecção precoce, diagnóstico adequado, tratamento e atendimento às necessidades daqueles com o problema.
A LMC é uma doença lenta e progressiva que afeta os leucócitos – células de defesa produzidas na medula óssea. As células “doentes” perdem essa função e vão se acumulando no organismo, impedindo a produção de células “normais” do sangue.
À medida que o número de células leucêmicas aumenta, aparecem inchaço nos linfonodos (ínguas) ou infecções. Quando surgem, os sintomas são brandos, agravando-se gradualmente.
Sinais e Sintomas:
– Palidez, resultante de anemia;
– Cansaço e mal-estar;
– Dor no lado esquerdo do abdômen, devido ao aumento do baço;
– Suor excessivo, principalmente à noite;
– Perda de peso;
– Sangramento fácil, hematomas e hemorragias nasais frequentes.
Diagnóstico:
Os primeiros indícios da doença são identificados através do hemograma, com aumento no número de glóbulos brancos. A confirmação se dá através dos testes de biologia molecular que conseguem identificar a alteração genética no cromossomo Philadelphia.
Causas:
Ninguém nasce com LMC e ela não é hereditária. A doença acontece com a alteração do cromossomo na medula óssea. A célula alterada se multiplica incontrolavelmente e elimina os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas saudáveis da medula óssea espalhando as células da LMC pela corrente sanguínea.
Como a doença é uma leucemia de progressão lenta, o desenvolvimento das células maduras normais não é totalmente comprometido, independente se elas forem vermelhas, brancas ou plaquetas. Como resultado disso, essa leucemia é, em geral, menos agressiva que as leucemias agudas, e normalmente os pacientes ainda não apresentam sintomas quando diagnosticados.
Fatores de risco:
Fator de risco é qualquer fator que possa aumentar a chance de alguém desenvolver uma doença. No caso da LMC, é um pouco mais comum em homens do que em mulheres e a chance de desenvolvê-la aumenta com a idade.
Em um pequeno número de pacientes, a LMC é causada pela exposição a altas doses de radiação (como ser sobrevivente de um ataque atômico ou de um acidente de reator nuclear). Um pequeno aumento também ocorre em pessoas submetidas a altas doses de radioterapia como tratamento para outros cânceres, como o linfoma.
Porém, a maioria das pessoas que trataram um câncer com radioterapia não desenvolve LMC, e a maioria das pessoas que a tem não foram expostas a altas doses de radiação. Exposição a radiografia odontológica ou médica não foi associada ao aumento do risco de desenvolver LMC.
Tratamento:
O caminho de tratamento para cada paciente é baseado na fase da doença no momento do diagnóstico, na pontuação dos riscos, na idade e na existência de outros problemas de saúde que o paciente possa ter.
A LMC não é curável com as terapias atualmente disponíveis, mas, com os medicamentos já existentes, cada vez mais pacientes alcançam remissões extremamente profundas. Por isto usa-se o termo ‘cura funcional’.
O tratamento baseia-se na destruição das células leucêmicas. Com a descoberta do cromossomo Philadelphia, houve avanços consideráveis para a terapêutica e, hoje, os medicamentos atacam exatamente o alvo (o cromossomo Philadelphia), combatendo as células doentes.
Em alguns casos ainda é necessário realizar o transplante de medula óssea ou quimioterapia. Após o início do tratamento é muito importante realizar o acompanhamento do paciente para o monitoramento da doença residual mínima, que define a quantidade de células “doentes” ainda presentes no organismo durante as diferentes fases do tratamento. Esse monitoramento também é realizado por meio da metodologia de biologia molecular e pode ser feito com uma simples coleta de sangue, sem a necessidade de procedimento mais invasivos para o paciente, como a punção diretamente da medula óssea.
Prevenção:
Na maior parte das vezes, os pacientes que desenvolvem leucemia não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. Por isso, a maioria dos casos de leucemia não podem ser evitados.
No entanto, o tabagismo se correlaciona com aumento do risco de Leucemia Mieloide Aguda. Esse é um fator de risco modificável, relacionado a diversos outros tipos de câncer (pulmão, boca, bexiga) e outras doenças graves também, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro, tais como câncer, enfisema ou derrame. A qualidade de vida melhora muito ao parar de fumar e os riscos de adoecer diminuem.
Os raros casos de leucemia secundária ao tratamento de outros cânceres, em decorrência do uso de certos agentes quimioterápicos e/ou de radioterapia, dificilmente poderiam ser evitados, pois o tratamento de uma doença potencialmente fatal é prioritário. Mas em diversos tipos de câncer estão sendo estudadas novas alternativas de tratamentos que não envolvem o risco de desenvolvimento futuro de leucemias secundárias. Informe-se no Serviço de Saúde.
Em ambiente de trabalho, é possível reduzir a exposição a fatores reconhecidamente de risco para o desenvolvimento de leucemias. A substituição de agentes comprovadamente cancerígenos por outros não deletérios a saúde em ambiente de trabalho seria o desejável. A utilização de equipamentos de proteção individual adequados auxilia na minimização dos danos.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) as estimativas de novos casos de LMC são de 11.540, sendo 6.250 homens e 5.290 mulheres (dados de 2022). O número de mortes é de 6.738, sendo 3.703 homens e 3.035 mulheres (dados de 2020).
Fontes:
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
Chronic Myeloid Leukemia (CML) Advocates Network
Instituto Nacional de Câncer (INCA