A segunda quinta-feira do mês de outubro é o Dia Mundial da Visão, uma oportunidade para destacar a importância de proteger olhos e visão, aumentar a conscientização sobre deficiência visual e cegueira e promover cuidados preventivos.
A campanha é coordenada pela International Agency for the Prevention of Blindness (IAPB) e apoiada por quase 200 organizações-membro da Agência em todo o mundo, além da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a IAPB:
– 450 Milhões de crianças têm um problema de visão que requer tratamento, e muitas delas não têm acesso a cuidados oftalmológicos;
– Crianças com perda de visão que vivem em países de baixa e média renda têm de 2 a 5 vezes menos probabilidade de frequentar a escola;
– Todos os dias, jovens perdem oportunidades sociais e de aprendizado por problemas de visão que poderiam ser tratados, corrigidos e muitas vezes curados.
Em 10 de outubro de 2024, a OMS, por meio do seu escritório para a região da Europa, quer chamar a atenção, especificamente, para a saúde ocular infantil, lembrando que os serviços de saúde ocular devem ser acessíveis e disponíveis para que todas as crianças possam ter boa visão agora e amanhã.
Embora a deficiência visual não corrigida possa impactar a educação e a inclusão social, soluções simples como os óculos podem fazer uma grande diferença. Em maio de 2024, a OMS lançou a iniciativa global SPECS 2030 para garantir acesso a óculos e serviços relacionados de qualidade , para todos que precisam deles.
Importância da Campanha
– É uma oportunidade de concentrar a atenção do mundo para a saúde ocular como uma questão global.
– Pode aumentar a conscientização sobre a saúde ocular entre indivíduos, famílias e comunidades.
– É uma plataforma para influenciar tomadores de decisão a priorizar iniciativas de saúde ocular.
– Pode ativar a demanda por serviços de saúde ocular globalmente.
O Dia Mundial da Visão serve, ainda, como um lembrete de que os adultos também devem priorizar a saúde dos olhos.
Uma boa saúde ocular significa que os olhos estão livres de doenças e que as refrações (graus) estejam corrigidas, mantendo uma boa visão. O exame oftalmológico regular é importante para o diagnóstico de infecções ou sintomas de doenças, como perda ou visão turva, flashes de luz, dor nos olhos, vermelhidão, coceira, inchaço e irritação ao redor dos olhos ou das pálpebras.
No Brasil, do total da população, cerca de 3,5% têm deficiência visual. De acordo com dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 528.624 pessoas no país são incapazes de enxergar (cegos); 6.056.654 pessoas possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar) e outros 29 milhões declararam ter alguma dificuldade permanente de enxergar, ainda que usando óculos ou lentes.
Protegendo a visão das gerações futuras
Pesquisas mostram que reduzir o tempo de tela e passar tempo ao ar livre protege as crianças de desenvolver miopia, o que significa que pais, cuidadores e educadores têm um papel central a desempenhar na proteção da visão de gerações futuras.
Exames regulares podem ajudar a identificar problemas em um estágio inicial. Assim, foi desenvolvido o WHOeyes – um aplicativo gratuito que permite testes de visão no conforto de casa. A precisão e a usabilidade do aplicativo foram testadas em 3 estudos de pesquisa separados. O WHOeyes é adequado para pessoas com 8 anos ou mais e está disponível em 14 idiomas, para sistemas operacionais móveis iOS e Android.
A visão é o mais dominante dos sentidos e desempenha um papel crítico em todas as fases da vida – cerca de 80% das informações recebidas são obtidas por seu intermédio. Atividades corriqueiras no desenvolvimento do ser humano, como aprender a andar, a ler e a frequentar uma escola, e posteriormente trabalhar, tornam-se muito mais difíceis sem a visão.
Portanto, os olhos merecem atenção especial, o que inclui visitas regulares ao oftalmologista para medição da acuidade visual e detecção precoce de quaisquer outras alterações que requeiram tratamento médico como forma de prevenir complicações que levem à cegueira. Doenças como hipertensão e diabetes podem provocar o aparecimento de sintomas oculares e requerem acompanhamento constante.
A Classificação Internacional de Doenças – versão 10 (CID 10) estabelece quatro níveis de função visual:
– Visão normal;
– Deficiência visual moderada;
– Deficiência visual grave;
– Cegueira.
Essa classificação utiliza duas escalas oftalmológicas como parâmetros para avaliar a deficiência visual: a acuidade visual (capacidade de reconhecer determinado objeto a determinada distância) e o campo visual (amplitude da área alcançada pela visão).
São consideradas cegas não apenas as pessoas que apresentam incapacidade total para ver, mas também todas aquelas nas quais o prejuízo da visão se encontra em níveis incapacitantes para o exercício de tarefas rotineiras, apesar de possuírem certos graus de visão residual.
Diagnóstico precoce pode evitar cegueira em crianças
Retinopatia da prematuridade, catarata, toxoplasmose, glaucoma congênito e atrofia ótica são as principais causas de cegueira e baixa visão, moderada e grave, infantil no Brasil.
O primeiro passo para evitar problemas visuais congênitos ou que ocorram nos primeiros anos de vida é a realização de um bom pré-natal, para identificar e tratar doenças infecciosas congênitas, como toxoplasmose, herpes, citomegalovírus, sífilis e, mais recentemente, o vírus zika.
No nascimento e ao longo dos primeiros anos de vida, a principal estratégia de triagem é a realização do teste de reflexo vermelho, popularmente conhecido como teste do olhinho, diagnostica o retinoblastoma, um tumor maligno raro que tem origem nas células da retina (parte do olho responsável pela visão), além de doenças congênitas.
Manter a saúde dos olhos requer atitudes simples
– Proteger os olhos da luz solar usando chapéus e óculos com proteção contra os raios UV, responsáveis por doenças como catarata, degeneração macular e distrofias da córnea.
– Se houver histórico familiar de doenças oculares, é importante fazer as consultas oftalmológicas regularmente.
– Fazer pausas regulares durante atividades como leitura ou uso de dispositivos digitais.
– Usar proteção ocular ao manusear ferramentas ou produtos químicos que possam afetar os olhos.
– Não fumar.
– Para evitar a cegueira na infância, a vacinação de mulheres adultas é fundamental na prevenção de rubéola, sarampo e toxoplasmose, que podem provocar doenças congênitas à criança durante a gravidez.
Prevenção de acidentes oculares
– Guardar substâncias inflamáveis, químicas e/ou medicamentos fora do alcance de crianças;
– Objetos pontiagudos ou cortantes, como facas e tesouras, não devem ser manuseados por crianças;
– Brinquedos potencialmente perigosos, como estilingue, dardo, flecha, devem ser evitados;
– Usar cinto de segurança no carro;
– Transportar crianças no banco de trás do carro e usar cadeira apropriada;
– Tomar cuidado especial com esportes violentos e brincadeiras infantis;
– Manter as crianças longe do fogão, quando em uso.
Fontes:
Agência Fiocruz de Notícias
Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia (IPEPO)
Núcleo de Telessaúde de Sergipe
Organização Mundial da Saúde – Europa
Retina Brasil
The International Agency for the Prevention of Blindness (IAPB)