Em alerta epidemiológico divulgado dia 8 de agosto de 2024, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) apelou aos países das Américas para que reforcem a vigilância, incluindo a detecção laboratorial e o sequenciamento genômico dos casos confirmados, após a identificação de uma nova variante do vírus Mpox, Clado I (Clado Ib), na Região da África Subsaariana. Embora a nova variante não tenha sido notificada nas Américas, os países devem permanecer alertas para possíveis casos importados.
A nova variante está associada à transmissão sustentada, bem como à ocorrência de casos numa gama mais ampla de faixas etárias do que durante surtos anteriores, incluindo crianças. Estima-se que tenha surgido na República Democrática do Congo em setembro de 2023 e esteja associada a um aumento significativo de casos no país.
Mpox é uma doença viral causada pelo vírus da varíola dos macacos, uma espécie do gênero Orthopoxvirus. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, falta de energia, gânglios linfáticos inchados e erupção cutânea ou lesões nas mucosas. A erupção tende a se concentrar na face, palmas das mãos e solas dos pés, mas também pode ser encontrada na boca, região anogenital e olhos. Os sintomas geralmente duram entre 2 a 4 semanas e desaparecem por conta própria, sem tratamento.
Desde o início de 2024 (até 26 de julho de 2024), o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo relatou 14.479 casos de Mpox e 455 mortes. Segundo o relatório, “o número de casos notificados nos primeiros seis meses deste ano corresponde ao número notificado em todo o ano passado”. Crianças menores de 15 anos representaram 66% dos casos e 82% das mortes. Casos da nova variante também foram notificados no Ruanda, no Uganda e no Quênia. Também estão em curso testes no Burundi para determinar se os casos notificados naquele país também se devem à nova variante.
Como resultado, no dia 7 de agosto, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que convocaria um painel de especialistas para o aconselhar sobre se o surto em expansão constitui uma emergência de saúde global.
Embora nenhum caso da nova variante tenha sido relatado nas Américas, a OPAS recomenda que os países das Américas permaneçam vigilantes quanto à possibilidade de introdução na região.
Nas Américas, 62.752 casos de Mpox foram notificados por 31 países e territórios entre 2022 e 1º de julho de 2024, incluindo 141 mortes. A maioria dos casos foi identificada através de serviços de atendimento a pacientes com HIV, serviços de saúde sexual ou unidades de cuidados de saúde primários e envolveu principalmente, embora não exclusivamente, homens que fazem sexo com homens. O alerta epidemiológico insta as autoridades sanitárias do país “a continuarem a vigilância com base em testes laboratoriais e na notificação oportuna de casos confirmados e prováveis”. A vigilância genômica também é fundamental para determinar as variantes circulantes e a sua evolução.
Possíveis casos de Mpox devem evitar contato com outras pessoas e buscar exames para confirmar o diagnóstico, seguido de manejo clínico dos sintomas.
No alerta, a OPAS lembra aos Estados-Membros que os esforços devem concentrar-se na “detecção e diagnóstico precoce, isolamento e rastreamento de contatos”. Embora a vacinação possa ajudar a prevenir a infecção de pessoas em risco, “a vacinação em massa contra Mpox não é necessária nem recomendada”.
A OPAS também recomenda a divulgação de mensagens de saúde pública para informar e educar as populações-alvo, incluindo o pessoal de saúde e as populações com maior prevalência de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), principalmente, mas não exclusivamente, homens que fazem sexo com homens, para melhorar o reconhecimento precoce de sinais e sintomas.
Em 23 de julho de 2022, o Diretor-Geral da OMS determinou que o surto multinacional de Mpox constituía uma emergência de saúde pública de interesse internacional (ESPII). O número de casos notificados em nível mundial atingiu o pico em agosto de 2022 e iniciou um declínio constante até abril de 2023. Em 11 de maio de 2023, após uma redução significativa na propagação global, o Diretor-Geral determinou que o evento já não constituía uma ESPII.
A varíola continua sendo uma preocupação global de saúde pública, com casos e surtos ainda sendo relatados em todo o mundo. Em junho de 2024, 26 países notificaram mais de 930 casos e 4 mortes em nível mundial.
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