MORTALIDADE MATERNA


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RESENDE, Lilian Valim; RODRIGUES, Roberto Nascimento; FONSECA, Maria do Carmo. Mortes maternas em Belo Horizonte, Brasil: percepções sobre qualidade da assistência e evitabilidade. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, v. 37, n. 4-5, p. 218-224, abr./maio 2015. Disponível em Scielo

OBJETIVO: Analisar a mortalidade materna em Belo Horizonte, no período de 2003 a 2010, a partir da percepção dos familiares de mulheres que faleceram por causas relacionadas à maternidade. MÉTODOS: Os óbitos maternos foram investigados junto ao Comitê de Prevenção do Óbito Materno, Fetal e Infantil na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Os familiares das mulheres falecidas foram recrutados por telefone ou pessoalmente para entrevistas. O tamanho da amostra de entrevistados não foi previamente definido, tendo sido considerada como critério a saturação das informações obtidas. Entretanto, buscou-se a inclusão de famílias de mulheres atendidas tanto pelo sistema público quanto pelo sistema privado de saúde. As questões norteadoras das entrevistas foram: histórico de saúde prévio à gestação; história clínica do pré-natal até o falecimento; assistência recebida pela mulher falecida no pré-natal, parto e puerpério. Após transcrição e leitura de todas as entrevistas, utilizou-se o software de análise qualitativa NVivo 9 para categorização e codificação dos depoimentos. RESULTADOS: Foram entrevistados os familiares de 11 mulheres, que faleceram por causas variadas, possuíam ocupações diversas e tinham idade entre 16 e 40 anos. A maioria estava em sua primeira ou segunda gestação e era usuária do sistema público de saúde. Sete tinham de 8 a 11 anos de estudo; sete também eram solteiras; 10 eram brancas ou pardas. Todos os familiares entrevistados eram do sexo feminino, com idade variando de 18 a 66 anos. A maioria era de mães, com baixa escolaridade, casadas e que exerciam atividades do lar. Foram relatadas dificuldades com a assistência recebida durante a gravidez, com pouca valorização do quadro clínico das gestantes. Nove óbitos maternos ocorreram no período pós-parto. CONCLUSÕES: Conforme o relato dos familiares, os óbitos maternos registrados em Belo Horizonte entre 2003 e 2010 estiveram associados a questões possivelmente evitáveis, relacionadas aos direitos reprodutivos da mulher, à assistência à gravidez, ao parto e ao puerpério.