No 20º aniversário do Dia Mundial de Conscientização sobre Linfomas, comemorado em 15 de setembro, o foco da campanha está nos efeitos emocionais de viver com a doença.
Ano após ano, a Global Patient Survey on Lymphomas & Chronic Lymphocytic Leukemia (CLL) mostra que a maioria dos pacientes e cuidadores experimentam sentimentos de ansiedade, depressão e medo de recorrência ou progressão do câncer.
O tema de 2024: “É hora de uma conversa honesta sobre como nos sentimos” pretende mostrar que conversas honestas entre as pessoas com linfoma e sua equipe de saúde podem ajudar a abordar as preocupações emocionais e conectar pacientes a especialistas e recursos. Falar honestamente com familiares e amigos pode ajudá-los a entender o que sentem e, ainda, promover relacionamentos melhores e mais solidários.
Linfoma é um nome genérico para diferentes tipos de cânceres que atacam o sistema linfático – conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células através do corpo.
Os linfomas se subdividem em Linfoma de Hodgkin – LH e Linfoma não-Hodgkin – LNH.
– Linfoma de Hodgkin: tem a característica de se espalhar de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. A doença surge quando um linfócito (célula de defesa do corpo), mais frequentemente um do tipo B, se transforma em uma célula maligna, capaz de multiplicar-se descontroladamente e disseminar-se. A célula maligna começa a produzir, nos linfonodos, cópias idênticas, também chamadas de clones. Com o passar do tempo, essas células malignas podem se disseminar para tecidos próximos, e, se não tratadas, podem atingir outras partes do corpo. A doença origina-se com maior frequência na região do pescoço e na região do tórax denominada mediastino.
O LH pode ocorrer em qualquer faixa etária, porém é mais comum entre adolescentes e adultos jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 39 anos) e idosos (75 anos ou mais). Os homens têm maior propensão a desenvolver o linfoma de Hodgkin do que as mulheres.
A incidência de casos novos permaneceu estável nas últimas cinco décadas, enquanto a mortalidade foi reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970 devido aos avanços no tratamento. A maioria dos pacientes pode ser curada com o tratamento disponível atualmente.
Sinais e sintomas:
O linfoma de Hodgkin pode surgir em qualquer parte do corpo e os sintomas dependem da sua localização. Caso se desenvolva em linfonodos superficiais do pescoço, axilas e virilha, formam-se ínguas (linfonodos inchados) indolores nesses locais. Se a doença ocorre na região do tórax podem surgir tosse, falta de ar e dor torácica. Quando se apresenta na pelve ou no abdômen, os sintomas são desconforto e distensão abdominal. Outros sinais de alerta são febre, cansaço, suor noturno, perda de peso sem motivo aparente e coceira no corpo.
Tratamento:
O linfoma de Hodgkin, na maioria dos casos, é uma doença curável quando tratado adequadamente. O tratamento clássico é a poliquimioterapia, quimioterapia com múltiplas drogas, com ou sem radioterapia associada. No momento do diagnóstico, dependendo do estádio da doença, pode-se estimar o prognóstico do paciente.
Para os pacientes que sofrem recaídas, ou seja, retorno da doença, ou que não respondem ao tratamento inicial, as alternativas vão depender da forma inicial de terapia adotada. As opções empregadas usualmente e com indicações relativamente precisas, são a poliquimioterapia e o transplante de medula óssea.
Prevenção:
Não há uma forma efetiva de prevenção para o linfoma de Hodgkin. No entanto, em termos de ambiente de trabalho, operários da indústria de madeira, agricultores e outros profissionais expostos a agrotóxicos e solventes podem ter risco aumentado para a doença. A substituição de agentes comprovadamente cancerígenos por outros não deletérios à saúde em ambiente de trabalho seria o desejável. A utilização de equipamentos de proteção individual adequados auxilia na minimização dos danos.
– Linfoma não-Hodgkin: tem origem nas células do sistema linfático e se espalha de maneira desordenada, podendo começar em qualquer lugar. Pode ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. De modo geral, o LNH torna-se mais comum à medida em que as pessoas envelhecem. Existem mais de 20 tipos diferentes de linfoma não-Hodgkin.
Por razões ainda desconhecidas, o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. Entre os linfomas, é o tipo mais incidente na infância. Os homens são mais predispostos do que as mulheres.
Sinais e sintomas:
– Aumento dos linfonodos (gânglios) do pescoço, axilas e/ou virilha;
– Suor noturno excessivo;
– Febre;
– Coceira na pele;
– Perda de peso maior que 10% sem causa aparente.
Tratamento:
A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, associação de imunoterapia e quimioterapia, ou radioterapia. A quimioterapia consiste na combinação de duas ou mais drogas, administradas por via oral ou intravenosa. A imunoterapia refere-se ao uso de medicamentos que têm um alvo específico para um componente que há nas células do linfoma (ex.: anticorpo anti CD20 – um antígeno que existe na parede das células de alguns linfomas). A radioterapia é uma forma de radiação usada, em geral, para erradicar ou reduzir a carga tumoral em locais específicos, para aliviar sintomas ou também para reforçar o tratamento quimioterápico, diminuindo as chances de volta da doença em localizações mais propensas à recaída.
Prevenção:
A melhor forma para prevenção desse câncer, no que diz respeito às exposições químicas potencialmente carcinogênicas é a eliminação desses fatores dos ambientes de trabalho, por meio da substituição por produtos menos nocivos ou de menor risco. Na impossibilidade, redução gradativa e contínua das mesmas substâncias, incorporação de novas tecnologias; monitoramento ambiental cuidadoso e redução da jornada de trabalho.
Algumas recomendações sobre Linfoma:
– Evitar a exposição prolongada a produtos químicos, em especial a produtos agrícolas;
– Fazer autoexame frequentemente. Ao conhecer o próprio corpo, mais depressa podem ser identificadas possíveis alterações físicas;
– A incidência de linfoma aumenta com a idade, por isso os idosos devem redobrar a atenção;
– Procurar um médico se notar a presença de íngua, especialmente se ela não for dolorosa, tiver crescimento rápido e não apresentar nenhum outro sinal de infecção (como febre e mal-estar).
Fontes:
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE)
Hospital Nossa Senhora da Conceição de Pará de Minas – MG
Instituto Nacional de Câncer (INCA)
Lymphoma Coalition