CUIDADO PRÉ-NATAL


TRABALHO DE PARTO; ENFERMAGEM OBSTÉTRICA; ACESSO AOS SERVIÇOS DE SAÚDE; ANTROPOLOGIA CULTURAL

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BELEM, Jameson Moreira; PEREIRA, Emanuelly Vieira; CRUZ, Rachel de Sá Barreto Luna Callou; QUIRINO, Glauberto da Silva. Divinização, peregrinação e desigualdade social: experiências de mulheres no acesso à assistência obstétrica. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, [online], v. 21, n. 1, p. 327-334, jan./mar. 2021. Disponível em Scielo

Objetivos: compreender as experiências de mulheres do semiárido nordestino brasileiro no acesso à assistência obstétrica. Métodos: pesquisa qualitativa conduzida pelo referencial metodológico da etnoenfermagem, realizada com 13 informantes-chave em maternidade pública localizada na região do Cariri cearense no semiárido nordestino brasileiro. Adotou-se para coleta de dados o capacitador Observação-Participação-Reflexão com registro das observações em diário de campo e entrevistas individuais do tipo “conte-me sobre”. O processo de imersão no campo durou cinco meses. O material empírico foi submetido aos procedimentos do guia de análise de dados da etnoenfermagem. Resultados: a partir dos padrões que emergiram empiricamente evidenciaram-se três temas culturais: “Tem que entregar nas mãos de Deus”: construções discursivas acerca do acompanhamento pré-natal; “A gente fica nesse vai e vem sem fim”: peregrinação anteparto; “Se eu fosse rica, não estaria aqui”: atenção recebida no acesso à maternidade. Conclusões: no cenário cultural analisado as mulheres encontravam-se inseridas em contexto de fragilidades clínica e social, de violação de direitos e da dignidade, recorrendo aos desígnios divinos diante das dificuldades de acesso aos serviços obstétricos e peregrinação para garantia de consultas, exames e internamento para o parto.