CUIDADOS PALIATIVOS


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RIBEIRO, Júlia Rezende; POLES, Kátia. Cuidados Paliativos: Prática dos Médicos da Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 43, n. 3, p. 62-72, jul./set. 2019. Disponível em Scielo

Com o avanço do conhecimento científico e aumento da expectativa de vida, criou-se a ilusão de que o ser humano é imortal. Ademais, existe uma deficiência na educação médica atual, que forma profissionais tecnicistas e sem preparo para cuidar de um paciente com doença grave e incurável. Por volta da metade do século XX, surgiram movimentos voltados para a humanização dos atendimentos em saúde, que levavam em consideração a integralidade do indivíduo. Cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual. Considerando que esse tipo de cuidado pode ser oferecido em diferentes contextos, ressalta-se que a Atenção Primária em Saúde é uma possibilidade recente para a assistência em cuidados paliativos. Entretanto, ainda existe uma dificuldade dos serviços de Atenção Primária no Brasil em oferecer essa modalidade de assistência. Assim, a pesquisa teve como objetivo compreender a percepção dos médicos da Estratégia Saúde da Família acerca dos cuidados paliativos. Trata-se de estudo descritivo, com abordagem qualitativa, em que foi utilizada a metodologia da análise temática. Os participantes foram 16 médicos que atuam nas Unidades Estratégia Saúde da Família do município de Lavras, Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada. Com base na análise dos dados identificou-se que os médicos possuem conhecimento incipiente sobre o conceito de cuidados paliativos e que, embora tenham tido algum tipo de experiência com esse tipo de paciente, apresentam dificuldade para abordá-lo de maneira holística. Isto se deve, principalmente, à deficiência na formação acadêmica, que ainda privilegia o conhecimento biomédico e a cura das doenças em detrimento do alívio do sofrimento humano. Conclui-se que é imprescindível abordar o tema durante a formação médica, bem como discuti-lo entre os profissionais já atuantes nos serviços de saúde para que seja possível proporcionar melhor qualidade de vida e de morte.