“É hora de agir pelas pessoas com demência” : 21/9 – Dia Mundial e Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer 


 

A campanha global do mês e do dia do Alzheimer é dedicada a conscientizar sobre a demência e promover uma sociedade mais inclusiva e solidária para as pessoas que vivem com a condição. Pela segunda vez, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está unindo forças com a Alzheimer’s Disease International (ADI) e outras entidades regionais para amplificar a mensagem deste ano: “É hora de agir pelas pessoas com demência”.

As ações em 2024 concentram-se no entendimento e na abordagem das percepções e atitudes atuais em relação à demência, com o objetivo de promover informações adequadas sobre a doença a fim de construir uma sociedade mais amigável às pessoas que vivem com o agravo.

O material informativo destaca que “somente aumentando a conscientização mais pessoas buscarão informações, conselhos e apoio”. Outros objetivos da mobilização incluem melhorar as taxas de diagnóstico; encorajar mais pesquisas sobre o assunto, incluindo áreas como redução de risco; e lidar com a crescente demanda por acesso a tratamento e cuidado.

Fatos e números

O tema deste ano enfatiza a urgência de combater o estigma e a desinformação em torno da demência, que afeta mais de 55 milhões de pessoas no mundo todo. No Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com a condição. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde, esse número pode quase triplicar até 2050, tornando a conscientização e a educação sobre o assunto mais importantes do que nunca.

Fato 1: A demência não faz parte do envelhecimento normal; o diagnóstico precoce pode melhorar o acesso ao tratamento e ao suporte.
Fato 2: Em 2019, a demência foi a terceira principal causa de morte nas Américas, com mais de 390.000 óbitos registrados.
Fato 3: Estima-se que até 2030 o número de pessoas com demência na América Latina e no Caribe dobrará, de 3,4 milhões em 2010 para 7,6 milhões.
Fato 4: As mulheres são desproporcionalmente afetadas pela demência, sendo responsáveis ​​por 66% das mortes por Alzheimer e outras formas de demência na Região das Américas.

 

A doença de Alzheimer apresenta-se como demência, ou perda de funções cognitivas, tais como: memória, orientação, atenção e linguagem, causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada precocemente é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.

Seu nome homenageia o médico psiquiatra alemão Alois Alzheimer, primeiro a descrever a doença, em 1906. Ele estudou e publicou o caso da paciente Auguste Deter, uma mulher saudável que, aos 51 anos, desenvolveu um quadro de perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem (com dificuldade para compreender e se expressar), tornando-se incapaz de cuidar de si. Após seu falecimento, aos 55 anos, o Dr. Alzheimer examinou seu cérebro e descreveu as alterações que hoje são conhecidas como características da doença.

Estudos recentes demonstram que essas alterações cerebrais já estariam instaladas antes do aparecimento de sintomas demenciais. Por isso, quando aparecem as manifestações clínicas que permitem o estabelecimento do diagnóstico, diz-se que teve início a fase demencial da doença.

As perdas neuronais características da doença não acontecem de maneira homogênea. As áreas comumente mais atingidas são as de células nervosas (neurônios) responsáveis pela memória e pelas funções executivas que envolvem planejamento e execução de funções complexas. Outras áreas tendem a ser atingidas, posteriormente, ampliando as perdas.

O principal e mais característico sintoma do Alzheimer é a perda de memória recente. Outros sintomas recorrentes são: dificuldade para encontrar caminhos conhecidos, dificuldade para encontrar palavras que exprimem sentimentos pessoais ou ideias, irritabilidade e agressividade.

A Doença costuma evoluir para várias fases de forma lenta, sem que algo possa ser feito para barrar seu avanço. A partir do diagnóstico, a sobrevida média das pessoas acometidas oscila entre 8 e 10 anos. O quadro clínico costuma ser dividido em quatro estágios:

Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;
Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia;
Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;
Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.

Causas, tratamento e prevenção:

A causa da Doença de Alzheimer ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. Seu tratamento é medicamentoso e, embora não haja cura, os pacientes têm à disposição medicamentos capazes de minimizar os distúrbios da doença, propiciando a estabilização do comprometimento cognitivo, do comportamento e da realização das atividades da vida diária com um mínimo de efeitos adversos, devendo ser prescritos pela equipe médica.

Não há uma forma de prevenção específica, no entanto, acredita-se que manter a mente ativa e ter uma boa vida social, regada a bons hábitos e estilos, pode retardar ou até mesmo inibir a manifestação da doença. Com isso, as principais formas de prevenir, não apenas o Alzheimer, mas outras doenças crônicas como diabetes, câncer e hipertensão, por exemplo, são:

– Estudar, ler, pensar, manter a mente sempre ativa;
– Fazer exercícios de aritmética;
– Jogos inteligentes;
– Atividades em grupo;
– Não fumar;
– Não consumir bebida alcoólica;
– Ter alimentação saudável e regrada;
– Praticar atividades físicas regulares.

 

No Brasil, o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer foi instituído em 2008  pela Lei nº 11.736. Em 2024, a Lei nº 14.878 instituiu a Política Nacional de Cuidado Integral às Pessoas com Doença de Alzheimer e Outras Demências, a ser efetivada por meio da articulação multissetorial, especialmente de áreas como saúde, previdência e assistência social, direitos humanos, educação, inovação, tecnologia e outras que se mostrem essenciais nas discussões e na sua implementação.

 

Ao longo do mês de setembro, a OPAS e seus parceiros promoverão uma série de atividades de comunicação, com eventos voltados ao apoio às pessoas com demência e suas famílias, além de incentivar políticas públicas que priorizem o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento.

No dia 20, o Escritório da OPAS em Brasília sediará o Seminário “Cuidado integral às pessoas idosas: um olhar sobre a Saúde Mental ”, promovido pela Coordenação de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, que será realizado no Auditório Carlyle Guerra de Macedo, com transmissão ao vivo pelo YouTube. Para Maria Cristina Hoffman, Consultora em Envelhecimento Saudável da OPAS Brasil, “esta é uma oportunidade fundamental para pensar estratégias de prevenção e cuidado em Saúde Mental para a população idosa”. Além do Alzheimer, o evento também dará destaque à prevenção do suicídio.

Também no dia 20 de setembro, a ADI sediará o webinar de lançamento do Relatório Mundial sobre Alzheimer de 2024, “Attitudes to Dementia”, abordando atitudes em relação à demência, estigma e discriminação. O evento, que ocorre na véspera do Dia Mundial, pretende refletir, de forma ampla, sobre atitudes relacionadas ao problema, o que pode ser feito para desafiar o estigma e discutir o papel da conscientização.

A Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), que lidera a organização da campanha no país, coordenará diversas ações em diferentes cidades e regiões, com mensagens especialmente desenvolvidas para quebrar o estigma associado à demência. Entre as atividades previstas estão seminários virtuais, campanhas educativas nas redes sociais e distribuição de materiais informativos em locais de grande circulação de pessoas. A programação está disponível no portal Febraz.

 

Fontes:

Alzheimer’s Disease International (ADI)
Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz)
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)