O Dia Mundial da Menopausa, celebrado todos os anos no dia 18 de outubro, tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a menopausa e as opções de apoio disponíveis para melhorar a saúde e o bem-estar.
A doença cardiovascular (DCV), tema da campanha de 2023, é a principal causa de morte entre as mulheres nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Para além dos fatores de risco cardiovascular tradicionais, foram reconhecidos vários marcos reprodutivos que se relacionam com a regularidade menstrual, os resultados adversos da gravidez, os tratamentos do câncer da mama e a menopausa.
Cada uma destas categorias tem uma série de permutações que, em estudos observacionais, demonstraram estar associadas a riscos cardiovasculares aumentados. Nos cuidados clínicos atuais, o reconhecimento destes marcos tem sido encorajado para que os pacientes possam ser informados e motivados a participar da prevenção primária das DCVs numa fase precoce do seu percurso de vida, em vez de o fazer retrospectivamente mais tarde.
Cada vez mais as mulheres – particularmente as jovens – vêm apresentando pressão arterial elevada, obesidade e diabetes. Fatores que contribuem para o aumento das doenças cardiovasculares, verificado tanto nas mulheres mais jovens como nas mais velhas. Prevê-se que esta tendência se mantenha, porém, ao compreender os diferentes fatores de risco, podem tomar-se medidas para reduzir as hipóteses de contrair doença cardiovascular. E, quanto mais cedo atuar, melhor.
Estudos recentes evidenciam que as experiências reprodutivas ao longo da vida da mulher, incluindo menstruação, gravidez, tratamento para o câncer de mama e menopausa, podem afetar o risco de desenvolver doença cardiovascular numa fase mais tardia da vida. A consciencialização sobre esse fato pode ajudar a determinar o risco individual.
– Impacto da menstruação: início dos ciclos menstruais quando é muito jovem ou tem história de ausência ou de ciclos irregulares (no caso da síndrome de ovário policístico, por exemplo), pode condicionar um aumento de risco cardiovascular numa fase mais tardia da vida.
– Impacto das complicações na gravidez: complicações na gravidez ou no pós-parto, incluindo a pressão arterial elevada podem levar ao aumento de risco de doença cardiovascular.
As opções de cuidados especificamente orientados com equipes especializadas destinam-se a aumentar o sucesso na identificação do risco, no rastreio e na eventual detecção de DCV e, de forma ótima, na sua prevenção primária ou secundária. A promoção da saúde cardiovascular das mulheres tem efeitos de longo prazo para elas próprias, para as suas famílias e para a sua descendência. É tempo de fazer da saúde cardiovascular das mulheres uma prioridade!
É possível reduzir o risco de doença cardiovascular por meio da adoção de medidas positivas que previnem a maioria dos eventos cardiovasculares – ataques cardíacos, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC). E, embora seja verdade que existem algumas exceções, na maioria dos casos pode-se identificar os fatores de risco numa fase inicial e prevenir o desenvolvimento dessas doenças.
Os cinco fatores mais importantes relativos ao estilo de vida são:
– Não fumar;
– Praticar atividade física regular;
– Ter alimentação saudável;
– Manter peso saudável;
– Dormir o suficiente.
Pesquisas demonstram que adotar um estilo de vida saudável pode aumentar a esperança de vida em mais de 14 anos. E não é só a saúde cardiovascular que vai melhorar. A pressão arterial, o açúcar e o colesterol no sangue terão um impacto positivo – e a saúde cardíaca irá se beneficiar.
Menopausa e climatério
O climatério é uma fase de transição do período reprodutivo para um período não reprodutivo, que pode ter muito impacto na qualidade de vida. A mulher climatérica pode apresentar repercussões psicológicas pela incapacidade reprodutiva, sinal marcante de envelhecimento; físicas com as mudanças metabólicas e de distribuição da gordura corporal; osteomusculares com a maior atividade de reabsorção óssea e sarcopenia; gênito-urinárias com secura e ardor vaginal, alteração do controle da urina; sexuais com redução importante da libido e maior dificuldade de atingir o orgasmo. E, ainda:
– Fogachos (calores);
– Despertares noturnos;
– insônia;
– Irritabilidade;
– Dor à relação sexual (penetração);
– Palpitações;
– Dor nas juntas;
– Dor muscular;
– Tontura;
– Zumbido;
– Cefaleia.
Quando a menstruação não ocorre durante um ano ou mais e há intensificação dos sintomas, a mulher realmente entrou na menopausa, em geral, entre os 45 e 55 anos de idade. Os seus ovários não produzem mais hormônios sexuais femininos (estradiol e progesterona) e os hormônios sexuais masculinos (androstenediona e testosterona) caem pela metade. Essa modificação de status hormonal é o que gera todos os sinais e sintomas observados.
Além de todas essas repercussões, as mais importantes e com impacto no aumento da mortalidade são os riscos de doenças cardiovasculares, causa número um de morte nas mulheres da pós-menopausa.
Tratamento:
No climatério, mais de 70% das mulheres apresentam sintomas. A terapia de reposição hormonal tem a vantagem de aliviar os sintomas físicos (fogachos), psíquicos (depressão, irritabilidade) e os relacionados com os órgãos genitais (secura vaginal, incontinência urinária) nessa fase. Além disso, funciona como proteção contra a osteoporose e assegura melhor qualidade de vida para a mulher. No entanto, existem contraindicações que devem ser avaliadas com cuidado pelo médico e pela mulher, não sendo indicada a automedicação, pois pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, trombose, câncer de mama e de endométrio, distúrbios hepáticos e sangramento vaginal de origem desconhecida.
Recomendações:
– Mesmo depois da menopausa a mulher deve continuar fazendo acompanhamento ginecológico com regularidade;
– Cuidar da alimentação e evitar ganho de peso;
– Evitar a ingestão de álcool e não fumar;
– Encontrar tempo para a prática diária de atividade física, além de ser importante para o bem-estar físico, é fundamental para o controle da pressão arterial, prevenir a osteoporose e doenças cardiovasculares e atenuar as alterações do humor.
Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relatou que a expectativa de vida da população masculina chegou a 72,2 anos e a feminina atingiu 79,3. Com esse aumento da expectativa de vida, as mulheres passam 1/3 da vida no período pós menopausa, o que leva a medicina a estudar estratégias para assegurar qualidade de vida e evitar as consequências patológicas que a menopausa pode trazer à saúde feminina.
Fontes:
Agência Brasil
Dr. Dráuzio Varella
International Menopause Society (IMS)
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)